Congresso da APECATE: O que é que o presencial tem?

Reportagem

03-02-2023

# tags: Congressos , Alentejo , APECATE

Eles também podem ser híbridos ou online mas, lembrando Carmen Miranda, o que é que o presencial tem? Do painel “O desafio dos eventos” ficaram algumas ideias.

O que é que o presencial tem? Respondem Paula Almeida, FactorChave, Lídia Monteiro, Turismo de Portugal, Luís Montez, Música no Coração, e Rui Ribeiro, QSP Summit, durante o painel “O desafio dos eventos”, no 11º Congresso da Associação Portuguesa das Empresas de Congressos, Animação Turística e Eventos (APECATE), que decorreu durante três dias no Alentejo, entre Elvas e Campo Maior.

Para Paula Almeida, que organiza congressos científicos, essencialmente na área médica, o grande valor dos eventos presenciais continua a estar no networking, na possibilidade de debater e de trocar opiniões entre pares, frente a frente. “As apresentações até podem estar online, e há certas reuniões, eventos, que estão muito bem resolvidos no digital, mas o networking não é o mesmo quando não é presencial”.

Na perspetiva do destino Portugal, e apesar de todas as ferramentas digitais que estão disponíveis para comunicar com os turistas, não há nada de comparável às experiências que o país pode proporcionar a quem o visita, ativando todos os sentidos. Lídia Monteiro acredita que os eventos são importantes para reforçar a marca Portugal, mas que o país também contribui, muito positivamente, para o reforço da marca dos eventos que cá se organizam.

Luís Montez, enquanto promotor de espetáculos, recordou que a experiência de ir a um festival, por exemplo, vai muito além da música: é estar com os amigos, acampar, ir à praia, o calor, poder ver o pôr do sol… num país que oferece os grandes artistas internacionais a um terço ou um quarto do preço de outros festivais, com um bom clima, um destino seguro e afável, torna-se apetecível ir para fora, e conquistar novos clientes no estrangeiro. E aqui, sim, o digital veio dar uma grande ajuda, porque é possível, e mais barato, fazer chegar mensagens bem segmentadas a esse público-alvo internacional que pode ter interesse, porque não?, em vir até Portugal para um festival.

Rui Ribeiro, da QSP Summit, revelou que nunca colocou a possibilidade de o seu evento, que é já uma referência internacional para as áreas de marketing e de gestão, ser outra coisa que não fosse 100% presencial. Até porque aqui se cultiva ao máximo a ideia de curadoria: cada apresentação é única, feita de propósito para a QSP Summit, não pode ser gravada, e não está por isso disponível em mais lado nenhum. O presencial permite ainda dar a conhecer o destino aos oradores, muitos deles poderosos influenciadores, e os participantes têm direito a diversos mimos. Um deles é a zona de restauração, cuja solução é rara ou mesmo única: dezenas de conhecidos restaurantes do Porto e de Matosinhos proporcionam as suas refeições gratuitamente a todos os que participam neste evento. Também por aqui a vontade de captar os estrangeiros é muita. Conteúdos de alta qualidade, boa hospitalidade, e mais uma vez por uma fração do preço de outros eventos internacionais proporcionam uma receita competitiva.

Sem perder de vista a crescente digitalização a que todas as atividades estão sujeitas, os eventos incluídos, as forças do presencial não parecem ter sido abaladas. Bem ao contrário, como estes simples exemplos, entre tantos outros, parecem demonstrar. Recuperando as palavras cantadas por Carmen Miranda, podemos arriscar que o presencial “tem graça como ninguém”.