Congresso da APAVT: “Fazer o que ainda não foi feito”

Reportagem

08-12-2022

# tags: Açores , APAVT , Congressos , Sustentabilidade

Este foi o desafio lançado por Nuno Fazenda na abertura do 47º Congresso da APAVT, “Fazer o que ainda não foi feito”, naquela que é a primeira intervenção pública do novo Secretário de Estado do Turismo, Comércio e Serviços.

Na abertura do Congresso da Associação Portuguesa da Agências de Viagens e Turismo (APAVT), em São Miguel, nos Açores, o novo Secretário de Estado do Turismo, Comércio e Serviços (SETCS), Nuno Fazenda, citou, não Jorge Palma, mas Pedro Abrunhosa, desafiando: “Vamos todos fazer o que ainda não foi feito”.

E porque o lema deste Congresso é 'fazer', Nuno Fazendo anunciou que o governo vai “disponibilizar, nos primeiros dias de janeiro, uma nova Linha - a Linha Consolidar + Turismo, com uma dotação de 30 milhões de euros, com gestão do Turismo de Portugal e direcionada às micro e pequenas empresas do setor, que apresentem dificuldades em gerir dívida contraída, designadamente, durante a pandemia”. Acrescentando que, “Com esta linha, as empresas poderão financiar-se junto do Turismo de Portugal, sem juros, para liquidação de parte dos reembolsos devidos aos Bancos durante o ano de 2023, com um prazo de carência de 2 anos e um prazo de reembolso total de 6 anos. Isto permitirá às empresas suavizar e alongar no tempo as suas necessidades de capital”.

O governo vai assegurar, ainda este ano, “a concretização da medida de Reforço do Programa Apoiar, acordado com a Confederação do Turismo Português, em outubro passado, no contexto do Acordo para a Melhoria dos Rendimentos, dos Salários e da Competitividade”. “Trata-se da disponibilização de um valor de 70 milhões de euros para as empresas do setor, a fundo perdido, que reforça os valores já recebidos no âmbito do Programa Apoiar”, explicou Nuno Fazenda.

Só estas duas medidas representam globalmente 100 milhões de euros para as empresas. E os anúncios não se ficaram por aqui. O governo “está já a trabalhar”, diz o SETCS, “no sentido de assegurar um quadro de outras linhas de apoio às empresas e que anunciaremos no 1.º trimestre do próximo ano”. E destacou ainda que, nos fundos europeus, “as empresas e o turismo são prioridade”. Prova disso, afirma Nuno Fazenda, “O financiamento às empresas aumenta 90% do ‘Portugal 2020’ para o total das verbas previstas no ‘Portugal 2030’ e no PRR”, frisando que “é um aumento de 90% dos apoios às empresas no âmbito do próximo ciclo de fundos europeus”.

No PRR, deverá ser assinado em breve o contrato da ‘Agenda Acelerar e Transformar o Turismo’. “Trata-se de um investimento de 151 milhões de euros com investimentos de natureza empresarial, muito importantes na transição climática e digital”, conclui o secretário de Estado.

Um agradecimento a Rita Marques


O presidente da APAVT, Pedro Costa Ferreira, aproveitou esta sessão de abertura do Congresso para “expressar agradecimento e admiração quanto ao trabalho absolutamente excecional” de Rita Marques, Secretária de Estado do Turismo cessante. “Por agora, em nome dos agentes de viagens, só queremos dizer obrigado. E sim, obrigado soa-nos a todos insuficiente”, lembrando que ela “esteve ao leme no momento mais difícil das nossas vidas empresariais, e só me ocorre dizer que sem ela não teríamos conseguido chegar a porto seguro”.

Pedro Costa Ferreira alertou depois para a ameaça que paira sobre “a liderança e competitividade” do turismo nacional, “pela situação anacrónica, vergonhosa e incapacitante, das acessibilidades aéreas de Lisboa”. Recordou que “Há mais de dez anos que acompanhamos esse processo”, e “temos boas e fundadas razões para não acreditamos numa decisão em 2023”. “E, não acreditando, resta-nos exigir que façam o que neste momento parece ainda possível fazer, que são as obras no aeroporto da Portela, permitindo melhorar a operacionalidade e eficiência desta infraestrutura. Senhores políticos, simplesmente deixem que as obras avancem. Não evitarão a vergonha, que se colou a todos os que contribuíram para a atual situação, mas pelo menos mitigarão as consequências deste processo tão trágico como ridículo”, afirmou.

“Continuamos a ser o motor da economia”


Nesta sessão de abertura houve outras intervenções. Francisco Calheiros, presidente da Confederação do Turismo de Portugal (CTP), lembrou que “continuamos [o turismo] a ser o motor da economia”, recuperando em 2022 aquilo que só se julgava possível conseguir em 2023, 24 ou 25. Disse ainda que no atual contexto não faz sentido lançar a discussão da semana de quatro dias, e que a única certeza que podemos ter sobre o próximo ano é a de que é uma incerteza.

Pedro Nascimento Cabral, presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada, falou no programa de eventos que estão previstos, ao longo de todo o ano, para atrair visitantes nacionais e estrangeiros, contrariando dessa forma a sazonalidade turística. Garantiu que o Alojamento Local na cidade está a crescer, e que foram emitidas novas licenças para a construção de mais hotéis. Referência ainda para aposta da autarquia na cultura como forma de recuperar e dinamizar o património de Ponta Delgada.

José Manuel Bolieiro, presidente do Governo Regional dos Açores defendeu um desenvolvimento sustentável para a região, acreditando que o arquipélago por ser um bom laboratório para testar aquilo que será o futuro, sublinhando que estão “muito longe de ser um destino massificado”. Garantiu ainda todo o empenho na reestruturação da SATA, preparando da melhor forma possível a sua privatização.


* A Event Point viaja a convite da APAVT