Diogo Pereira: “O futuro dos eventos é extremamente promissor”
30-07-2025
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Gestor de logística e eventos da Agência Espacial Portuguesa, Diogo Pereira soube, desde novo, que era nesta área que queria estar.
“Desde sempre soube que esta era a minha paixão”, afirma Diogo Pereira, que, ainda na escola, aproveitava qualquer oportunidade para organizar vários momentos, como festas de turma, torneios de futebol interturmas e até o baile de gala, “que era o epítome dos eventos do Secundário”.
Diogo Pereira conta que sempre gostou de estar envolvido nestas atividades, mas este “percurso alucinante no mundo dos eventos” só foi realmente iniciado em 2019. “Depois de diferentes experiências profissionais que me permitiram adquirir uma série de competências e moldaram o profissional que sou hoje, decidi fazer formação na área da aeronáutica. E foi nessa altura que surgiu a oportunidade na área profissionalizada dos eventos. Decidi aceitar o desafio e percebi que finalmente tinha encontrado a área profissional onde realmente me sinto realizado”, refere.
Diz que pode “parecer um clichê”, mas indica que o que mais o fascina na indústria dos eventos é “a imprevisibilidade e a energia que cada novo dia oferece de bandeja”. É que “nenhum projeto é igual ao outro, e cada desafio exige soluções criativas e inovadoras. A diversidade de clientes e as suas expectativas obrigam-nos a estar sempre um passo à frente, a reinventar estratégias e a encontrar abordagens únicas para cada situação.”
Além disso, acrescenta, “é um setor que exige atualização constante, acompanhando tendências, novas tecnologias e metodologias emergentes. Esta necessidade de evolução contínua torna o trabalho sempre estimulante e reforça, a cada experiência, a minha paixão por este mundo dinâmico e em constante mutação”.
Contudo, considera que “o setor ainda arrisca pouco”. “Replicam-se modelos já testados e comprovadamente eficazes, resultando em eventos que, apesar de cada vez mais numerosos, acabam por parecer variações do mesmo formato. Vemos uma proliferação de ‘summits’ e conceitos semelhantes, sem grandes inovações na estrutura”, comenta.
“Falta-nos explorar a criatividade de forma ousada, pensar além do convencional e criar experiências verdadeiramente diferenciadoras.” Entende que, “mesmo que isso traga desafios adicionais no início, são essas ruturas que impulsionam a evolução e tornam cada evento único e memorável”.
“Foram dias intensos, repletos de desafios, mas também de aprendizagens valiosas”
Dos vários eventos do seu percurso, Diogo Pereira destaca a sua primeira conferência com as Nações Unidas, “uma experiência marcante e desafiadora, que exigiu um nível de rigor e dedicação inigualáveis”.
“A organização de um evento desta magnitude exigiu uma atenção minuciosa a cada detalhe, desde a logística e o protocolo até à coordenação entre diferentes equipas e entidades internacionais. A fasquia era elevadíssima, assim como as expectativas de todos os envolvidos, tornando essencial a capacidade de gestão de tempo, tomada de decisões sob pressão e adaptação a imprevistos.”
Diogo Pereira conta que “foram dias intensos, repletos de desafios, mas também de aprendizagens valiosas”. E realça a oportunidade que teve de trabalhar com “profissionais altamente qualificados”, de absorver “conhecimento” e de aperfeiçoar “competências essenciais” para evoluir no setor.
“Esta experiência não só consolidou a minha paixão pela organização de eventos como também me permitiu crescer enquanto profissional, tornando-me mais resiliente, estratégico e preparado para enfrentar projetos de grande complexidade”, sublinha.
Dos momentos mais hilariantes recorda-se de um desafio que propôs a uma fotógrafa: que acompanhasse um operador de câmara numa viagem de helicóptero, mas que seria “um pouco mais ‘turbulenta’” do que o normal. “Ela aceitou sem hesitar, acho que sem se aperceber do tipo de viagem em que se estava a meter. Quando a vi aterrar, tive a certeza de que se tinha arrependido assim que levantou voo. Com um olhar mordaz e certamente com vontade de me chamar uns quantos nomes, disse-me que nunca mais ia na minha conversa”, conta.
E como são normais os momentos em que as coisas não saem como estão planeadas, Diogo Pereira lembra o primeiro dia de um festival em que milhares de pessoas aguardavam o início de um concerto de um famoso grupo português. O problema surge quando se ouve no rádio: “Malta, temos de começar a pensar numa solução, porque a mesa de mistura não arranca”.
Depois de uns minutos de impasse, foi feito um esclarecimento “para acalmar os ânimos”. Mas, “num rasgo de sorte, a mesa lá arranca e conseguimos dar início ao concerto, evitando aquilo que poderia ter sido o início do fim do festival”.
A evolução dos eventos “será impulsionada pela tecnologia”
Olhando para o futuro da indústria, Diogo Pereira acredita que, nos próximos anos, a evolução dos eventos “será impulsionada pela tecnologia”.
“A realidade aumentada e a realidade virtual, apoiadas por soluções de Inteligência Artificial transformarão a forma como vivemos os eventos, tornando-os mais interativos e imersivos. Vamos, assim, conseguir alcançar níveis de personalização cada vez mais avançados, dando resposta às expectativas dos participantes que procuram cada vez mais experiências adaptadas às suas preferências”, explica.
Considera também que, “a sustentabilidade continuará a ser uma prioridade, com os profissionais da área cada vez mais empenhados em adotar práticas responsáveis e em explorar soluções inovadoras que contribuam para eventos mais conscientes e sustentáveis”.
Além disso, adianta, “o desejo crescente das marcas de estabelecer uma ligação mais próxima e genuína com os seus consumidores reforça o papel dos eventos como instrumentos para criar experiências únicas fortalecendo o relacionamento entre marca e público. O futuro dos eventos é, certamente, extremamente promissor”.
Às novas gerações da indústria, Diogo Pereira diz para serem “curiosas” e que “estejam dispostas a aprender e a desafiar-se constantemente”. “A indústria dos eventos está em constante evolução, e é importante estar sempre atento às mudanças, às novas tendências e às novas tecnologias. Não tenham medo de experimentar ideias e abordagens diferentes, mesmo que isso signifique sair da zona de conforto”, frisa.
E deixa ainda outros conselhos. “Façam por desenvolver também uma boa capacidade de gestão de crise, porque imprevistos acontecem e é preciso saber lidar com eles eficientemente. O trabalho de equipa é fundamental, portanto, cultivem boas relações profissionais e aprendam com os outros. Por fim, lembrem-se de que a paixão pelo que fazem é o que os vai motivar a continuar, mesmo nos momentos mais desafiantes”, remata.

© Maria João Leite Redação
Jornalista