Côa Summer Fest: um festival com uma “gigante” preocupação ambiental

30-07-2018

É um festival que tem “muito mais do que música”. Aos concertos, o Côa Summer Fest, que vai decorrer de 2 a 4 de Agosto em Foz Côa, junta actividades desportivas, momentos de festa e consciência ecológica. À Event Point, Rui Pedro Pimenta, organizador do festival, contou como o evento tem evoluído ao longo dos anos, falou dos desafios de organizar um festival no interior do país e revelou as medidas que este ano vão ser adoptadas para tornar este evento mais amigo do ambiente – e a grande novidade passa por uma acção de florestação.

 

Como nasceu o Côa Summer Fest e como tem evoluído ao longo dos anos?

O Côa Summer Fest nasceu há sete anos, em 2011, pela necessidade de criar um evento que dinamizasse o concelho de Foz Côa nesta altura do ano. No Verão, vemos um aumento significativo na população devido ao regresso dos jovens para férias. A oferta cultural direccionada a este público sempre foi, contudo, bastante reduzida. Enquanto membros da Associação Juvenil Gustavo Filipe, já organizávamos diversos momentos culturais e desportivos, portanto, decidimos juntá-los e criar um evento maior. Assim surgiu o Côa Summer Fest, um evento onde apostámos em ter muito mais do que música. Ao longo dos anos, o formato do festival foi evoluindo. Na primeira edição, por exemplo, tivemos três noites bastante diferentes que juntaram moda, música e teatro. No entanto, ao longo dos anos optámos por repensar o conceito e dar-lhe outros moldes. Desta forma, sem nunca esquecer a parte musical, fomos desenvolvendo um programa variado, mas com alguma concordância. Actualmente o nosso cartaz conta com noites de concertos gratuitos, actividades desportivas, pequenos momentos de festa e com dias passados nas piscinas municipais.


Quais são as principais novidades para esta edição?

Dividimos o festival em momentos dia e noite e apostamos, sobretudo, num programa diversificado. Em termos de concertos, Putzgrilla, Mundo Segundo, Jimmy P e Blaya vão pisar pela primeira vez o palco deste festival. Além da música, este ano a grande novidade é a Côa Bubble, uma festa da espuma que vai acontecer ao longo de cinco quilómetros, nas principais ruas de Foz Côa. Vai ser um momento divertido para todas as idades. Durante o percurso, as pessoas poderão andar, correr ou rebolar; tudo é válido até passarem a meta. Este ano, o Côa Summer Fest também estará mais verde – iremos promover uma iniciativa em que levaremos os festivaleiros a plantarem aquele que será o futuro parque de campismo do Côa Summer Fest. Será uma forma de contribuir para o município e sensibilizar quem nos visita para as questões ambientais. 


Quais os principais desafios de organizar um festival no interior?

O principal desafio passa por trazer pessoas de zonas envolventes e incentivá-las a ficar em Foz Côa ao longo de todo festival. Queremos contar com a participação das pessoas da cidade, mas procuramos atingir também pessoas de outras regiões. O facto de termos um local para campismo, sem qualquer custo, e preços mais reduzidos na Pousada da Juventude da cidade é um incentivo para que os jovens fiquem. Simultaneamente, damos aos festivaleiros acesso à piscina municipal. Mais uma opção para passarem os seus dias até que os concertos comecem. Outro dos desafios passa pela captação de apoios que nos ajudem a fazer o festival crescer. Estar numa zona remota leva a que as marcas não se aproximem tanto, mas acreditamos que a evolução positiva do Côa Summer Fest nos tem permitido, e continuará a permitir, combater esse desafio ao longo dos anos.

 

Como tem sido a evolução desses apoios de marcas a patrocinadores?

Todos os anos focamo-nos em conseguir apoios de marcas e outras entidades. Já tivemos apoios que estiveram connosco e, por força da situação económica, deixaram de estar e já tivemos outros que se foram juntando a nós. Além das marcas, o apoio do Município de Foz Côa e do IPDJ – Instituto Português do Desporto e Juventude é essencial para o Côa Summer Fest. Depois temos algumas marcas que já se encontram ao nosso lado há várias edições, como é o caso do Super Bock Group, através da Super Bock e da Somersby. Esta última, inclusive, dá nome a uma das nossas actividades diurnas, a Somersby Pool Party. Temos ainda marcas e entidades que nos vão apoiar pela primeira vez este ano. É o caso da Olá, da APORFEST – Associação Portuguesa de Festivais de Música, da Casa de Vinhos Ramos Pinto e do Museu do Côa.


Que medidas vão implementar este ano para tornar o evento mais sustentável?

As questões ambientais foram muito pensadas na organização da edição deste ano. O debate sobre a utilização excessiva de plástico está na ordem do dia e não podemos ignorar o impacto que os festivais, e outros eventos de massas, têm no ambiente. Para tentar minimizar a pegada ecológica do Côa Summer Fest substituímos os copos de plástico por copos reutilizáveis. Colocámos também ecopontos no recinto e aumentámos o número de depósitos de lixo, de forma a evitar resíduos no chão. Dado o crescimento do festival e a necessidade de dar aos festivaleiros um local de campismo mais amplo e verde, tal como referi anteriormente, vamos promover uma acção de florestação, em parceria com o município. Durante a tarde de 3 de Agosto todos poderão pôr mãos à obra e plantar a sua própria árvore naquele será o futuro parque de campismo do festival.


Fazem algum trabalho de pedagogia com as marcas presentes no evento quanto a estas questões da sustentabilidade, nomeadamente quanto à forma como se apresentam no recinto?

Tentamos alertá-las para este tema da melhor forma possível. O facto de termos multiplicado os pontos de recolha de lixo são logo um forte indicador da nossa preocupação, que queremos que seja partilhada pelas marcas que estão connosco. Tanto ao Super Bock Group como à Casa de Vinhos Ramos Pinto foi pedido que fizessem todos os serviços de bar utilizando exclusivamente os nossos copos reutilizáveis. Esta preocupação estendeu-se ao município, a quem solicitamos a colaboração na colocação de lixos e ecopontos e na acção de florestação. Estas pequenas mudanças são importantes pois são um passo essencial para que todos comecemos a levar a redução de lixo mais a sério. Somos um festival ‘tímido’ no cenário nacional, mas que tem uma preocupação gigante com esta vertente ecológica.

 

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Cláudia Coutinho de Sousa,

com Maria João Leite