Co-criação e os eventos

19-10-2017

Em 2008, a Lego decidiu criar o site Lego Ideias com o objectivo de dar a oportunidade aos fãs de poderem contribuir com sugestões de novos produtos.

Uma das propostas foi a criação no universo Lego das figuras de A Teoria do Big Bang. Vantagens desta experiência? O surgimento de novas ideias, a redução do risco na introdução ao mercado, e o envolvimento dos fãs mesmo antes do produto ser lançado. Em Agosto de 2017, a Marketeer dava conta do desafio da EDP aos jovens criativos de ajudarem a pensar num novo festival de música. Estes são dois exemplos óbvios da co-criação.

O termo começou a ser usado em 2004, no seguimento do best-seller “O futuro da Competição", de C.K. Prahalad e Venkat Ramaswamy. Segundo a Wikipédia, ela própria um exemplo de co-criação, esta acontece quando as pessoas de fora da empresa como fornecedores, colaboradores e clientes se envolvem no negócio ou produto, agregando valor e recebendo em troca os benefícios de sua contribuição.

Segundo o site Vision Critical, a colaboração beneficia os negócios da seguinte forma:

1. aumenta a capacidade de inovação sem ter que constituir uma equipa para a criar;

2. aumenta o ritmo da inovação, uma vez que os clientes já estão a par dos produtos;

3. aumenta o fluxo de ideias, tornando-o consistente e permitindo que essas mesmas ideias entrem de imediato em pipeline;

4. melhora a capacidade de promover o produto, já que o processo só permite que as melhores ideias passem à fase final.

Como co-criar?

O report Tendências em Eventos e Reuniões 2017 da Creative Group aponta a co-criação como uma das principais tendências para este ano. E o Event Manager Blog, sempre atento ao mercado, apresenta os seis passos para co-criar em eventos:

1. Iniciar

Defina o propósito e o objectivo do evento e dê as coordenadas de participação, solicitando inputs dos participantes. Pode fazê-lo com facilidade por exemplo criando um site, e enviando um email para a base de dados a convidar à participação.

2. Inspire os participantes

A regra principal é tornar o processo simples, ninguém vai participar se tiver de preencher dezenas de campos. Nas redes sociais pode ir colocando conteúdos que de alguma forma ajudem a incentivar os potenciais participantes, mostrando-lhes os benefícios da co-criação. E pode sempre pensar numa forma de premiar a participação.

3. Reunir as ideias

Crie por exemplo um evento no facebook e utilize a plataforma para reunir as ideias e os dados que for coligindo.

4. Identifique quais são as melhores ideias

Para isso conte também com os contributos da audiência. As ideias com mais “gostos” e “partilhas” devem merecer desde logo a sua atenção.

5. Seleccione as melhores

Com o input da audiência no seu bolso, perca tempo a analisar as ideias. Se for o caso contacte o autor e perceba melhor o alcance da sugestão. Depois de fazer uma selecção pode voltar a pedir a opinião, ou pode organizar uma votação. Os prémios são sempre um bom incentivo à participação.

6. Crie o conteúdo final

Ao organizar o evento já tem conteúdo revelante para os seus participantes e estes vão ser os seus principais influenciadores e promotores do evento. Reconheceu a importância do público, o público vai certamente devolver a confiança.

Os eventos como fonte de conteúdo colaborativo

Já são vários os eventos realizados com o firme propósito de co-criar. Muitos deles estão ligados às startups e ao universo das tecnologias. Mas esse propósito nos eventos pode ser bastante mais democratizado. Por exemplo, experimente desenhar activações de marca que permitam aos consumidores dar feedback e contributos concretos sobre o produto ou serviço. Esta circunstância permite criar um efeito de bola de neve que beneficia marca, porque dá soluções mais próximas do que o consumidor quer, e consumidor, porque sente que a marca confia nele. E se o consumidor está satisfeito rapidamente se torna um “evangelista” da marca.

A VisionCritical dá dois exemplos de como a exploração da co-criação através dos eventos é eficaz para as marcas. O primeiro é da DHL. Esta empresa de transporte e logística, uma das maiores do mundo, decidiu organizar, na Alemanha e em Singapura, workshops com alguns dos clientes mais leais, com o objectivo de co-criar soluções que melhorassem a experiência do cliente e o serviço. E foram várias as “invenções” que surgiram a partir desses eventos, encabeçadas pelo Parcelcopter, um serviço de entrega através de drone. Os próprios participantes dos workshops testaram este potencial serviço. Segundo a Forbes os esforços de co-criação da DHL melhoraram em 80% os índices de satisfação dos clientes. Outro exemplo é o do Manchester City. O clube inglês decidiu fazer algumas alterações no aspecto do site e na experiência em mobile e para isso decidiu lançar focus groups, inquéritos, testes de utilização e novos protótipos. Juntamente com os adeptos, o clube co-criou uma experiência mobile, rica em vídeo e outros conteúdos e com um design moderno.

Estas são apenas algumas dicas. E para não deixarmos isto nas palavras, convidamos o leitor a co-criar connosco a próxima edição da Event Point sugerindo temas e entrevistados. Envie‑nos uma mensagem no Facebook ou deixe-nos o seu input em info@eventpointinternational.com. Há assinaturas anuais disponíveis para todos quantos colaborarem!