As aplicações para eventos vão mudar…

27-02-2018

Há uma alteração em curso quando falamos de tecnologia para eventos que pode transformar a forma como lidamos com este processo.

Comecemos por explicar os dois conceitos que existem actualmente no mercado das aplicações para eventos: a aplicação de marca branca (white label app) e a aplicação universal.

As aplicações de marca branca são aquelas em que, para cada evento, há uma aplicação com um nome, ícone e imagem própria. Isto é replicado pelo número de clientes, que por sua vez redundam em eventos. Tipicamente, este tem sido o modelo mais seguido pelos clientes. Sempre que há um evento, que até se pode repetir todos os anos, há uma aplicação específica para esse evento.

A aplicação universal, por oposição ao modelo em cima descrito, é aquela em que todos os eventos estão dentro da mesma aplicação, sendo que cada cliente preserva os seus dados e a privacidade é completamente respeitada. No entanto, a aplicação é única, com o mesmo nome e ícone que a identifica. O efeito de customização acontece a partir dessa fase, ou seja, no momento em que o convidado de um evento introduz as credenciais para aceder ao seu conteúdo.

Uma forma simples de perceber, e logo com dados sensíveis, é a aplicação de e‑mail da Google: o Gmail. A aplicação é igual para todos os clientes (empresariais ou pessoais) e depois cada um tem a sua parametrização. Quem diz o Gmail pode referir o Slack, TeamBook, Trello e tantas outras aplicações que há muito seguem este modelo de negócio. Porque é de modelos de negócio que estamos a falar e da sua influência no modo como a tecnologia está presente nos eventos.

Actualmente, o modelo de negócio mais seguido tem sido o das aplicações de marca branca, que, historicamente, segue o modelo tradicional do universo empresarial. Uma abordagem clássica que já acontecia com as marcas quando começaram a implementar aplicações móveis. Uma marca, um conceito, uma aplicação.

No entanto, com a dita “nova economia”, com a importância das aplicações na “nuvem” e a escala que isso permite, a tendência é para convergir num modelo já utilizado em tantos outros casos, em que a aplicação é um repositório (“container”) de todos os eventos.

Em Junho deste ano, Lawrence Coburn, CEO da DoubleDutch, já tinha levantado a ponta do véu num texto que publicou no seu LinkedIn após uma reunião com a Apple.

Porquê a Apple? Não é muito complicado responder a esta questão, dada a importância deste parceiro no universo das aplicações.

Ainda em Junho, a Apple teve a conferência anual para programadores, a WWDC, onde habitualmente são feitos importantes anúncios. E este ano não fugiu à regra. É a partir daí, e da reunião que Coburn teve no gigante americano, que se percebe que a Apple se prepara para alterar as regras de distribuição das aplicações na sua loja digital, no caso específico dos eventos, e é bem clara: o caminho é a app universal e distanciar cada vez mais os fornecedores de desenvolverem aplicações de marca branca, ou seja, uma aplicação específica para cada cliente.

Se tivermos em conta que a Apple pode determinar o caminho a seguir, não seria a primeira vez que traçava o rumo num determinado negócio. Como principal player no mundo das aplicações e gigante das tecnologias de informação, com toda a capacidade de lobby que tem, está mais do que visto que aquilo que hoje é uma possibilidade, em breve, vai tornar‑se obrigatório.

Por esta altura, perguntará quem está a ler este texto, e tem responsabilidades na área dos eventos, este é o melhor caminho?

Só o tempo o dirá certamente mas, se olharmos à nossa volta, para as aplicações empresariais que são usadas por clientes em todo o mundo, a verdade é que as apps de eventos estão a seguir um caminho paralelo, que traz problemas acrescidos a quem distribui e desenvolve as aplicações.

Quem distribuiu, por exemplo a Apple e a Google, deixa de ter vários processos de aprovação em curso. A app universal está aprovada, só sofrerá alterações quando é modificado o produto em si, e o que altera é o conteúdo para cada evento. Neste caso a responsabilidade é de quem desenvolve ou gere conteúdos. Para os fornecedores, e até para o cliente final, o que organiza o evento, há vantagens claras no processo de aprovação. Será mais simples, por exemplo, gerir o registo de participantes ou produzir as credenciais de cada convidado.

Voltámos assim ao início do texto e ao caso concreto do produto pelo qual sou responsável. O Embly, um produto que está no mercado desde 2015, foi testado por dezenas de clientes em mais de uma centena de eventos, e está preparado para esta alteração crucial, que pode acontecer já em 2018.

Estamos a preparar uma aplicação universal Embly que poderá receber os eventos customizados de cada cliente, garantindo a privacidade dos dados e elevando os eventos a outro nível de interactividade.

Pedro Varela
Business Manager da Embly