Ana Mendes Godinho: O Festival Bea World é importantíssimo para dar visibilidade ao destino

22-11-2017

A secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho, em entrevista à Event Point à margem dos Bea World, diz que há capacidade instalada por todo o País, para a realização de eventos.

Temos os Bea World em Portugal pelo menos dois anos. O que é que isto pode fazer pelo MI [Meetings Industry] em Portugal?

Este evento para nós é importantíssimo porque estamos a conseguir trazer a nata dos organizadores de eventos internacionais para conhecerem o nosso destino e país. Conseguimos trazê-los para o Porto, o que também é uma forma de desconcentrar a realização de eventos por todo o país e de forma a que eles conheçam a oferta e capacidade instalada que existe em termos de realização de congressos e eventos aqui no Porto e na região norte.

O que é que o Governo está a fazer especificamente, neste momento, para impulsionar este sector?

Neste momento criamos uma equipa só dedicada a captação de eventos e congressos liderada pelo Joaquim Pires, que tem sido um óptimo ponta de lança, e que tem contribuído imenso para o que se tem feito. Este ano atingimos um número recorde de congressos realizados em Portugal. Simultaneamente temos uma plataforma, um novo site online que se chama "Meetings In Portugal", que é uma forma de qualquer operador estrangeiro que queira realizar um evento ou congresso em Portugal ter ali todos os recursos que existem para o MICE. É uma plataforma fantástica porque passamos a ter num único sítio o repositório de toda a oferta disponível em Portugal para a realização de congressos. Além disso, temos um fundo de captação de eventos e congressos. Já temos neste momento 59 novos congressos garantidos para 2018, e no Orçamento do Estado tivemos a consagração de um novo programa que se chama "Turismo e Cinema", precisamente para captar grandes eventos internacionais para Portugal, um fundo de 50 milhões, paralelo ao dos congressos, em que o foco é sobretudo grandes eventos.

O que é que antecipa para 2018?

Neste momento já temos 59 novos congressos garantidos, mas a dinâmica é muito grande. O facto de termos aqui cerca de 460 organizadores de congressos internacionais abre a porta para que escolham cada vez mais Portugal para organizar congressos. Somos um país cada vez mais procurado por tudo, ganhámos 37 Óscares europeus de turismo e a minha ambição é conseguir ainda mais em termos de Óscares mundiais. O meu objectivo agora é esse.

Uma das preocupações do sector está relacionada com a tensão que existe entre o turismo tradicional nomeadamente no alojamento. O Governo está atento a isto?

A plataforma do "Meetings in Portugal" permite mostrar a capacidade de oferta que existe instalada em Portugal. Existe imensa capacidade de oferta, muitas vezes desconhecida, espalhada por todo o país e o nosso objectivo foi, em primeiro lugar, conseguir pôr à vista de todos esta oferta. Neste momento é interessante porque podem percorrer a plataforma e conseguem fazer pesquisas direccionadas em função da capacidade, quer das unidades hoteleiras, quer das salas para reuniões, quer das salas de congressos. Dou-lhe um exemplo muito concreto, o Centro de Congressos de São Francisco, que abriu no final do ano passado em Coimbra, só este ano já realizou 300 eventos e congressos. Isto mostra que temos oferta instalada e que temos a procura a reagir e a responder, e a criar cada vez mais dinamismo nestas zonas ao longo de todo o ano. Ao mesmo tempo estamos a criar vários instrumentos de apoio ao desenvolvimento de novos produtos hoteleiros. Temos o programa Revive para a conversão em hotéis de 30 imóveis públicos espalhados por todo o país em hotéis e alguns deles serão muito importantes para complementar essa oferta.

Tem havido alguma polémica em torno de eventos no Património Histórico. O uso deste património pode trazer mais obstáculos do que vantagens?

Não. Claramente quem nos visita identifica como uma das grandes mais valias que Portugal tem a possibilidade de ter experiências únicas no património, que noutros países como os Estados Unidos não existe. É uma grande mais valia para o país e temos feito um esforço para trabalhar em conjunto para assegurar que as suas experiências com a cultura fidelizam cada vez mais. Não vou entrar na polémica, acho que não se deve generalizar. Não tem nada a ver com o uso como aqui ou na Afândega.

Estão preparados para enfrentar mais críticas por causa disto? Há uns meses também houve uma polêmica por causa de umas filmagens…

O que está a acontecer é que devem separar as situações. É preciso haver bom senso e claramente tratar situações diferentes de forma diferente.