Gorongosa abre portas ao sector MICE

23-04-2019

# tags: Moçambique , Gorongosa , MICE , Meetings Industry , Destinos , Viagens

No coração de Moçambique encontra‑se uma das maravilhas naturais da África, um lugar onde os visitantes podem contemplar algumas paisagens cinematográficas e cenas da vida selvagem, contribuindo para apoiar a sobrevivência de espécies ameaçadas de extinção.

O Parque Nacional da Gorongosa, um símbolo desta nação Africana de expressão portuguesa muitas vezes referido como o "Serengeti do Sul", é um hotspot de vida selvagem que normalmente só se vê em programas de televisão. Leões majestosos andam sem serem perturbados pelos inúmeros safaris que acontecem durante todo o ano. Grandes grupos de elefantes amontoam‑se em buracos de água e as famosas várzeas estão cheias de pântanos. Crocodilos assustadores nadam em torno de piscinas naturais, esperando por algum animal incauto que se aventure mais perto da água. O parque é também o lar de cerca de 440 hipopótamos, inúmeras aves e uma espécie rara de zebra.

Todos esses seres coexistem em paz, num cenário espectacular. O Grande Rift tem o seu extremo sul na Gorongosa e, antes de dividir o continente africano em dois, criou uma terra fértil e verde. Mesmo na ponta desta formação geológica de 30 milhões de anos está o Lago Urema, para onde vários rios correm, como o lento, mas constante, Vunduzi, que desce o Monte Gorongosa. 20% do parque é composto de vastas pradarias, onde a vida selvagem segue a sua rotina diária, incluindo, é claro, tornar‑se o almoço de grandes predadores.

event point turismo de negócios portugal mice revista

Com todas estas atracções, não é de admirar que os visitantes se amontoem no parque. Vasco Galante, assessor de imprensa da Gorongosa, disse à Event Point que existe um “crescente interesse de turistas de todo o mundo, seja para viagens individuais ou corporate”.

O parque está numa fase inicial de investimento no sector da Meetings Industry, especialmente no que diz respeito a incentivos. “O parque já recebeu conferências, workshops, seminários e reuniões”, disse a mesma fonte. Esses eventos vêm dos “sectores científico, empresarial e educativo”, segundo Vasco Galante.

event point turismo de negócios portugal mice revista

Alojamento e salas de conferência

O parque tem as suas próprias vilas e chalés, que possuem salas de conferência. Assim, para um evento diferente, a Gorongosa pode organizar algumas pequenas reuniões, com uma sensação de luxo no safari. Montebelo Gorongosa Lodge e Safari é o lugar para ficar no parque e fazer algum trabalho entre aventuras.

Apesar da logística não ser fácil no parque, especialmente devido às más condições das estradas, a procura existe. Para aqueles que estão dispostos a enfrentar essas dificuldades, a Gorongosa será um cenário inesquecível, numa das villas e quartos do Montebelo. As actividades incluem safaris de jipe e o parque também está a actualizar a sua oferta de ecoturismo. É necessário, no entanto, ter em conta que o parque está fechado entre Dezembro e Março e que nas primeiras semanas nem todas as estradas podem estar disponíveis para os visitantes.

O parque da Gorongosa foi criado em 1920, como reserva de caça, por uma empresa privada que explorava a área. Em 1935, a área original foi expandida para proteger algumas espécies, incluindo rinocerontes. Na década de 40, os leões começaram a vaguear por um prédio abandonado no parque, ainda conhecido como a casa dos leões. Em 1951, o campo de Chitengo foi construído como sede da Gorongosa e para receber turistas. Em 1960, foi finalmente transformado em parque nacional e nessa altura o seu tamanho já era de 5.300 km2. A Gorongosa sofreu muito durante as guerras civis que se seguiram à independência de Moçambique, com intensos combates a decorrer no parque até 1992. Depois disso, os caçadores furtivos ajudaram a reduzir a vida selvagem em 90%. O espaço foi reconstruído no final dos anos noventa, com a ajuda de instituições internacionais. Gradualmente, as espécies foram reintroduzidas no parque e hoje elas voltaram a passear‑se livremente.

Moçambique, uma preciosidade por descobrir

O sector MI tem vindo a crescer de forma constante em Moçambique, juntamente com o turismo tradicional, devido às características únicas do país. Ainda não foi descoberto pela maior parte do mundo, excepto no universo lusófono. É uma jóia africana, com florestas exuberantes, campos abertos e praias de areia branca, banhadas pelo Oceano Índico. A sua capital, Maputo, já circula no sector de congressos, beneficiando‑se de novos hotéis e infraestruturas, além de uma sensação de relativa segurança.

Alexandra Noronha

© Jeff Trollip
© Bob Poole
© Clive Dreyer