A Fórmula 1 no Algarve e o impacto económico na região

21-10-2020

O Grande Prémio de Portugal de F1 vai decorrer este fim-de-semana, em Portimão.

A 12ª prova do Mundial de Fórmula 1 vai decorrer este fim-de-semana no Autódromo Internacional do Algarve, em Portimão. A poucos dias do arranque do Grande Prémio de Portugal de Fórmula 1 avalia-se o impacto que a prova poderá ter na região.

No webinar ‘Impacto da F1 em Portugal’, organizado pelo Standvirtual há duas semanas, Isilda Gomes, presidente da Câmara Municipal de Portimão, considerou que, com tantos meses de pandemia, a realização da prova e a consequente injeção de capital nas empresas da região “será uma lufada de ar fresco”. Sobre o impacto económico do evento na região, a autarca defende que este “é absolutamente incomensurável”.

“Quando temos uma região, um município, que vive praticamente do turismo, tudo aquilo que possa servir de promoção do destino não é quantificável. O maior impacto que esperamos é nas pessoas que cá vêm e nos milhões que assistem à corrida de F1 através dos meios de comunicação e que naturalmente captam imagens da cidade e da região. Não é só a injeção momentânea de capital, que é, como já disse, muito importante, mas a mais-valia que irá representar também no futuro”, afirmou Isilda Gomes, acrescentando: “Falar de Fórmula 1 nesta fase é quase uma obrigação patriótica, porque estamos a contribuir para o PIB.”

Na altura da realização do webinar, ainda não eram conhecidos os números possíveis de espectadores do evento. A Direção Geral da Saúde divulgou entretanto as regras para que o público possa assistir à prova e a lotação máxima ficou estabelecida em 27.500 pessoas. Mesmo não tendo conhecimento, na altura do webinar, dos números definitivos, o CEO do Autódromo Internacional do Algarve, Paulo Pinheiro, lembrou que “se não existem estas limitações impostas pela Covid-19 seriam 95 mil” os espectadores presentes.

Sobre a possibilidade da repetição das provas em Portugal nos próximos anos, Paulo Pinheiro considerou esse cenário “realista”. “Obviamente que não está garantido, nem de longe nem de perto, é uma ambição que nós temos. Aliás, a nossa missão é fazer duas grandes corridas e fazer com que as organizações tenham a vontade e motivação de continuar aqui em Portimão. Há questões económicas, como o valor dos fees, que as organizações tentam maximizar, mas também é valorizado a qualidade do ambiente à volta do evento: hotéis, restaurantes, a facilidade de acesso ao país, o facto do nosso país, e em particular o Algarve, ser dos que apresenta taxas mais baixas de infetados por Covid-19, enfim, tudo isto faz com que estejamos numa posição privilegiada.”

Pedro Matos Chaves também participou no webinar do Standvirtual. O ex-piloto de automobilismo concordou que um eventual regresso da prova é “realista”. “O dinheiro não é tudo e basta tê-los cá uma vez para os apanharmos”, referiu Pedro Matos Chaves, que considera a pista algarvia é “muito divertida” e que o ambiente vai deixar os pilotos “muito bem impressionados”.

 

Importante garantir continuidade da prova

Em declarações à agência Lusa, o presidente da Associação de Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA), Elidérico Viegas, considerou que é necessário “garantir, em termos de futuro, a continuidade do evento”, não só pelos fluxos turísticos que gera, mas também por ter “um peso mediático enorme”. “O principal impacto [económico] tem a ver com a cobertura mediática internacional e o seu contributo para a promoção e divulgação do Algarve internacionalmente, o que é um impacto francamente positivo”, referiu Elidérico Viegas.

O presidente da AHETA reconheceu ainda à agência Lusa que o impacto direto, que é calculado através da ocupação das unidades hoteleiras nas imediações no circuito (como Praia da Rocha e Alvor), está “muito aquém do que seria normal”. E acrescentou: “Há hotéis [nessa zona] com boas expectativas de ocupação. Não são muito elevadas, já não eram, e ainda menos agora com o agravamento da pandemia”, afirmou Elidérico Viegas, para quem o evento vai atrair, sobretudo, espetadores nacionais.

 

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©Município de Portimão (zona ribeirinha de Portimão)

 

Portimão MotorSports anima zona ribeirinha da cidade

A Região de Turismo do Algarve associou-se ao Portimão MotorSports, um evento de animação que vai decorrer na zona ribeirinha da cidade de 22 a 25 de outubro (a propósito do Grande Prémio de Fórmula 1) e de 19 a 22 de novembro (altura em que decorre o Grande Prémio de Moto GP). O Portimão MotorSports vai proporcionar várias ações de animação, com experiências propostas pelo Turismo do Algarve, que convidam os participantes dos dois eventos desportivos a descobrir também o património, os costumes e a gastronomia da região.

O Turismo do Algarve vai ter um espaço de acolhimento na tenda VIP do evento (onde vão estar presentes também o Turismo de Portimão e outras entidades da região), onde vai disponibilizar informação turística e materiais promocionais sobre o destino. Além disso, e no âmbito de uma parceria com a Comissão Vitivinícola do Algarve, vão decorrer ações promocionais dedicadas ao enoturismo e aos vinhos da região.

“A região está preparada para organizar iniciativas de grande dimensão e de natureza distinta, nomeadamente eventos de desporto motorizado, e o movimento gerado pelos participantes, as suas equipas e os espectadores em torno de cada uma destas provas não se traduz apenas em impactos económicos imediatos e vai criar efeitos positivos num futuro próximo”, refere João Fernandes, presidente do Turismo do Algarve, em nota de imprensa.

E acrescenta: “A região tem apostado na diversificação da oferta turística e os eventos desportivos, em particular os de âmbito internacional, integram-se nesta estratégia, pois podem desempenhar um papel significativo no desenvolvimento socioeconómico do Algarve, já que permitem gerar notoriedade ao destino, reforçar a sua competitividade e contribuir para que existam épocas turísticas mais equilibradas ao longo do ano.”