Um Caminho por descobrir

Reportagem

05-11-2021

# tags: Caminho de Santiago , Team Building

É comum dizer‑se que o caminho se faz caminhando mas, no que respeita ao Caminho de Santiago, o setor dos eventos está ainda nos passos iniciais do percurso.

Em ano de Xacobeo, cresce a perceção de que é necessário “pôr pés ao caminho” e não perder uma boa oportunidade para o turismo nacional e para a dinamização de territórios. E o MICE? Por enquanto, não parece haver uma estratégia. Até quando? Foi o que tentámos descobrir neste dossier temático.

Pelos caminhos de Portugal

É uma tradição de 12 séculos que todos os dias conduz pessoas de todo o mundo ao túmulo do apóstolo Santiago. Movidos pela fé ou vontade de descoberta interior, atraídos pelo desafio ou pela beleza das paisagens, muitos percorrem este caminho que é, afinal, feito por vários caminhos, todos com um único destino: a catedral de Santiago de Compostela.

A proximidade geográfica atrai, desde há muito, caminheiros portugueses. As vias romanas terão sido os primeiros caminhos para chegar a Santiago, percorridos sobretudo a partir do Norte e do litoral, regiões onde o Cristianismo estava já enraizado.

Os caminhos portugueses que levam a Santiago têm também sido descobertos por peregrinos de vários países. Desta descoberta beneficia também o turismo nacional e, consequentemente, os locais que o caminho atravessa.

Os municípios, comunidades intermunicipais, entidades de turismo e o próprio Turismo de Portugal já perceberam a importância estratégica deste caminho como forma de promover Portugal e os seus territórios. Mas parece faltar ainda a “cereja no topo do bolo”: canalizar esse potencial para o setor corporativo, empresarial e MICE.

2021 será o ano da mudança? Tem, para já, uma vantagem acrescida: é ano de Xacobeo. Algo que acontece quando o dia de Santiago (25 de julho) coincide com um domingo. E este Xacobeo é ainda mais histórico. Devido à pandemia, o Ano Xacobeo vai prolongar‑se também por 2022. O que significa que, embora num contexto que é ainda de incerteza e de restrições, a oportunidade é ainda maior.

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Potencial de procura nacional e internacional

“Os Caminhos de Santiago fazem parte do projeto de estruturação de produto turístico ‘Caminhos da Fé’ do Turismo de Portugal, que contempla ainda os Caminhos de Fátima e a Herança Judaica como dimensões de oferta turística associada à fruição do património cultural e natural do país, numa ótica espiritual e de descoberta interior ‑ as quais têm potencial de procura nacional e internacional”, lembra Teresa Ferreira, diretora do Departamento de Dinamização da Oferta e dos Recursos do Turismo de Portugal.

A entidade salienta a certificação do Caminho Português de Santiago Alentejo, ao abrigo do Decreto‑Lei nº 51/2019, e refere que “a Comissão de Certificação, de que faz parte a DGPC [Direção Geral do Património Cultural] e o Turismo de Portugal, tem em curso a análise de mais alguns processos de certificação que a curto prazo se prevê estejam concluídos, consolidando a dimensão histórica e cultural que os Caminhos de Santiago refletem no território”.

E se esta é uma abordagem “macro” à importância do Caminho (ou caminhos), existe um trabalho feito no terreno que é igualmente reconhecido pelo Turismo de Portugal e que tem sido essencial. “Os territórios souberam organizar‑se num trabalho de parceria, segundo vários modelos, mas destacamos o papel das Entidades Regionais de Turismo, dos municípios, das CIM e da Federação Portuguesa dos Caminhos de Santiago no estudo dos itinerários históricos, levantamento do estado dos mesmos e necessidades de intervenção e de sinalização. Há empenho na estruturação das ações a desenvolver tendo em vista a preservação e valorização do património ao longo do Caminho e na definição de um plano de gestão com um horizonte de execução a três anos”, destaca Teresa Ferreira. Feito esse trabalho de valorização e de criação de boas condições para os peregrinos, é importante fazer a divulgação. “A comunicação e marketing são funções necessárias à medida que os Caminhos se mostram estruturados na oferta de pontos de apoio ao peregrino, no desenvolvimento de oferta de alojamento e na disponibilização de programas pelas empresas de animação. Neste plano, o Turismo de Portugal, em articulação com as Entidades Regionais de Turismo e Agências Regionais de Promoção Externa, desenvolverá ações de promoção dos caminhos certificados”, garante o Turismo de Portugal.

Um apoio que se estenderá também às empresas de animação turística na promoção dos seus programas. A convicção é de que, “à medida que os Caminhos se mostram sinalizados, valorizados, com informação cartográfica de rigor e informação cultural de apoio, mais facilitada ficará a atividade das empresas de animação”. Já no que respeita ao potencial do Caminho para grupos corporate, nomeadamente através de ações de team building ou team bonding, defende‑se que “deverão as empresas organizadoras desse tipo de eventos encontrar a melhor fórmula, em função do perfil dos seus clientes e não desvirtuando o sentido de fruição do Caminho”.

“Não podemos perder esta oportunidade”

A perceção da importância do Caminho levou a que a Comunidade Intermunicipal do Tâmega e Sousa (CIM do Tâmega e Sousa) ‑ que juntamente com as CIM do Alto Minho, do Ave, do Cávado e do Douro foi responsável pelo projeto do Caminho de Torres ‑ tivesse organizado, em junho, o 1.º Congresso Internacional do Caminho de Santiago: Caminho de Torres.

Este evento, que decorreu online e de forma presencial no Centro Cultural de Amarante, contou com a participação de especialistas nacionais e internacionais do Caminho de Santiago.

“Não podemos perder esta oportunidade”, afirmou Luís Pedro Martins, presidente do Turismo do Porto e Norte de Portugal (TPNP), numa ideia que pode sintetizar a já referida perceção de que se vive um momento crucial para promover a ligação portuguesa ao caminho de Santiago.

O responsável lembrou que Portugal começou o processo de certificação dos caminhos com algum atraso em relação aos outros países.

A estratégia está traçada e passa por valorizar os caminhos portugueses de Santiago, promover a fruição e o acesso às populações locais e aos turistas, bem como a acessibilidade e a utilização correta e responsável dos caminhos. As linhas de ação, em que se destaca a promoção e divulgação, incluem igualmente a identificação e conhecimento do território, o levantamento do trabalho já realizado e a estruturação da oferta e investimento.

Luís Pedro Martins assegurou que os caminhos portugueses de Santiago vão integrar a promoção junto de mercados prioritários, que incluem o Brasil e os EUA.

Toda esta estratégia terá o envolvimento obrigatório de setores como a restauração, empresas de animação, agências de viagem e alojamento, entre outros.

A vertente turística não poderá desvirtuar a espiritualidade e terá obrigatoriamente de ser feita sem prejudicar as comunidades. Mas a intenção é que seja realmente uma ideia enriquecedora para criar o desejo de voltar a percorrer o Caminho.

A estratégia de promoção do Caminho agrega também outros produtos, como os Caminhos da Fé, Rota do Românico, Portuguese Trails, Rota dos Vinhos e do Enoturismo do Porto e Norte de Portugal ou as Termas do Porto e Norte de Portugal. No fundo, salienta o responsável, é a constatação de que todos os produtos do TPNP são [trabalhados] em rede.

O futuro passa também por um projeto conjunto do TPNP e INESC TEC, apresentando uma candidatura que permita com a Google realizar o Street View nos Caminhos de Santiago. “Vai ser a primeira região europeia com esta ferramenta, alargando posteriormente ao resto do país”, diz o presidente do TPNP.

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E as empresas nacionais?

Há poucas empresas a trabalharem o Caminho de Santiago no nosso país na vertente corporate. O mais comum é fazerem programas à medida das solicitações. Mas não poderá o Caminho constituir‑se como uma interessante ação de team building? Ou uma atividade paralela de um congresso? Ou um incentivo inesquecível num dos percursos pedestres mais famosos do mundo?

Dependendo dos “objetivos da empresa e da qualidade do animador”, o Caminho de Santiago pode ser uma ação interessante de team building, refere Paulo Lopes, da Portugal Green Walks, uma empresa de animação turística que, há largos anos, disponibiliza uma série de programas em torno do Caminho. “Superação, entreajuda, resiliência, descoberta” são alguns dos valores que o Caminho pode aportar a uma ação de equipa.

Também Sónia Matos e Luís Guilherme Negrita, da Passa‑Montanhas, uma empresa que guia peregrinos no Caminho de Santiago, acreditam nos atributos do Caminho. “O Caminho de Santiago é uma atividade pedestre de vários dias que exige relativo esforço físico e mental, o que permite desenvolver em cada elemento ferramentas de foco, resiliência e superação. Em termos coletivos, a tolerância, a partilha e a entreajuda, a comunicação e a empatia pelo próximo são valores intrínsecos a uma atividade como esta, que ‘obriga’ também à assertividade na comunicação entre todos”, sublinham. E se o Caminho tem uma essência religiosa e espiritual, ele também é muito físico e mental. “Cada elemento, quando integrado num grupo/equipa/empresa, deixa de ver apenas o seu caminho pessoal e passa a ter uma responsabilidade sobre todo o grupo. Desenvolve assim, nas pequenas coisas, a partilha, o incentivo, a empatia, a tolerância, o espírito de pertença e também o de sacrifício, entre outros. Todos começam e acabam ao mesmo tempo e, mesmo respeitando os ritmos de cada um, o objetivo é chegar coletivamente à praça do Obradoiro (em frente à Catedral de Santiago de Compostela), o que proporciona uma sensação única de superação coletiva, num verdadeiro espírito de equipa”, referem.

Paulo Cavaleiro e Catherine de Freitas, da Try Portugal, explicam como faz sentido estabelecer a ligação entre team building e Caminho. “As ações de team building são habitualmente focadas na melhoria do clima organizacional, no aprofundamento dos relacionamentos internos e do espírito de equipa, ou mesmo na criação de dinâmicas que potenciem o desempenho, a transformação ou as mudanças organizacionais, com impacto no reforço da ‘cultura’ de uma empresa”, algo que casa bem com o Caminho que, “enquanto itinerário cultural e espiritual em natureza, envolve desafios ‘soft’ não estruturados e proporciona oportunidades que promovem a melhoria do autoconhecimento, o qual é essencial para o posicionamento e o progresso individual dentro de qualquer organização”. E lembram que, “apesar de não integrar atividades coletivas complexas e formais, o Caminho de Santiago motiva os viajantes ao encontro, à reflexão e à interação, com resultados práticos similares aos de qualquer ação de team building convencional e, porventura, com menor investimento...”Já Mabília Ferreira, da Osíris, agência de viagem e de eventos, acredita que apresentar o Caminho de Santiago só como um team building à partida de Portugal parece “curto”. “Parece‑me mais viável como uma extensão, aí sim faz sentido quer seja para os incentivos, como para os congressos”. Os pedidos de Caminho de Santiago são, de uma maneira geral, “em complemento a um incentivo que se realize no Porto”, lembra. E, nesse caso, são os incentivos dos países mais religiosos, como os da América Latina, que solicitam essa extensão.

Como incentivo, os responsáveis da Try Portugal sublinham a mística própria do Caminho que “foi migrando progressivamente do mito religioso para o nível da experiência pessoal, tanto espiritual como física e sensorial, abarcando a integração na natureza, o conhecimento do território, da cultura e das tradições das comunidades”. E por isso, no entender de Paulo Cavaleiro e Catherine de Freitas, “é claramente ‘um produto’ que se adequa à estruturação de programas de incentivo, valorizados desde logo pela projeção mediática de que o Caminho de Santiago tem vindo a beneficiar, agora acrescida pelo período de celebração do Ano Jubilar de Santiago, que decorre até 31 dezembro 2022”. E lembram também como a pandemia e o confinamento podem potenciar a aposta nos Caminhos, isto porque tiveram “o condão de sensibilizar os colaboradores para valores sociais, ambientais e culturais que se apresentam de forma evidente nos territórios do interior de Portugal ao longo da maior parte dos itinerários dos Caminhos, tornando‑os assim ainda mais apetecíveis para programas de incentivo elaborados por especialistas nesta temática.”

Oferta formatada?

A Portugal Green Walks não tem uma oferta formatada para o segmento corporate, “pois todas as atividades elaboradas para este segmento são personalizadas mediante os requisitos do cliente”, afirma Paulo Lopes. Para o responsável, esta pode ser também uma atividade paralela interessante para um congresso, “pois é uma forma diferenciada de dar a conhecer um produto com notoriedade mundial.” Os responsáveis da Passa‑Montanhas detalham um programa que fizeram para uma multinacional de IT. A consultoria da empresa incluiu aquisição de material, organização da mochila, sessões físicas de preparação prévia, alojamento, alimentação, transportes, seguros, entre outros itens. “Este programa contemplava também o suporte extra de um coach motivacional e de um fisioterapeuta, ambos disponíveis durante toda a atividade sob requisição dos interessados”, explicam. A pandemia impediu que o projeto fosse posto em prática.

Mabília Ferreira, da Osíris, explica que fazem incentivos e extensões a Santiago de Compostela. Aponta, no entanto, que os alojamentos nos itinerários são pequenos e normalmente à base de hostels, o que dificulta junto do público corporate. Mas, ainda assim, fazem incentivos utilizando o Caminho, adicionando aos percursos a pé, recepções, cocktails, pequenos eventos. Recentemente fizeram uma inspeção técnica no Porto e o CEO queria oferecer aos diretores uns dias extra no Caminho de Santiago, sendo este um claro exemplo da receptividade que pode existir do lado do cliente.

A Try Portugal tem um programa desenvolvido nos Caminhos de Santiago do Alentejo e Ribatejo, tendo, aliás, já realizado uma press trip internacional em setembro de 2020. E o programa pode muito bem ser uma atividade paralela a outro evento, “ainda que não na sua extensão completa, pois poderá tornar‑se demasiado exigente do ponto de vista físico sem uma adequada preparação. Normalmente será elaborado um roadbook e/ou disponibilizado o acompanhamento de um guia, de forma a que esta atividade, num troço terrestre de cerca de 10 km, proporcione a experiência, a descoberta (social, ambiental, cultural e espiritual) e o convívio que se requerem, de forma a valorizar a ação e a que não se confunda com um mero passeio em percurso pedestre”, sublinham Paulo Cavaleiro e Catherine Freitas.

A procura pelo Caminho ainda é “insignificante” ao nível corporate. “Enquanto ‘produto’ de base para empresas MICE e DMCs, os Caminhos de Santiago em Portugal só agora começam a ter programas estruturados disponíveis através de algumas agências especializadas, como a Try Portugal, pois só recentemente foi concluída a estruturação dos itinerários principais ao longo de todo o território nacional, agora em fase de certificação”, referem os responsáveis.

No entanto, é uma oportunidade. “Este é um produto extraordinariamente versátil e com alcance mundial, no qual Portugal tem vindo a adquirir fatores de competitividade em relação a Espanha, pelo que, para as empresas MICE e para as DMCs em geral, apresenta‑se como uma oportunidade de inovação na oferta complementar e na organização de eventos, tirando partido igualmente do investimento promocional que todas as entidades turísticas regionais e nacionais lhe vêm dedicando”. Os responsáveis lembram ainda as oportunidades de iniciativas transfronteiriças. O Caminho de Santiago é, para Paulo Lopes, “a aventura de uma vida”, uma “jornada de introspeção e transformação”. E em grupo “cria uma união e cumplicidade entre os elementos que perdurará no tempo”, referem Sónia Matos e Luís Guilherme Negrita. “’Especial’ não é o Caminho, mas sim o que o Caminho nos faz a nós”, rematam Paulo Cavaleiro e Catherine de Freitas.

Um mosteiro como paragem no Caminho

Fazer do Mosteiro de Leça do Balio, em Matosinhos, um ponto de introspeção para quem percorre o Caminho de Santiago e recuperar esse espírito de contemplação. Contemplação interior ou de um monumento anterior à própria nacionalidade, construído perto de uma antiga estrada romana e, por isso, testemunho de passagem de muitos peregrinos ao longo dos séculos. Este é o objetivo do Grupo Lionesa, que em 2016 adquiriu o mosteiro e que está, desde o início do ano, a fazer obras de reabilitação no local. A reabertura do espaço deverá acontecer na primavera de 2022, mas a zona envolvente terá, nessa altura, algumas novidades. O arquiteto Siza Vieira foi desafiado a criar uma escultura em betão branco com 400 m2. Vai surgir, então, o “Caminhante”, uma escultura que presta homenagem a todos os caminhantes e caminhos. Simultaneamente, e num trabalho conjunto com Sidónio Pardal, está a ser desenvolvido um jardim com 14 estações criadas para funcionarem “como um convite à pausa e à meditação”.

O propósito é “voltar a abrir o mosteiro à comunidade”, apostando sobretudo em três públicos‑alvo: escolas; amantes da arte, arquitetura e história; e peregrinos. Foi criada a Associação Monasterium para gerir o mosteiro e toda a sua parte cultural.

“O nosso objetivo é resgatar o mais antigo Caminho português, modernizando‑o e adaptando‑o a quem o procura. Um caminho ecuménico, que interpela a introspeção e sublinha o contemporâneo, quer seja na arquitetura, na cultura ou na gastronomia. Acreditamos que este projeto tem todo o potencial para ser o grande marco de um novo caminho nos Caminhos de Santiago – O caminho da arte”, explica Francisca Pinto, da Lionesa. Nesse sentido, estão a ser estabelecidos contactos com algumas entidades, para que possa ser dada continuidade ao conceito de criação de um produto cultural associando a arte aos Caminhos de Santiago.

Os caminhos nacionais

Caminho do Norte
Porto, Rates, Barcelos, Ponte de Lima e Valença

Caminho Interior
Viseu, Castro Daire, Lamego, Peso da Régua, Santa Marta de Penaguião, Vila Real, Vila Pouca de Aguiar e Chaves

Caminho Central Português
Lisboa, Alverca, Vila Franca de Xira, Azambuja, Santarém, Golegã, Tomar, Coimbra, Mealhada, Águeda, Albergaria‑a‑Velha, São João da Madeira, Grijó e Porto

Caminho Português da Costa
Porto, Vila do Conde, Esposende, Viana do Castelo e Caminha

Caminho de Torres
Salamanca, Sernancelhe, Lamego, Régua, Amarante, Felgueiras. Guimarães, Braga, Ponte de Lima e Valença

Caminho do Alentejo
https://www.caminhosdesantiagoalentejoribatejo.pt/mapas/


Fotos: Passa-Montanhas/Portugal Green Walk

 

© Cláudia Coutinho de Sousa Redação

© Olga Teixeira Redação

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