Greenwashing, “greenwatching” e a sustentabilidade nos eventos!

Opinião

02-04-2024

# tags: Meetings Industry , Sustentabilidade

Num mundo cada vez mais consciente do impacto ambiental das atividades humanas, a procura por práticas sustentáveis tornou-se uma prioridade em diversas indústrias.

A indústria de eventos não é exceção, e recentemente, projetos como o CUIDA EVENTO têm surgido com a promessa de minimizar o potencial impacto negativo dos eventos. Contudo, surge a questão crucial: estamos a testemunhar uma verdadeira revolução verde ou uma estratégia astuta de marketing conhecida como greenwashing?

 O greenwashing é uma prática preocupante em que empresas, ao invés de adotarem práticas ambientalmente responsáveis, optam por criar uma fachada de sustentabilidade. Muitas vezes, essas organizações utilizam rótulos ecológicos enganosos, promovem iniciativas pouco transformadoras e manipulam informações para ocultar práticas não sustentáveis.

 Não menos preocupante é o “greenwatching”. Um palavrão que utilizamos para definir a prática de observar passivamente as mudanças ambientais e desafios sustentáveis sem tomar medidas significativas para atenuá-los. Representa uma atitude de espetador, onde as organizações estão cientes dos problemas ambientais, mas optam por não se envolver ativamente em ações que promovam a sustentabilidade.

 Em 2024, a sustentabilidade ganha destaque. Reduzir o desperdício e adotar práticas mais ecológicas serão prioridades, elevando o compromisso com o planeta. Este será certamente um elemento de destaque para as marcas, que não deve ser descurado.

 Como respostas a esta preocupação crescente, surgem projetos como o CUIDA EVENTO, lançado pela CRIAVERDE em parceria com a SINAMBI/ENVI ENERGY no evento “Reinvent the Event”, que permite minimizar o seu impacto sobre o meio-ambiente. No entanto, a verdadeira revolução verde nos eventos exige mais do que simples cálculos de pegada de carbono e plantio de árvores. Envolve um compromisso real das marcas e das organizações com práticas sustentáveis, desde a seleção de fornecedores até à gestão de resíduos e o uso eficiente de recursos. Marcas verdadeiramente sustentáveis integram a responsabilidade ambiental no seu ADN e adotam medidas tangíveis que vão além da mera compensação. É imperativo que essa consciencialização se traduza em ações substanciais e não apenas em discursos vazios sobre a proteção do meio ambiente.

 O futuro dos eventos e a sustentabilidade estão entrelaçados de maneira inextricável. As expetativas dos consumidores estão a evoluir, e as empresas que não abraçarem práticas genuinamente sustentáveis arriscam perder a confiança e lealdade do seu público. Esta evolução requer à indústria de eventos transparência, responsabilidade e a coragem de ir além das soluções superficiais. Só assim será possível fazer a diferença, e só assim será possível as marcas diferenciarem-se.

 Em última análise, a escolha está nas mãos dos consumidores e das organizações envolvidas na realização de eventos. Podemos abraçar um futuro onde a sustentabilidade não é apenas uma moda passageira, mas uma parte integrante de como concebemos, planeamos e realizamos eventos. A decisão é nossa -e o planeta está a observar-nos atentamente.

© Cristiana Pacheco Opinião

CEO SINAMBI, Engenheira do Ambiente e Co-fundadora Projeto “Cuida Evento”
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