Congresso da ICCA: a indústria global dos eventos reúne-se para definir o futuro

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O Porto é até ao próximo dia 12 de novembro, o centro mundial da meetings industry.

A cidade do Porto acolhe o 64.º Congresso da ICCA – International Congress and Convention Association, um dos mais importantes encontros internacionais do setor, que reúne profissionais e líderes de todo o mundo para refletir sobre o futuro dos congressos, reuniões e eventos corporativos.

Com o tema “Charting the Course”, o congresso pretende traçar novas direções, estabelecer objetivos comuns e explorar caminhos inovadores para uma indústria em rápida transformação.

Um congresso construído em colaboração

Na sessão de abertura, Marta Gomes, presidente da ICCA, destacou o espírito colaborativo que deu origem a esta edição: “Este congresso é fruto da verdadeira colaboração, inclusivamente em termos da Península Ibérica.” Sublinhou ainda que a essência do encontro está nas conexões — entre pessoas, destinos e ideias — que tornam a indústria dos eventos um espaço de transformação e partilha.

O Porto afirma-se como destino de alto valor

O presidente da Câmara Municipal do Porto, Pedro Duarte, fez neste congresso o seu primeiro discurso perante uma plateia internacional, onde salientou o peso económico e estratégico do setor: “A meetings industry representa um segmento de turismo que traz muito valor ao destino.” O autarca destacou ainda a importância de o Porto continuar a investir na captação de congressos e eventos internacionais, que reforçam a notoriedade global da cidade.

Também Carlos Abade, presidente do Turismo de Portugal, reforçou o papel crucial deste segmento para a competitividade do turismo nacional. Anunciou, aliás, o lançamento de uma nova campanha internacional dedicada exclusivamente à promoção do turismo de negócios, um sinal claro da prioridade que este setor assume na estratégia do país.

Porto inaugura formato multi-venue

Uma das grandes novidades desta edição é a estreia do formato multi-venue, uma ideia inspirada pela visão do destino anfitrião. De acordo com Senthil Gopinath, CEO da ICCA, esta abordagem reflete o espírito inovador do Porto, transformando a cidade num verdadeiro palco do congresso.

Ao todo, são nove venues espalhados pela cidade que acolhem as várias sessões e atividades do programa, incluindo o Centro de Congressos da Alfândega do Porto, o Coliseu do Porto, o Palácio da Bolsa, as Caves Ferreira, o Super Bock Arena – Pavilhão Rosa Mota, o World of Wine, o CEiiA, o Estádio de Dragão e o Terminal de Cruzeiros de Leixões.

Este modelo descentralizado permite uma experiência imersiva e destaca o potencial da cidade como destino capaz de acolher eventos de grande escala, combinando património, inovação e hospitalidade.

Inteligência artificial e propósito: a visão de Noelle Russell

A keynote de abertura ficou a cargo de Noelle Russell, especialista em inteligência artificial, que inspirou o público com uma mensagem otimista: “Com a IA, tudo é possível, até as ideias mais loucas. Mesmo que o mundo inteiro diga que não é possível.”

Russell defendeu que a indústria dos eventos deve aproveitar o enorme volume de dados que produz para melhorar a experiência dos participantes e otimizar processos, mas alertou para a importância de manter um propósito claro e de ouvir as audiências. “É essencial criar uma estratégia para a inteligência artificial”, concluiu.

O verdadeiro impacto dos grandes eventos

Seguiu-se uma mesa-redonda sobre “The True Impact of Large-Scale Events”, contou com a presença de Randel Bryan, diretor do SXSW Londres; Roberta Werner, diretora do Visit Rio, cidade que recebe a Web Summit; Rich Jee, responsável de marketing da Amazon Web Services, Coreia; Anais Aite, responsável de estratégia da Fédération Internationale de l'Automobile (FIA); Michiel Middendorf, World Forum, Cimeira da NATO na Haia; e Janet Karemera, CEO do Rwanda Convention Bureau (RCB). O painel foi moderado por Miguel Neves, da Skift Meetings.

Esta sessão destacou o poder transformador que os grandes eventos podem ter nos destinos. Entre as principais ideias partilhadas estiveram os benefícios económicos, a criação de identidade de destino, e o papel dos eventos como plataformas de conexão e inovação.

Os oradores sublinharam ainda a importância de envolver as comunidades locais em todo o processo — comunicar os benefícios, informar sobre eventuais disrupções e mostrar que o evento também é para elas. A gestão de perceções, disseram, é quase tão importante quanto a organização do próprio evento.

Criar legado duradouro foi outro ponto enfatizado, seja através de infraestruturas que permaneçam no território ou de conhecimento que beneficie a região muito depois do encerramento do congresso.

Um congresso com impacto no território

Para Luís Pedro Martins, presidente do Turismo do Porto e Norte de Portugal, co-organizadores do evento, receber o 64.º Congresso da ICCA “é motivo de grande orgulho”. O responsável destacou a ambição de criar algo que vá além do evento em si: “Queremos que este congresso tenha significado para o território e para as comunidades.”

Durante o evento, foi também apresentada uma nova campanha promocional do Porto e Norte para o segmento MICE, reforçando o posicionamento da região como destino competitivo e inspirador para eventos internacionais.