E passaram 10 anos...

02-08-2021

# tags: Tendências , Eventos

«A Event Point faz em 2021 dez anos. E pedimos a 11 profissionais dos eventos o exercício de pensarem no que pode ser a próxima década.»

E voltámos definitivamente ao escritório, depois de diversas variantes de um vírus com origem desconhecida, que finalmente conseguimos derrotar.

Mas hoje tudo é diferente, os novos condomínios passaram a ter um espaço onde podemos trabalhar com todo o conforto e segurança, sem sair da área da residência. O escritório resume-se a meia dúzia de salas onde marcamos presença apenas uma a duas vezes por mês para reuniões de kick-off ou conclusão de projeto. As empresas substituíram os carros de empresa por um livre acesso ao uber através de um orçamento mensal definido e o plafond de telemóvel foi alargado a um vasto serviço de funcionalidades de internet em cada residência-escritório. Os eventos corporativos passaram definitivamente a híbridos, reunindo desta forma todos os colaboradores, estejam eles em Lisboa, Nova Iorque ou Moscovo. As conferências e fóruns passaram a digital permitindo assim que, à distância de um clique, tenhamos no nosso ecrã os maiores especialistas internacionais do tema em discussão.

Voltámos aos festivais com mais dias de espetáculos e menos público diário, o que permite de algum modo um maior impacto da comunicação das marcas no terreno sobre o seu público-alvo. As marcas começam a comunicar o futuro dos seus projetos e viram-se para a compra imediata no próprio festival. O negócio puro e duro, sem grandes malabarismos passou a ser o foco da ativação das marcas, os promotores contratados dão lugar aos colaboradores das empresas presentes nos spots tecnológicos numa extensão do seu trabalho. Todos os festivais hoje em dia são medidos através do bilhete/ pulseira de dados, o que permite que as marcas avaliem o comportamento do seu cliente no festival, onde comeram, que marca visitaram, quanto tempo permaneceram no concerto A B ou C. O próximo evento será programado já de acordo com este report pós-festival.

O mercado das agências multinacionais reduz os seus efetivos, o que dá origem a uma multiplicação de pequenas agências. Surge o negócio local onde hoje em dia o talho

ou a mercearia já contratam uma agência para um rebranding da sua marca ou a elaboração de um anúncio digital a colocar no painel instalado em cada rua das principais cidades do país. Também os comerciantes têm os gostos do seu cliente bem estudados através de estudos locais elaborados pelas câmaras municipais e protagonizam as suas campanhas com base nessas avaliações. Tudo gira em torno do Senhor X que tem um interesse Y ou tem dúvidas Z.

Já é possível hoje em dia encomendar um concerto, um evento familiar, através de um canal próprio disponível em cada assinante de um operador. Os canais generalistas desaparecem e transformam-se em produtores de conteúdos que são vendidos consoante a preferência dos telespetadores. O mundo mudou, os carros elétricos dominam as estradas e temos já milhares de carros sem condutor no país. A rádio transformou-se outra vez no meio de comunicação por excelência, os grandes comunicadores do país atropelam-se para ter um programa de autor no top 5 das rádios nacionais, os anúncios radiofónicos transformaram-se em experiências sonoras desenvolvidas pelas produtoras de som. O mundo evoluíu mas recuperou as profissões antigas e seculares. Hoje voltou a ser normal vermos uma loja de artesanato ou um engraxador em qualquer esquina da cidade.


© Manuel Roque Opinião

General manager da 29 graus