Isa Amaral: “Gosto de gerir equipas e de liderar projetos”

16-06-2021

# tags: Eventos , Vida de Eventos

Antes de chegar ao mundo dos eventos, Isa Amaral abraçou o mundo das notícias, tendo dirigido durante vários anos a revista Negócios & Franchising, que organizou os Prémios de Franchising.

“Um excelente ensaio para a minha mudança de vida”, conta a diretora da Blue Vision, que, depois de 18 anos de jornalismo, mudou de rumo. Fez formação na área da organização de eventos e abraçou o primeiro serviço, com a entrada da Opticalia em Portugal. Embora já estivesse na gaveta há uns anos, a Blue Vision só seria formalizada em 2017.

O trabalho decorria normalmente, até que, em março de 2020, houve uma “travagem a fundo”, devido à pandemia. “Todos os serviços foram cancelados e confesso que planeei a minha vida e a da empresa para estar seis meses parada. Nunca me passou pela cabeça o cenário que vivemos, nem que estaria sem poder exercer a atividade da Blue Vision durante tanto tempo”, explica. E depois de pôr em ordem tudo o que era fundamental na empresa, no primeiro período de confinamento, Isa Amaral recusou‑se a baixar os braços e avançou com uma nova área de negócio.

“Com a Blue Vision completamente parada e focada nos serviços corporate, fui entendendo que a retoma seria sempre lenta. Tomei uma decisão um pouco fora da caixa e decidi ‘nadar um bocadinho para fora de pé’. Escolhi não manter o foco nos eventos e optar por diversificar a atividade. Procurei uma ideia que me permitisse mais tarde conciliar com a atividade da Blue Vision.” E assim nasceu a Water Lily Beachwear, “uma marca de moda de praia para mulheres maduras”.

São as pessoas que a motivam. “Eu gosto de pessoas. Gosto de gerir equipas e de liderar projetos”, refere Isa Amaral, sublinhando que a Blue Vision nasceu para organizar eventos corporativos e para oferecer serviços de staff para eventos e ações de ativação de marca. “Este serviço, acabou por ser o core da empresa e em parte deve‑se ao facto de gostar tanto de trabalhar esta vertente do negócio.” E acrescenta: “Quando voltar a poder trabalhar com segurança e de forma normal, pretendo desenvolver ainda mais esta área e apresentar outros serviços de staff para os eventos.”

Trabalhar por projetos é das coisas de que mais gosta nesta área. “E a organização de eventos oferece essa possibilidade e exige que se selecione vários elementos (pessoas e fornecedores de serviços diversos) para serem uma equipa coesa durante um curto espaço de tempo. Cada evento é um desafio, mesmo quando há muita experiência”, argumenta, afirmando gostar de estar no terreno com as pessoas com quem trabalha. Além disso, frisa, “dou sempre a cara junto do cliente, quer quando corre bem, quer quando corre menos bem”.

Por outro lado, “tudo o que me exige trabalho administrativo, análise de orçamentos e de números” pendem para o lado negativo da sua balança. “Gosto de perceber os números do negócio para saber se estou no bom caminho, mas é só isso. Esta parte é para delegar. Gosto de encontrar clientes e de pôr o serviço a funcionar.”

“Fui de coração cheio para casa”

Há dois clientes “importantíssimos” na história da empresa. “A Opticalia deu‑me a oportunidade de testar a ideia e a Blue Vision nasce do desafio de fazer o check‑in dos convidados do lançamento da marca em Portugal. Não tinha uma única farda, só a ideia do projeto que um dia haveria de lançar quando deixasse de ser jornalista. Mas na data e na hora combinada com o cliente, apareceram as primeiras hospedeiras contratadas pela Blue Vision, devidamente fardadas e com um apontamento azul como o cliente solicitou”, recorda.

Depois, em 2018, a Blue Vision foi contratada pela Grandvision, que “tem sido um cartão de visita para entrar em outras empresas” e que “trouxe a capacidade de desenvolver ações em vários pontos do país em simultâneo”. Isa Amaral diz ser “atrevida o suficiente” para não recusar um desafio ou um serviço que nunca prestou. “Acredito que se estamos à espera de reunir as condições perfeitas para fazermos algo, a probabilidade de não fazer nada é enorme e só evoluímos quando aprendemos algo novo. Se tivesse negado a oportunidade que me deu a Opticalia para testar a minha capacidade de prestar o serviço, ou se me tivesse intimidado com os desafios que um grupo como a Grandvision me propôs, não teria iniciado a empresa e nem teria crescido. E sou imensamente grata a ambas.”

E há muitas histórias para contar neste percurso. Isa Amaral relembra que, em 2018, a Blue Vision foi selecionada pela In Totum para prestar apoio, com uma equipa de hospedeiras, na Gala de Cabo Verde, no Convento do Beato. “Foi uma noite fantástica” para as duas empresas. “E não houve melhor elogio pelo trabalho da equipa de hospedeiras da Blue Vision do que o momento em que o Rui Marques [diretor da empresa organizadora do evento] me disse que, apesar de não termos começado bem, iríamos acabar muito melhor aquele dia de trabalho”, contou, sublinhando: “Foi daqueles dias em que me doía cada ossinho do pé, mas fui de coração cheio para casa. É aquela sensação maravilhosa quando sentimos que demos o nosso melhor e o resultado foi tudo o que queríamos.”

Mas, às vezes, as coisas não correm exatamente como planeado. Isa Amaral exemplifica com o primeiro evento de grande dimensão da Blue Vision. “Cometi o erro de ir sozinha para coordenar um evento que decorria em dois locais diferentes do espaço do cliente”, além das dificuldades de comunicação, por falta de rede. “Isto tornou a coordenação extremamente difícil. Ou melhor, impossível.” Do episódio retirou uma importante aprendizagem:

“Aprendi que todo o briefing e as reuniões com o cliente têm de ficar devidamente anotadas e esclarecidas para evitar falhas ou mal‑entendidos. E todas as alterações de última hora, por muito simples que pareçam, podem atrasar o evento e gerar problemas desnecessários.”

Isa Amaral destaca ainda, como momento hilariante, o lançamento de uma loja de artigos eróticos online, a Oh La La Sex. O cliente queria duas promotoras e um promotor, e que fossem vestidos com a roupa da marca. Foram escolhidos espartilhos e saias para os elementos femininos, mas faltava a roupa masculina. “E aqui, não resisti a pregar uma partida ao promotor”, dizendo “que tinha escolhido para ele um look sadomasoquista, com coleira ao pescoço, tronco nu e calças de napa pretas justas”. Depois de o deixar “sofrer um bocadinho”, Isa Amaral revelou que ele iria com roupa normal e com uma máscara. “Esse serviço teve imensos desafios pelo lançamento que exigiu a todos manter a elegância e a sensualidade sem cair na vulgaridade. E ainda me ri de mais situações, porque foi, sem dúvida, o serviço em que me diverti mais.”

 


© Maria João Leite Redação