M.Ou.Co. comemora um ano com balanço “extremamente positivo”

Entrevista

05-09-2022

# tags: Hotelaria , Venues , Eventos , Porto , Música , Meetings Industry

No mês que marca um ano de atividade do M.Ou.Co., entrevistamos a diretora-geral Teresa Martins.

O M.Ou.Co apresenta-se como “um espaço cultural multidisciplinar que une no mesmo local um hotel, uma sala de espetáculos, uma musicoteca, um bar e um restaurante”. O espaço abriu em setembro de 2021 e num ano apenas tornou-se um local incontornável da cidade do Porto, no que diz respeito à cultura e ao turismo. A unidade alcançou já o top 3 das preferências hoteleiras da cidade, no TripAdvisor, e, seguindo o The Guardian, é um dos 10 novos hotéis de design da Europa a visitar. E neste curto tempo de vida, recebeu ainda Prémio Nacional de Reabilitação Urbana na categoria turística e a certificação de sustentabilidade da Biosphere Sustainable Tourism. Em 2023, a unidade vai apostar ainda mais no segmento MICE, conforme conta à Event Point a diretora-geral, Teresa Martins.

Que balanço fazem do primeiro ano de atividade do hotel?

Até à data, e não obstante o quadro pandémico que afetou, sobretudo, os meses iniciais de arranque de atividade, o M.Ou.Co. foi escolha mais de 8.000 hóspedes. Além disso, estamos com taxas de ocupação, nos meses de verão, acima do 90%, o que para um primeiro ano de abertura nos deixa profundamente orgulhosos e satisfeitos, sendo este primeiro balanço extremamente positivo, igualmente do ponto de vista qualitativo.

Os viajantes que nos procuram (com a maioria das estadias a comportarem três ou mais noites) vêm sobretudo do estrangeiro. Com destaque para França, Reino Unido, Espanha e Alemanha. Os turistas portugueses aparecem na quinta posição, seguidos dos oriundos dos EUA, Bélgica, Holanda, Irlanda e Itália. O balanço é, também por tudo isto, muito favorável e estamos seguros de que o ano dois do M.Ou.Co. será ainda melhor, acompanhando a curva pós-pandémica de recuperação do turismo em Portugal e no mundo.


Quais foram os principais desafios com que se debateram neste primeiro ano?

Num primeiro ano os desafios são muitos e constantes. Passar de um projeto para a concretização é sempre único e só o conseguimos com a definição de uma estratégia que nos indique com clareza qual o objetivo que queremos atingir e como chegamos lá. A abertura oficial em setembro e o nosso primeiro Inverno foram pautados por todas as contingências trazidas pelo contexto de pandemia, a incerteza associada, o receio na procura e a dificuldade em prever como iriam ser os meses seguintes.

Estas dificuldades exigiram muita persistência e uma rápida readaptação da gestão e de toda a equipa do M.Ou.Co. a tudo o que ia acontecendo. Felizmente, o recuperar do turismo, e particularmente a extraordinária procura do destino do Porto que todos sentimos a partir de abril, alterou este cenário e trouxe com ele outros desafios, como a falta de recursos humanos que perpassa atualmente o setor hoteleiro português, e que, apesar de muita dificuldade, temos conseguido ultrapassar com muita “ginástica” interna e sem beliscar a qualidade de serviço que prestamos.

Para quem ainda não conhece a unidade, como apresentaria o conceito?

O M.Ou.Co. apresenta-se como um espaço cultural multidisciplinar que une no mesmo local um hotel, uma sala de espetáculos, uma musicoteca, um bar e um restaurante e que tem sempre presente a missão de proporcionar experiências personalizadas, descontraídas e surpreendentes em que a qualidade da programação cultural, do produto e serviço esteja sempre presente em todos os contextos, com um vetor único e transversal que é a Música. Tudo foi pensado ao pormenor e com foco nas novas configurações cosmopolitas, informais, mas com qualidade de produto e serviço e com o lifestyle sempre presente.

O espaço propõe uma nova centralidade da “Invicta”, um ponto de partida para conhecer toda a cidade, graças à localização num dos bairros mais “trendy” do Porto (o Bonfim), muito próximo da Estação de Campanhã. Dizer que no M.Ou.Co. se respira música em todos os espaços não é um exagero estilístico - da sala de espetáculos ao restaurante, da musicoteca aos quartos. Com uma área total de 5.000 metros quadrados, o M.Ou.Co. disponibiliza 62 quartos de várias tipologias. Desde o “Voyage, voyage!” (quartos duplos) ao “La vuelta al mundo” (mobilidade reduzida), passando pelo “Have Love, will Travel!” (budget room), pelo “Immigrant song” (suite com kitchenette), pelo “Porto Sentido” (duplex com varanda) ou o “The Passenger” (suite com kitchenette e varanda), a música é sempre o tema central das várias acomodações.

O M.Ou.Co. dispõe ainda de um conjunto de espaços exteriores, piscina incluída, onde é possível passar agradáveis momentos enquanto se ouve um álbum, se desfruta de um drink ou se lê um livro. Até mesmo acompanhados do animal de estimação, ou não fosse este um hotel pet friendly.


Como definiriam a programação cultural que fazem do espaço? A que públicos querem chegar?

A escolha e linha artística do M.Ou.Co. foi pensada desde sempre com muito cuidado e com a preocupação de ser abrangente e eclética, mas acima de tudo, com muita qualidade. A equipa liderada pela Sofia Miró tem conseguido entregar aquilo a que se propôs: uma programação própria e uma agenda mensal dinâmica que faz com que o M.Ou.Co. já tenha conseguido o seu lugar na oferta cultural da cidade.

Desde a abertura, onde pontificou um nome musical que muito diz ao Porto, o Manel Cruz, subiram a palco mais de 60 artistas conceituados, nacionais e internacionais. Dos portugueses Capicua, X-Wife, JP Simões, Clã e muitos mais, aos sons e vozes do mundo, de influências muito díspares, como James, Kae Tempest, Lido Pimienta, The Weather Station, Bala Desejo, Dean Wareham e outros tantos. De uma forma algo simplista, diríamos que as sonoridades que saem da sala de espetáculos apelam a um público mais alternativo. Do rock (puro e duro, ou versão indie), blues e até jazz, até ao new wave, synth pop, rap, sem esquecer as novas roupagens da música popular brasileira…

A programação abre-se também a eventos diferentes e “fora da caixa”, que apelam aos gostos e preocupações de novos públicos. Como foi o caso, por mero exemplo, do “SUB_BAR Experience”, que juntou música e ciência numa perspetiva educativa, cultural e inclusiva, e que resultou numa experiência sonora imersiva para pessoas com surdez ou qualquer necessidade especial auditiva (de qualquer nível), bem como para seus familiares e amigos. Mas na agenda podem pontuar matinées dançantes, workshops de upcycling, DJ Sets, performances audiovisuais variadas, oficinas de canto, e muito mais…

Esta programação cultural é a base da vossa estratégia de comunicação enquanto hotel? É um fator de diferenciação?

A nossa programação cultural, musical e não só, é uma faceta muito forte da nossa estratégia de comunicação. E, de facto, é um fator de diferenciação, que se abre a correntes culturais mais alternativas. Todavia, não é o único vetor da nossa estratégia. O hotel possui várias valências que têm potencial de comunicação. Do restaurante com uma cozinha que aposta na comida tradicional com uma reinterpretação muito própria, da coffeeshop de dia e bar à noite, à arquitetura minimalista do edificado, ou à vertente terapêutica da clínica de performance, habilitada a tratar doenças profissionais, sobretudo aquelas de que padecem os músicos. No M.Ou.Co. todo o projeto como um só representa a inovação de um espaço e de um conceito único em Portugal e mesmo a nível internacional.


Consideram-se um hotel com uma sala de espetáculos, ou uma sala de espetáculos com hotel?

O nosso objetivo principal é que seja um espaço único sem que nenhum dos seus eixos estratégicos se sobreponha e que exista sintonia e harmonia entre todos os espaços, ou não fosse a música o principal fio condutor. Por isso optamos sempre por falar no M.Ou.Co., que abrange tudo e que ao colocar a ênfase no “Música e Outras Coisas”, suscite a curiosidade de conhecer todas a suas valências. Porque o nosso restaurante, bar, terraços e jardim estão abertos também a qualquer pessoa que não só hóspedes. Porque a nossa musicoteca (com mais de 600 discos de vinil) também pode ser utilizada por qualquer visitante. Porque as três salas de ensaios - anexas à de espetáculos – podem ser requisitadas (mediante avaliação prévia) por qualquer músico para trabalhar o seu projeto/trabalho artístico. Porque, num espaço dedicado à saúde (física e mental) do músico, a Clínica da Performance, pensamos também em todos os “artistas”, disponibilizando um serviço diferenciador, a pensar no desempenho performativo. “Stay. Listen. Play” é a assinatura de um projeto que se assume como um todo e não só um hotel, ou só uma sala de espetáculos. É um espaço para se viver, estar, experienciar, mas também de aprendizagem, de conhecimento, e de relaxamento.


Qual é a relevância do turismo de negócios e dos eventos neste primeiro ano de atividade?

Apesar do arranque tímido, o mercado desde cedo nos desafiou a preparar soluções disruptivas e personalizadas também neste segmento. A nova realidade dos eventos corporativos pós pandemia, o conceito de b-leisure (mistura de trabalho e lazer) traduziu-se na procura de espaços menos formais e mais autênticos e o M.Ou.Co. destacou-se de imediato.

Podemos afirmar que o espaço e o serviço foram e são o diferencial que conquistou quem nos procura e que nos foi trazendo novos clientes através da experiência positiva que tiveram e pelo “passa a palavra”. Até à data já realizamos no M.Ou.Co. mais de 120 eventos, desde conferências, incentivos, ativações de marca, reuniões de trabalho, entregas de prémios, jantares e eventos privados.

Esta procura levou-nos a repensar a nossa estratégia também neste nível. Agora, com maior conhecimento das necessidades do mercado e preferências dos nossos clientes estamos a reformular a nossa oferta, e avançaremos em breve com o lançamento dos nossos pacotes de reunião personalizados e a preparação das festividades natalícias.

Para 2023 os objetivos são ambiciosos e incluem um aumento significativo da relevância deste segmento, com foco na captação de MICE de pequena e média dimensão. Para isso reformulamos na totalidade as nossas opções para grupos e eventos pois acreditamos que, não sendo o típico hotel de negócios, oferecemos a quem viaja a trabalho a combinação ideal.

Temos a nível de alojamento desenvolvido algumas parcerias e protocolos interessantes que nos garantem que estamos no caminho certo para os nossos objetivos. A capacidade de alojamento e a versatilidade dos nossos espaços permite-nos dar resposta para todo o tipo de eventos e acima de tudo “reinventarmo-nos” para aqueles que procuram algo mais diferenciador.


Que espaços para eventos estão disponíveis?

O nosso maior espaço interior para eventos é a sala M.Ou.Co, a nossa sala de espetáculos, com 240 m2 que acomoda até 180 pessoas sentadas em plateia e 300 pessoas em pé. É um espaço versátil e multifuncional, com luz natural, um palco flexível (cujo projeto técnico se deve ao arquiteto José Prata e ao Eng. Paulo Machado) e o equipamento audiovisual mais atual no mercado. A nossa equipa consegue com rapidez dar resposta a várias configurações o que permite a sua utilização para os mais variados efeitos, sejam conferências, reuniões de trabalho, atividades de equipa, apresentação de produtos, workshops ou feiras.

O espaço é rodeado por um foyer de apoio com 70m2, zona de bengaleiro e receção dos participantes, um bar e acesso ao terraço exterior.

A nossa Musicoteca e as nossas Suites permitem acolher dinâmicas mais intimistas e informais, ideais para reuniões até 15 pessoas, brainstormings, entrevistas ou um cocktail ao final do dia e o restaurante e o bar que podem complementar um evento corporativo ou privado com propostas mais descontraídas ou formais.

Os espaços exteriores, o terraço, a esplanada e o jardim são espaços únicos que permitem servir coffee breaks, almoços ou jantares volantes, cocktails ou “get together”.

Acima de tudo não há espaços ou cenários estanques, o mote é a versatilidade e criatividade para entregar aos clientes um produto e serviço personalizado e verdadeiramente ajustado às suas necessidades.

© Cláudia Coutinho de Sousa Redação