Como a experiência de beber vinho do Porto pode ser potenciada

06-04-2022

# tags: Eventos , Experiências

Sabia que a combinação com determinados alimentos, a música, a iluminação ou o contexto cultural interferem na experiência de beber vinho do Porto.

O vinho do Porto é um produto que está presente em muitos eventos nacionais. Basta pensar na tradição do Porto de Honra. Mas sabia que a combinação do vinho do Porto com determinados produtos alimentares, e a introdução de elementos como a música e a iluminação pode alterar a experiência de o beber, melhorando-a?

Isto mesmo concluiu o projecto 4Cs – Consumer Cultural Context, uma parceria entre a Sense Test, empresa dedicada a estudos de análise sensorial, a Sogevinus, a Faculdade de Ciências da Universidade do Porto e a WedoTech. O estudo teve como objetivo analisar e avaliar as diferentes formas como o vinho do Porto pode ser percecionado pelos consumidores, mediante a presença de elementos externos, capazes de influenciar o impacto da experiência ao nível sensorial.

Os resultados foram apresentados num evento realizado nas Caves Calém.


Na base de tudo estiveram quatro tipos de vinhos da Cálem: um Branco Seco; um Tawny 10 anos; um Late Bottled Vintage 2013; e um Vintage 1985. A análise começou por dar conta de que a experiência de consumo de qualquer um destes vinhos é dinâmica, porque vão surgindo os sabores à medida que o vinho é degustado. E os sabores trazem diferentes emoções ao longo da prova. Depois, com a introdução dos alimentos: ovos moles, o queijo de São Jorge, os almendrados e a pasta de azeitona preta do Douro percebeu-se que a percepção do vinho é alterada em combinação com o alimento, muitas vezes melhorando a experiência geral.

Tendo como cenário as caves de vinho do Porto da Cálem, e as provas que lá se fazem, foi possível estudar de que forma a modificação do contexto pode impactar a perceção do produto por parte do consumidor. A nacionalidade impacta no modo de perceber o vinho e os pairings? Concluiu-se que o pairing potencia o vinho junto de todas as nacionalidades e que o alimento pode ser ajustado consoante o país de origem dos consumidores.

Em análise esteve também a influência que a luz e a música presentes no contexto da prova de vinho podem ter na forma como este produto é consumido. Foram testados quatro ambientes de cor e quatro ambientes sonoros distintos (sem música| fado | jazz | música clássica). Os resultados revelam que, de uma forma geral, o ambiente musical interfere com a experiência, potenciando-a.

“Este projeto veio demonstrar como um produto centenário, como o vinho do Porto, pode beneficiar de uma maior aproximação à inovação e à tecnologia, trazendo novos desafios ao nosso setor”, afirma Pedro Braga, diretor de operações da Sogevinus. “Este estudo gerou um grande volume de informação relevante que nos vai permitir não só conhecer, de forma mais aprofundada, o comportamento de todos aqueles que visitam os nossos espaços de enoturismo, mas também ter uma série de orientações estratégicas para podermos reforçar o valor do vinho do Porto e potenciar o seu consumo de um modo ainda mais expressivo. Muitos dos resultados apresentados irão, certamente, dar-nos a possibilidade de criar novos cenários de consumo e de desenhar ofertas e experiências diferenciadoras, validadas pelo conhecimento científico”, acrescenta Maria Manuel Ramos, diretora de turismo da Sogevinus.

Durante o evento na Calém, que se realizou no passado dia 29 de março, foi possível replicar alguns destes testes e comprovar algumas das conclusões, com o acompanhamento e comentário dos autores do projeto.


Os números do projeto

. 49 ensaios distintos

. 6.073 avaliações totais

. 33 nacionalidades

. 850 provadores internacionais

. 30 kg ovos moles

. 2.000 unidades de almendrados

. 30 kg de queijo

. 15 kg pasta de azeitona

. 123 garrafas de vinho do Porto