Diversidade e charme no país do mate

12-09-2019

# tags: MICE , Uruguai , Meetings Industry , Destinos , Viagens

Talvez seja diversidade a palavra que melhor descreve o Uruguai em termos turísticos.

No espaço de escassos quilómetros as diferentes paisagens sucedem‑se, assim como as maravilhas históricas. Pelo que para incentivos o país tem uma oferta super abrangente em termos de natureza, de observação de aves, de turismo de aventura e náutico. O Uruguai é também conhecido pelos vinhos, pelo mate (um chá estimulante que é praticamente companhia de todos os uruguaios) e gastronomia. A famosa parrillada (carne assada) e o marisco fazem as delícias de quem visita este país pacato e amistoso, politicamente estável, e que conta, segundo o Banco Mundial, com a maior população de classe média do mundo.

É na capital, Montevideu, que se concentra uma grande parte da oferta MICE, contribuindo para o sucesso do país neste setor. A capital encapsula alguns dos aspetos que diferenciam o Uruguai: segurança, acessibilidade e conectividade.

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Legado português

A uma hora de Buenos Aires, por barco, pelo famoso Rio da Prata, Colónia de Sacramento é uma das regiões mais charmosas do país, mas o que muitos desconhecem é que tem fortes ligações a Portugal. Foi fundada a mando do Império Português, por Manuel Lobo, em 1608, e foi trocando de mãos ao longo da história entre portugueses e espanhóis, tendo chegado a fazer parte do Brasil. Os materiais com que se construíam as casas, as cores, a calçada são testemunhos da presença dos portugueses nesta cidade que, desde 1995, é Património Mundial da UNESCO.

Novos venues

Em 2018, o Uruguai recebeu 248 congressos, dos quais 74 foram internacionais. O país encontra‑se no lugar 49 da ICCA (International Congress and Convention Association). O Antel Arena e o Punta del Este Convention Center são dois dos principais venues que existem no Uruguai. O primeiro data de 2018, está localizado em Montevideu, e tem capacidade de receber concertos, eventos desportivos e congressos até 12 mil pessoas. Com uma área de 12 mil hectares, o Punta del Este Convention Center dispõe de um pavilhão com 6.700 m2 e mais de 60 mil de espaço exterior.

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Sete perguntas a Benjamin Liberoff, Vice‑Ministro do Turismo no Uruguai

Quais são as principais potencialidades do Uruguai para o setor MICE?

Hoje o sector MICE está à procura de novos destinos, com certas características de segurança, de vivência de experiências, e de ter a oportunidade de conhecer os países e a região. No caso do Uruguai, estamos a duas horas e meia de outros destinos, como São Paulo, Rio de Janeiro, Santiago do Chile, Foz de Iguaçu. Por outro, trata‑se de um país pequeno que permite em 300 kms ter acesso a natureza, avistamento de aves, adegas, experiências gastronómicas, arquitectura, fazendas. Cremos que isso facilita o desempenho neste setor, juntamente com dois novos venues especializados para eventos, Punta del Este Convention Center e Antel Arena. Do ponto de vista da infraestrutura, esta permite receber congressos para 2.500 pessoas sem nenhum problema. A Antel Arena recebe 6 ou 7 mil pessoas. Temos uma coisa que procura ajudar à organização de eventos e que é: em todos os serviços relacionados com eventos não se cobra IVA. Parece‑me um bom mix: a experiência, a infraestrutura e os benefícios fiscais.

Dentro do Uruguai quais são os destinos MICE mais importantes?

Claramente Montevideo, seguido por Punta del Este, Colonia del Sacramento também tem facilidades, bem como Rivera, que fica na fronteira do Brasil.

Comparando com outros países da América Latina, como caracterizaria o Uruguai em termos de segurança?

De acordo com a opinião dos turistas, o Uruguai é um país muito seguro, pode transitar‑se por Montevideo, por Punta del Este, sem nenhum tipo de inconveniência, e verificamos isso quer nos eventos, quer nos cruzeiros. Os incidentes são poucos. E o Uruguai tem uma segurança, de que normalmente não se fala tanto, que é a segurança alimentar e sanitária. É possível beber água da torneira em qualquer lugar. Produto de políticas nacionais, o Uruguai mudou a sua matriz energética. Hoje há mais de 250 dias por ano em que o conjunto de energia é de caráter renovável, e isso influencia a qualidade de vida e quem quer organizar eventos tem empatia por este tipo de coisas.

Quais são os mercados prioritários para o Uruguai?

Eventos latino‑americanos, ibero‑americanos ou hispano‑americanos. Temos entre 55 e 60 eventos no ranking da ICCA ao largo dos últimos anos e esse é o standard que temos. Todos sabemos que há cada vez mais competição, e assim manter esse número é para nós uma demonstração de que o país tem uma reputação importante e que é procurado para eventos.

Que políticas estão em marcha para manter este bom desempenho do Uruguai?

Temos desde há vários anos algumas linhas de atuação. Uma delas é trabalhar com entidades profissionais uruguaias que participam em congressos; depois com os profissionais que são membros de bureaux, de hierarquias em organizações internacionais; em terceiro lugar trabalhamos com as estruturas do próprio Estado, porque há uma parte substancial dos eventos internacionais que têm que ver com atividades do Estado. E temos uma área a que chamamos SOS Eventos, através da qual as organizações profissionais, ou os OPC, preenchem uns formulários – antecedentes dos eventos, participação, emprego que geram, investimento potencial, a área do evento (há áreas que são prioritárias: energias renováveis, telecomunicações, educação à distância, digital) ‑, e de acordo com isso damos algum dinheiro à organização para ir captar o evento. Neste âmbito, temos uma bateria de incentivos e de facilidades para apoiar a captação de eventos. Depois, juntamente com a Argentina, Paraguai e Chile estamos a candidatar os nossos países a receber o Campeonato do Mundo de Futebol 2030. O primeiro campeonato realizou‑se em 1930 no Uruguai, e o Uruguai foi campeão, e a FIFA já determinou que vai haver uma celebração, pelo que estamos a tratar de que a celebração seja de alguma maneira com um Campeonato do Mundo.

Qual é o peso do MICE no turismo do Uruguai?

Mais ou menos 5 a 8 por cento.

Há dados quanto ao número de turistas portugueses que visitam o Uruguai?

Não chegam a 10 mil por ano. Tanto a Air Europa como a Iberia têm bastantes conexões com o Uruguai e há uma conexão muito ampla entre Portugal e Espanha. Nós promovemos o Uruguai como um multidestino, como parte de um circuito. Para os portugueses, que vão muito ao Brasil, a possibilidade de ampliarem o circuito, desde São Paulo, Porto Alegre, uma vez que o Atlântico já foi cruzado, é uma estratégia. É aí que me parece que temos uma oportunidade.

Cláudia Coutinho de Sousa

© Cláudia Coutinho de Sousa Redação