The World Battle 2025: os desafios de organizar um evento ‘multi’

Entrevista

09-05-2025

# tags: Desporto , Matosinhos , Festivais , Eventos , Porto

O The World Battle, festival de desporto e cultura urbana, regressa de 25 a 31 de agosto e esta edição vai decorrer no Porto e em Matosinhos.

A realização do evento em duas cidades é uma das principais novidades da edição deste ano. Max Oliveira, CEO da MXM Art Center e organizador do The World Battle, considera que este é um festival ‘multi’ e acredita que tem espaço para crescer ainda mais.

Mas organizar um evento que reúne atletas de várias nacionalidades (no ano passado, foram mais de 90), que tem a decorrer várias atividades em simultâneo e que acolhe milhares de visitantes (em 2024, foram 57 mil) traz alguns desafios.

A componente financeira é sempre uma das mais desafiantes. “Conseguir fazer e continuar a fazer omeletes sem ovos é difícil”, afirma Max Oliveira, que acredita que é o “desconhecimento” que não facilita a mobilização de apoios a um evento que requer cerca de 400 mil euros de investimento e que tem um retorno de 11 milhões de euros, de acordo com um estudo apresentado pela organização.

Max Oliveira entende que quem toma decisões a nível nacional “não sabe sequer que o evento existe”. E não é por falta de convite a essas entidades, conta. Contudo, não sendo “fácil”, o organizador do evento acredita que “é uma questão de tempo”. O The World Battle está a afirmar-se e, a trabalhar a este ritmo, Max Oliveira entende que ‘água mole em pedra dura, tanto bate até que fura’ e que os apoios vão acabar por aparecer.

Além do desafio dos recursos, o facto de o evento ser um “multi-stage place” – “multi-palcos, multi-venues, multi-sports, multi-atividades culturais, é tudo multi…” – torna a sua concretização ainda mais complexa. “É tudo multiplicado no trabalho que isso gera e na gestão das equipas”, refere, acrescentando: “As pessoas pensam como é que isto é possível, que estejam a acontecer cinco, seis, sete atividades ao mesmo tempo, em vários sítios ao mesmo tempo e, agora, em duas cidades ao mesmo tempo. E isso é realmente complicado.”

Internacionalização é uma possibilidade


Max Oliveira acredita que o principal legado do The World Battle é “a qualidade da performance” existente em Portugal e mostrar que existe capacidade de produção de um festival deste género no país.

“Acho que é esse o principal legado: o mundo a olhar para Portugal e dizer ‘os gajos são muito bons’, porque este evento, em qualquer pesquisa online, vai aparecer no topo dos eventos do género. Tudo o que é festivais de cultura, de desporto urbano, este evento está nos maiores do mundo, nos melhores do mundo, por vários sites da especialidade”, afirma, lembrando ainda a importância de mostrar “a capacidade de performance dos nossos atletas, que têm aqui um palco para eles e que se podem pôr à prova contra os melhores do mundo”.

A internacionalização do evento está a começar a surgir “como uma possibilidade de futuro”. Max Oliveira conta que há uma aproximação asiática, uma entidade que quer realizar em dezembro deste ano um ‘try-out’ no Japão e celebrar os 20 anos do evento que deu origem à The World Battle, com a realização de parcelas em dois dias. “Tenho a certeza que vão ser espetaculares.”

O organizador adianta que “há uma grande probabilidade de o evento depois deixar de se concretizar em Portugal, como final mundial”, porque “há quem, efetivamente, esteja disposto a colocar os ovos necessários para que isto seja feito com a dimensão a que se dispõe a fazer e que tem, eu diria, toda a potencialidade para fazer”, afirma. Contudo, “espero que não tenhamos que sair de Portugal, nem do norte de Portugal, pelo menos durante algum tempo”.

O The World Battle 2025, que se realiza no Porto e em Matosinhos, vai contar com mais de 15 modalidades em competição (breaking, skate, rope jump, surf, basket 3x3, graffiti, entre outras), workshops de dança, espetáculos de rap freestyle, exposições, moda e formação especializada.