Coragem e humanização

Reportagem

13-09-2021

# tags: Tendências , Eventos

Palavras que sintetizam a 14ª edição da QSP Summit.

A organização da QSP Summit decidiu arriscar num evento IRL (in real life), e as marcas e o público disseram “presente”. A satisfação por ‘voltarmos a estar juntos’ foi palpável durante os três dias do evento, que começou com uma cerimónia oficial, no Teatro Rivoli, e se estendeu por mais dois dias, na Exponor. No Rivoli, os habituais discursos institucionais, onde os vários oradores destacaram a importância dos grandes eventos para os destinos, sobretudo nesta altura. Rui Ribeiro, diretor da QSP Summit, assumiu que “esta é a edição mais desafiante e dispendiosa até hoje”, e que estão “alinhados com o Turismo de Portugal e o Turismo do Porto e Norte de Portugal para contribuir para o setor da meetings industry” no destino.

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Foi na Exponor onde decorreu a maior parte da ação. No espaço expositivo, dezenas de empresas competiram pelo tempo dos participantes. Os brindes e os concursos foram algumas das estratégias mais utilizadas. Houve algumas ativações interessantes, como foi o caso da Legenday, que montou um ‘Centro de Vacinação’, com um inquérito sobre o estado da criatividade do participante, e no fim colocavam um selo no ombro do “vacinado”. Este centro até área de recobro tinha. A RTP montou uma sala de estar no seu stand para apresentar o RTP Play. O stand primou pelos pequenos detalhes, incluindo os promotores usarem laço, uma imagem de marca do presidente da administração da empresa, Nicolau Santos.

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Arriscar, arriscar, arriscar

Foi uma das mensagens mais veiculadas nas conferências, e sob diferentes perspetivas. Malcolm Gladwell, autor best seller do New York Times, era um dos nomes mais esperados. O jornalista refletiu sobre o tempo que demoram as grandes ideias a tornarem-se populares e adotadas de forma mais massificada. Deu o exemplo dos contentores dos navios, do computador pessoal, dos carros elétricos, das caixas multibanco, da lavagem de roupa a frio, dos tanques de guerra ou dos leitores de vídeo, para mostrar a resistência, ou os obstáculos, que todas essas ideias tiveram de ultrapassar. Segundo o autor, os inovadores não pensam muitas vezes no processo cognitivo que as pessoas têm de fazer para adotar os grandes inventos. E, por outro lado, não basta ter uma ideia, é preciso ter uma cultura na organização consistente com a ideia. “As melhores ideias são as que implicam mais tempo” e a invenção é só início. E mesmo o mundo moderno requer paciência.

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Kate Bravery, da Mercer, elaborou sobre as novas formas de trabalhar. Começou por avisar: “Ninguém quer trabalhar para si, quer trabalhar consigo”, e a Covid acentuou a perspetiva de que há vida além dos empregos. E se os trabalhadores estão a pensar assim sobre o trabalho, o mundo do trabalho tem de se transformar. A psicóloga regista que o teletrabalho não diminuiu a produtividade das empresas, mas o desafio agora é pegar naquilo que resultou dos últimos 18 meses e colocar na cultura da empresa. As empresas progressistas investem na organização e no valor das pessoas; pensam nas novas formas de trabalho e de liderança; constroem um mindset ágil e estratégico; preparam-se para o desconhecido. Para a responsável, é fundamental criar uma liderança centrada no ser humano.

Martin Wezowski foi o motivador e o inspirador desta jornada. Falou de futuro e de como nos prepararmos para ele e deu algumas ferramentas para o abordar. A primeira é dizer a ideia, a visão, em voz alta; depois, mostrar, envolver as pessoas nessa visão; e finalmente tomar decisões. Pelo meio há que abraçar a complexidade, a diversidade e a mudança. “Risk is our business”, lembra o futurista da SAP.

E para enfrentar o futuro e ter sucesso é necessária uma grande inteligência emocional, disse o psicólogo Martyn Newman. Há 10 skills a desenvolver: autoconhecimento, autocontrole, autoconfiança e autosuficiência, por um lado, ajudam os líderes a comunicar a sua visão e a inspirar os outros. Depois, empatia, relacionamento e franqueza, permitem entender a dimensão emocional do negócio e impactar as pessoas ao nível pessoal. Finalmente, otimismo, auto-atualização e adaptabilidade ajudam a responder criativamente aos desafios.

Aline Santos, Chief Brand Officer da Unilever, demonstrou com case-studies da empresa que uma marca com propósito cresce duas vezes mais rápido. E apela: “temos de sair da secretária e estar onde estão os consumidores”. As marcas têm de arriscar porque o “business as usual” acabou. Têm de ser reais, fazer o bem e ser relevantes e imperdíveis.

Para isso, temos de conhecer bem o nosso público. A analista de tendências Lauren Coleman esteve na QSP Summit a falar de millennials e nos diferentes subgrupos e como é importante ter pessoas desta geração nas estruturas das empresas.

Temos de surfar a onda, incitou Peter Fisk, professor de liderança e autor consagrado, abraçar a mudança e adotar novos códigos de negócios. Procurar propósito em vez de lucro, conectar talento e tecnologia, transformar a hierarquia num sistema de colaboração são novos mindsets e para liderar o futuro é necessária curiosidade, imaginação, humanidade, reponsabilidade, transformação, colaboração, coragem e impacto. Agora é tempo de arriscar!

 

Cláudia Coutinho de Sousa

© Cláudia Coutinho de Sousa Redação