Jessie States: “Reunir pessoas de forma significativa ajuda as empresas a crescer”

Entrevista

15-10-2025

# tags: MICE , MPI , Eventos , IT&CM Asia

Jessie States, vice-presidente da MPI Consulting, orientou a sessão ‘Inside MICE: trends and data for strategic decision-making’, durante a IT&CM Asia 2025.

Na sessão, promovida pela Global MICE Collaborative – uma parceria entre a Meeting Professionals International (MPI), a International Association of Exhibitions and Events (IAEE) e a Society of Incentive Travel Excellence (SITE) –, Jessie States incentivou os participantes a adotarem dados e tecnologia para navegar pelo dinâmico cenário MICE.

Sobre os principais desafios que a indústria enfrenta hoje em dia, Jessie States contou à Event Point que estes passam por “pensar em como o design das experiências mudou e como as expectativas do público também são diferentes”.

Lembra que há imensa conexão, educação e partilha de conhecimento em ambiente digital, pelo que as pessoas já não esperam só isso quando vão a um evento. “O que as pessoas querem é significado, conexão, pertença, envolvimento. E conceber para essas coisas é realmente diferente de conceber para a forma como as experiências presenciais costumavam ser”, afirma.

Há ainda os desafios orçamentais, socioeconómicos, geopolíticos, que têm um impacto direto na indústria dos eventos. “Isso afeta as decisões que as empresas tomam quando organizam reuniões e eventos. E esses desafios específicos podem significar que as organizações estão a suspender ou a recuar” em algumas das suas iniciativas.

Para responder a esse cenário, “a coisa mais importante que os profissionais de MICE podem fazer é ter em mãos os dados que comprovam que reunir pessoas de forma significativa ajuda as empresas a crescer, independentemente do que esteja a acontecer no mercado em geral, no ambiente empresarial, com os governos e outros desafios que o mundo enfrenta”.

Jessie States recorda que as empresas que reduziram as suas reuniões, durante a recessão global, “não avançaram tanto quanto as organizações que continuaram a realizar reuniões e eventos”. “Portanto, sabemos que, embora as empresas queiram evitar riscos, queiram recuar, queiram apenas esperar para ver, as empresas que fazem isso não terão um desempenho tão bom quanto as suas concorrentes que continuam a realizar reuniões e eventos”, acrescenta.

E a Global MICE Collaborative pode ajudar nisso, através da educação. “Quando se é bem-sucedido na organização de eventos, que são significativos para as partes interessadas”, estas vão “ver esse sucesso como a razão para continuar a fazer negócios”.

“Portanto, a melhor coisa que os profissionais de MICE podem fazer é organizar reuniões incrivelmente bem-sucedidas. E, para isso, é preciso estar a par das tendências, tem de saber o que o mercado procura, tem de estar a par das melhores práticas na forma como se concebem experiências significativas. E só se pode fazer isso sendo o melhor no que se faz”, e isso acontece “através do desenvolvimento profissional”, adianta.

“Já não precisamos de ser tão exigentes com os nossos participantes”


As principais tendências da indústria passam por “criar experiências em que as pessoas queiram participar, onde se possam sentir realizadas”. Assim, “a personalização é fundamental. Cada indivíduo que vai a um evento está à procura de algo um pouco diferente dos outros. Então, quanto mais conhecermos o público, quanto mais conhecermos os participantes, melhor seremos capazes de criar uma experiência que seja significativa”, sublinha.

E também já não há espaço para agendas lotadas como antes. “Não podemos trabalhar das oito às seis todos os dias, o dia inteiro, e esperar que os nossos participantes se conectem uns com os outros, tenham conversas significativas e retenham todo o conhecimento que estão a adquirir sem tempo para descansar”.

Por isso, é necessário espaço para respirar. “Temos de incorporar isso nas nossas agendas: tempo para as pessoas simplesmente descansarem, refletirem, explorarem a cidade, encontrarem-se com os seus colegas, verificarem o trabalho ou contactarem as suas famílias”, explica.

Para Jessie States, “já não precisamos de ser tão exigentes com os nossos participantes. E isso influencia o bem-estar e a saúde. É como criamos uma experiência em que as pessoas saem em melhor estado do que quando chegaram, e isso não significa apenas que elas estão a sair com novos conhecimentos, novos parceiros de negócios, contratos assinados ou produtos comprados. Significa que elas são pessoas melhores, indivíduos melhores, mais felizes, mais saudáveis. Por isso, o bem-estar desempenha um papel importante”.

*A jornalista viajou a convite da IT&CM Asia

© Maria João Leite Redação