Inês Jácome: “Foi nos eventos que me reencontrei”
29-04-2025
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Senior Event Manager na Btrust começou a carreira na área do jornalismo, mas o sonho dos eventos falou mais alto.
Com uma licenciatura em Comunicação e uma pós-graduação em Jornalismo, foi nestas duas áreas que Inês Jácome iniciou o seu percurso profissional. O primeiro encontro com os eventos aconteceu quando integrou a equipa do pavilhão da UE na Expo’98, em Lisboa.
Ficou o “‘bichinho’, através do contacto com milhares de pessoas”. “Mesmo sem dar conta na altura, tomei conhecimento sobre como funcionam os serviços nos bastidores, a azáfama dos serviços de catering, a logística de transporte, a arte de bem receber, a preparação para a abertura e o mundo enigmático do pós-evento”, conta.
A mudança de área para os eventos viria mesmo a acontecer, apesar de Inês Jácome reconhecer que foi “muito feliz na área de jornalismo e comunicação”.
“Foi nos eventos que me reencontrei, regressada da Austrália, após realizar outro sonho. Na The Dreamery e na Btrust pude crescer, trabalhando com empresas profissionais feitas de pessoas com uma humanidade e generosidade enormes”, afirma.
A gestora e coordenadora de eventos considera ser “um privilégio” ter conseguido encontrar uma área profissional que lhe permite conjugar as “experiências profissionais e formativas”.
“É importante para mim ser uma atividade que me oferece um balanço equilibrado para poder continuar a viajar, fonte de inspiração para conceitos, ideias frescas e perspetivas inspiradoras que trago de volta para os eventos que idealizo e concretizo”, explica.
Um “desrespeito ético” pelo trabalho das agências
Para Inês Jácome, todas as fases de produção de um evento são cativantes: “Conhecer pessoas, desenvolver conceitos, estimular a criatividade, a comunicação entre todos os envolvidos, a produção, a concretização das ideias, a criação de boas memórias, a satisfação dos clientes e os sorrisos”.
Até no pós-evento diz encontrar “felicidade”. “Há sempre um momento na entrega do evento onde pareço abandonar o próprio corpo e me observo vendo tudo de fora a funcionar, com o orgulho de uma mãe que lambe a cria”, sublinha.
Em sentido contrário, na realização de um evento a Senior Event Manager na Btrust não gosta da “combinação da obsessão com o preço com uma falta de verticalidade de alguns agentes envolvidos”.
Segundo Inês Jácome, “parece haver um falso entendimento de que o valor de uma produtora de eventos é na sua entrega apenas”, considerando que é “menosprezado o trabalho preparatório de seleção e a aplicação inerente do conhecimento adquirido em décadas de experiência no setor”.
“Certos clientes baralham o que recebem das várias propostas para voltar a dar, entregando partes do nosso trabalho a outras agências. É um desrespeito ético que me ofende e magoa”, acrescenta.
Momentos felizes e hilariantes
A “capacidade de adaptação cultural e de processos de trabalho” exigida num evento realizado para uma empresa multinacional na Alemanha -“um grupo composto por europeus do sul ao norte, sul-americanos, asiáticos, africanos e até neozelandeses” -faz com Inês Jácome escolha esse evento como o mais marcante em que já esteve envolvida.
“Torna-se assim marcante quando a nossa capacidade para nos testarmos nos mais entranhados hábitos e métodos de trabalho nos permite melhor reconhecer os gostos e preferências de todas essas partes interessadas no evento, para que as peças desse ‘relógio estrangeiro’ funcionem na perfeição”, justifica.
Nos últimos anos, incluindo o tempo em que trabalhou na gestão de eventos como freelancer, Inês Jácome tem somado boas memórias em eventos e na preparação deles, como aconteceu em Espanha, depois de três semanas a conduzir uma mota “por montanhas, desertos e cidades no norte de África”, começa por contar.
O inédito aconteceu quando parou no local onde pretendia realizar um evento para “uma das maiores empresas energéticas ibéricas” e a diretora da unidade hoteleira ficou “surpreendida por ter à sua frente alguém de capacete na cabeça e equipada como se a uma ‘SWAT team’ pertencesse”.
“Acabámos a rir juntas, derrubando barreiras e compreendendo como a dimensão relacional é fundamental para este setor, que a experiência plena não é possível sem ir ao terreno, sem mergulhar, sentir as pessoas, ver com os próprios olhos e deixar que vejam os nossos”, recorda.
Na opinião de Inês Jácome, “boas histórias surgem quando diferentes planos da vida se confrontam — o lado pessoal com o profissional, o sério com o brincalhão, o metódico com o descontraído”.
Ver o líder “de uma grande empresa” a dançar “com um tutu de bailarina na cabeça” junto da equipa que liderava é outro dos momentos que guarda na memória. “Mais do que hilariante, diria que foi um momento particularmente feliz”, afirma a gestora e coordenadora de eventos.
Viajar de mota, esquiar na neve, tirar um tempo para videojogos, para dormir e para desfrutar de uma sessão de streaming são as atividades preferidas de Inês Jácome para conseguir ‘desligar’ depois de um grande evento.