APECATE Day: Uma estratégia de superação

30-11-2020

Já é comum falar da crise de saúde que implicou uma grave crise social e económica. Já ouvimos e debatemos muitos dos temas associados, é altura de fazer um ponto de situação e aproveitar todas essas reflexões.

Todos temos noção da situação, das graves implicações para a saúde, mas, também, temos a clara noção do que esta crise de saúde está a implicar na organização social e económica.

É nestas alturas de crise profunda que se sentem mais as fragilidades e deficiências e por isso mesmo é importante retirar ilações que nos sirvam para minorar ou eliminar esses problemas detetados.

Após todos estes meses já podemos afirmar com segurança que conseguimos conviver com o vírus, num modelo de gestão de risco eficiente. Não é por falta de “normas e regras” que o vírus se propaga. Então porquê continuar a apostar só nas regras e no que é mais simples, proibir, proibir, proibir?

É um facto que qualquer medida agressiva e de travão tem impactos sempre negativos, parar é sempre a pior das soluções.

Temos de transmitir confiança, há novos comportamentos que todos temos de assumir, mas não devemos alinhar com os extremismos. É neste contexto que criamos os APECATE Day, que consistem num evento híbrido, com uma parte de conferência e eventos, e outra parte de programas de animação turística. Nos três APECATE Day já realizados, foi possível constatar que é possível funcionar, realizar eventos e obter resultados, promover regiões e o seu potencial, salvaguardando sempre as medidas e procedimentos de saúde.

Não é com medidas de contenção exagerada que se consegue a mudança e o controlo do vírus. Quando falamos em crise e nos problemas atuais e no que os provoca, constatamos que para além desta nova realidade do vírus, a essência dos problemas é a mesma. Já no nosso congresso de fevereiro de 2020, identificamos essas questões e acho que nos devemos focar na sua resolução.

Para além das regras e procedimentos de saúde, introduzidos pela pandemia, o que necessitamos é de um melhor ordenamento, simplificação administrativa, melhorar a relação entre as tutelas para permitir um balcão único, um registo para o setor dos eventos, regras consistentes, comunicação e acessibilidade com as instituições, entre outras medidas, para que os empresários construam a sua parte, concebendo programas de qualidade, sustentáveis e acessíveis.

Todos os dias assistimos a erros provocados pelos excessos de poder, por falta de diálogo, conhecimento sobre o que estão a decidir, de estratégia concertada entre outras questões.

De uma vez por todas, é importante alterar procedimentos no aparelho do Estado e da governação, que antes de criar qualquer medida tenha a prática, efetiva e obrigatória de ouvir as associações e os empresários, construir em parceria é a solução. Sabemos que dá muito mais trabalho, mas certamente que as soluções encontradas serão mais duradouras, eficazes e sustentáveis. Se vai decidir o que é melhor para um setor, tem a obrigação de o definir em parceria.

Os problemas do setor dos congressos e eventos e os do setor da animação turística, são os mesmos, agora agravados pela crise de saúde e das suas implicações sociais e económicas.

É altura de apostar mais no diálogo, mudar procedimentos, reorganizar o sistema para permitir que, quando se der a retoma da mobilidade turística, estejamos todos mais bem preparados e eficazes, promovendo programas sustentáveis e de qualidade.

Se conseguirmos um trabalho em comum, certamente iremos manter Portugal como o melhor destino turístico do mundo.
 

António Marques Vidal, Presidente da Direção da APECATE