Rosa Costa: “A visita aos Açores não se encerra numa viagem”

Reportagem

06-03-2024

# tags: Açores , BTL , Feiras , Turismo , Conferências

Os Açores marcaram presença na BTL, promovendo-se como um destino para o ano inteiro e comunicando que a visita não se encerra numa viagem só.

‘Açores, todo o ano’. Foi este o mote com que o destino se apresentou na BTL – Bolsa de Turismo de Lisboa, numa ação estratégica de combate à sazonalidade. E para explicar como se enfrenta este desafio Rosa Costa, diretora regional do Turismo dos Açores, esteve à conversa com Rui Ochôa, diretor da Event Point, no âmbito da conferência ‘Destino Açores: Sustentabilidade como Pilar do Turismo’.

“Nos Açores, efetivamente, sempre tivemos uma sazonalidade muito marcada, sobretudo no inverno”, devido ao tempo “um pouco mais instável”, tendo-se criado a sensação de que “não era bom” visitar o arquipélago nessa altura. Mas “há que desmistificar esta ideia”, defende Rosa Costa. Não só não chove o dia inteiro, e nem sempre em todas as ilhas ao mesmo tempo, como a temperatura é “maravilhosa” e há imensas atividades para fazer.

Durante muitos anos, os Açores foram promovidos “como um destino de contemplação”. Hoje, “os Açores estão posicionados como um destino turístico de natureza, que promove atividades ao ar livre, com passeios pedestres, de bicicleta, no mar, com a observação de cetáceos, com o mergulho, com tantas outras atividades… E essas atividades podem fazer-se durante todo o ano”, explica.

E tendo em conta que a primavera, o verão e, parcialmente, o outono já estão “vendidos à partida”, todas as ações de promoção (visitas de inspeção, press trips, visitas de operadores turísticos) são encaminhadas para o inverno, para que os convidados possam “vivenciar o que é estar nos Açores nessa ocasião e para começarem a programar os Açores no inverno”.

“O mercado nacional é importantíssimo”


Muitas companhias aéreas já começaram a apostar nos Açores nessa época mais baixa. “Temos conseguido, desde 2021, trazer companhias aéreas de bandeira, como a Lufthansa, a Swiss Air, a Iberia, a Edelweiss, várias companhias aéreas de bandeira que começaram a voar diretamente para os Açores, dos seus mercados”; no início, “apenas nos meses mais fortes”, mas algumas operações já se foram alargando. “Estimamos que, no próximo ano, já conseguiremos ter algumas dessas companhias a viajar em alguns meses de inverno.”

De realçar os voos internacionais da SATA a partir de Barcelona e Paris, também no inverno, e o “desenvolvimento incrível” do mercado americano, com o reforço dos voos já existentes, a partir de Boston, Toronto e Nova Iorque.

Para os Açores, “o mercado nacional é importantíssimo, é o nosso maior mercado, desde sempre”, sublinha, lembrando que, por ser o “mercado de proximidade”, é preciso “continuar a investir nesta promoção”. Face ao cenário global de alguma instabilidade, “achamos que temos condições para continuar a receber o mercado nacional e que vai ser sempre uma descoberta”.

Esse trabalho junto dos visitantes também é feito online. Foi lançada recentemente a plataforma ‘Azores What’s On’, que reúne a informação dos eventos que estão a decorrer em todas as ilhas. Através dos eventos, da gastronomia, da cultura, “a ideia é, justamente, transmitir esta ideia positiva e verdadeira de que os Açores são efetivamente bons para visitar durante todo o ano”.

“Queremos promover os Açores no seu todo”


O arquipélago dos Açores é composto por nove ilhas e um outro desafio é distribuir os visitantes por todas elas. É por isso que a entidade de turismo comunica que “a visita aos Açores não se encerra numa viagem”. “Poderá haver a tendência de visitar inicialmente São Miguel, a Terceira, o ‘triângulo’, mas os Açores não se encerram numa viagem. Os Açores são um destino para repetir e para visitar várias ilhas”, continua.

Por isso, “queremos promover os Açores no seu todo” e a estratégia passa por enaltecer as riquezas, a identidade, “os atrativos de cada uma das ilhas, para que se promova mais do que uma visita aos Açores e a distribuição dos fluxos pelas ilhas”. E, já agora, “também dentro de cada uma das ilhas”, já que, na época alta, há, por vezes, uma concentração de turistas em alguns locais de maior visitação.

“Estamos a trabalhar em várias formas de gerir esses fluxos turísticos e uma das formas é, justamente, criar valor noutros locais da ilha, com outras atividades, com ligação a artesãos locais, a experiências gastronómicas”, indica Rosa Costa, lembrando que os Açores, além das já consolidadas rotas da Baleação, das Vinhas e dos Vulcões, contam com a nova Rota das Ligações Marítimas, apresentada na BTL.

“Não queremos promover mais os Top 5, os Top 10”; afinal, “as pessoas já sabem que vão visitar”. E acrescenta que a ideia é “promover outros locais”, fazendo com que os turistas deixem aí “mais valor” e promovendo também “o empreendedorismo nessas outras localidades”.

O trabalho do Turismo dos Açores em torno da sustentabilidade é já feito há vários anos. “É um trabalho de evolução, não é um trabalho terminado”, afirma, lembrando que o envolvimento dos parceiros, dos locais… “Envolvemos todos neste processo.” O feedback, a nível nacional e internacional, tem sido positivo, “por sermos uma região líder nesta senda da sustentabilidade”, pelo que “não podemos andar para trás; agora, só para a frente”.

De acordo com Rosa Costa, as perspetivas para este ano em termos turísticos são boas. “Temos vindo a aumentar substancialmente os nossos proveitos, o que quer dizer que estamos a conseguir trazer um tipo de turista que deixa mais valor.” Um dos objetivos é atrair um visitante “que fique mais tempo na região, com estadias mais longas, que deixe mais dinheiro, e com uma atitude respeitadora do nosso ambiente, da nossa sociedade, dos nossos locais”, conclui.

© Maria João Leite Redação