Recuperação lenta do setor dos stands

Entrevista

28-06-2022

# tags: Stands , Eventos , Feiras

As feiras, sendo uma atividade que essencialmente envolve juntar um grande número de pessoas, foram, naturalmente, uma das que mais sofreram com a pandemia da COVID-19.

E se os eventos virtuais foram um escape para as empresas organizadoras e para expositores, para as empresas de stands para feiras o panorama não foi nada animador. Acresce a esta situação o facto de estarmos a viver um momento de guerra na Europa, que se reflecte também nos “bolsos” das empresas. Numa altura em que as feiras já se realizam, com menor ou maior número de restrições, estivemos à conversa com a Standsys para sentir o pulso desta retoma.

Paulo Almeida, diretor da empresa, começa por nos fazer um retrato dos últimos dois anos, referindo o “forte impacto económico” que tiveram na empresa. “A sobrevivência foi garantida com a redução de custos de exploração, a diversificação da atividade económica e com um aumento do endividamento financeiro da empresa. As medidas de combate à COVID-19 reduziram substancialmente o número de eventos, feiras, congressos, ativações de marcas para as quais produzimos stands e cenografia”, detalha. Para fazer face às dificuldades procuraram outras áreas de negócio, como a venda de produtos higiénicos sanitários. “A diversificação do negócio, aliada à redução de custos de exploração e a um aumento do endividamento bancário de curto prazo e dos capitais próprios, permitiu manter a empresa aberta e a trabalhar permanentemente durante este período”, afirma Paulo Almeida.

O ano de 2022 mostra um setor “a recuperar lentamente”, também por causa do recente conflito na Ucrânia. “A recuperação será lenta, apenas agora estamos a sentir os primeiros efeitos da Guerra na Ucrânia, na energia e nos combustíveis, contudo, já há algum tempo que estamos a sentir os efeitos do aumento do custo das matérias‑primas (papel, alumínio, têxteis, vinil, etc…), ainda que nem sempre refletidos no preço de venda”, lamenta Paulo Almeida. Com o risco dos juros em alta, refere o responsável, “está criado um cenário para uma grave crise económica e social que irá direta e indiretamente impactar toda a economia e, em especial, na área da publicidade ou de serviços frequentemente não tidos como essenciais”. Posto isto, “prevejo um ano difícil, possivelmente não tão difícil como 2020/21 pois vai ser possível trabalhar. Agora não vamos estar impedidos de desenvolver a nossa atividade, mas poderá existir alguma retração do mercado, fruto de um cenário económico mais complexo”.

Na Standsys, que em Portugal representa as marcas Adsystem e Mitkoforevents, os clientes são maioritariamente de Portugal e Espanha, e os stands podem estar em feiras de todo o mundo. Para já, “não tem sido difícil encontrar os recursos humanos necessários” para a retoma, algo que se pode alterar “quando a atividade económica voltar para um nível próximo do normal”. Mais difícil é a questão dos aumentos dos custos, que se vai reflectir nos preços de venda, e mais difícil do que isso “é a própria existência das matérias-primas”. “Começam a ser cada vez mais frequentes quebras temporárias de stocks de algumas matérias-primas”, lamenta o responsável.

Em termos de tendências de stands, Paulo Almeida aponta para “uma clara preferência para stands modulares, diferenciadores, mais pequenos, fáceis de montar, transportar e armazenar e caixas de luz DIY (Do It Yourself), cuja montagem não requer conhecimentos técnicos ou ferramentas”.

Esta decisão dos clientes prende‑se com a “poupança que um stand modular pode trazer em todo o ciclo de utilização do mesmo”.

© Cláudia Coutinho de Sousa Redação