Host Douro: A hospitalidade como ativo estratégico

Entrevista

13-08-2025

# tags: Eventos , Turismo

Pensar a hospitalidade, para que esta seja mais humana e mais consciente. É o que vai acontecer na primeira edição do Host Douro.

A iniciativa Host Douro decorre a 14 e 15 de setembro, em Lamego, numa organização da CIM Douro, composta por 19 municípios da região. Miguel Santos, secretário executivo desta comunidade intermunicipal, explica à Event Point que a questão da hospitalidade “não tem sido tratada como um ativo estratégico” e, por isso, há que haver uma reflexão e mudança.

Além disso a hospitalidade é um tema central para o desenvolvimento do território, afirma o responsável, e não se trata apenas de turismo ou restauração. “Nós estamos a tratar a hospitalidade, não como um tema fechado e dedicado apenas ao fine dining, ou à hotelaria de luxo, mas como um tema que tem que estar presente em todas as relações humanas e sobretudo na relação entre as entidades e o cidadão”, esclarece Miguel Santos.

O elenco de oradores, nacionais e internacionais, vai tratar de forma multidisciplinar o tema. “Por exemplo, na questão das neurociências, é importante termos o ponto de vista de especialistas dessa área”, uma vez que a hospitalidade “começa nas atitudes e no relacionamento entre pessoas”, refere o secretário executivo. “A escolha dos nossos convidados baseou-se nas visões transformadoras que têm para o acolhimento”, sublinha.

É também importante, segundo Miguel Santos, alargar a discussão ao setor público, de modo a elevar a qualidade da prestação de serviços do Estado aos cidadãos, “socialmente dávamos um passo em frente se considerássemos a hospitalidade como um ativo fundamental desse relacionamento”.


“A melhor forma de projetar o Douro é trazer cá as pessoas”


O evento vai decorrer no Teatro Ribeiro Conceição e os almoços no Claustro do Convento de Santa Cruz, em Lamego. “Lamego aqui surge como o início de um projeto que nós queremos que seja replicável no território nos próximos anos”, afirma Miguel Santos. O espaço onde decorrem as conferências “é magnífico”, mas o responsável lembra que nos 19 municípios que integram a CIM Douro há vários espaços para realizar eventos, aliás há algumas sessões paralelas a acontecerem noutros concelhos. A ideia de futuro é que o evento seja itinerante.

O Host Douro já tem cariz internacional, até devido à presença de vários oradores estrangeiros, mas não faz para já sentido realizar fora da região, “até porque a nossa comunidade visa sobretudo o desenvolvimento integrado do Douro”, esclarece Miguel Santos. “A melhor forma de projetar o Douro além fronteiras é trazer as pessoas ao Douro”, reforça.

O público-alvo do evento são os profissionais da área, decisores políticos e estudantes. A organização está “contente” com a adesão que a iniciativa tem tido. “Para nós seria importante, nesta primeira edição termos essa procura, sobretudo de pessoas de fora da região e, até este momento, é o que está a acontecer”, realça Miguel Santos.

Na perspetiva da organização, a primeira edição do Host Douro seria um sucesso se do evento saísse um conjunto de “considerações e recomendações sobre o que é a hospitalidade, uma espécie de manual de boas práticas que possa ser aplicado por todas as pessoas que consideram que este relacionamento humano, entre quem recebe e quem visita, possa dar um passo em frente e seja tratado com a importância que nós achamos que tem de ter”.

Uma outra forma de avaliar o sucesso é a projeção que o destino pode ter. Mostrar que a região deu importância transformadora à hospitalidade e que todos os anos promove novas visões e boas práticas é determinante.

Para Miguel Santos, a formação é “crítica” e há um grande trabalho a fazer na qualificação dos profissionais. “Nós temos excelentes exemplos de como a hospitalidade gerou novos negócios e catapultou alguns negócios para níveis de retorno económico que não tinham atingido até então apenas pela mudança da hospitalidade”, conta, mas ainda há muito caminho a percorrer.

O maior desafio de montar este evento foi o de “conseguir ter um elenco de tanta qualidade” e conciliar todas as agendas. Também as sessões paralelas acarretam desafios, em especial porque o evento decorre na época das vindimas, o que já traz por si só procura turística.

© Cláudia Coutinho de Sousa Redação