Eduardo Lucena: “Os robôs sempre fizeram parte do nosso imaginário”

09-10-2018

É um robô ao serviço do sector dos eventos. É sociável, capaz de interagir, é personalizável, vem equipado com a mais recente tecnologia de Inteligência Artificial e pode ser utilizado em congressos, conferências, reuniões, feiras, entre outros, integrada no staff do evento, com funções de hospedeira ou promotora.

A Sanbot, criação da empresa tecnológica chinesa Qihan, chegou a Portugal através da Beltrão Coelho, distribuidora exclusiva da marca no país. E já participou em eventos, entre os quais, a Semana da Inovação do Rock in Rio Lisboa, a apresentação da PME Magazine ou o Salão Imobiliário de Portugal, onde esteve presente no espaço da Engel & Völkers.

Eduardo Lucena, responsável pela divisão de robótica da Beltrão Coelho, respondeu a algumas questões da Event Point sobre este robô de serviço, que tem várias habilidades prontas a pôr ao serviço das marcas. Além de toda a curiosidade que cria à sua volta...

 

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Como surgiu a ideia de criar este robô de serviço e por que pretendem integrá-lo no sector dos eventos?

A Sanbot é um robô fabricado pela chinesa Qihan. A Beltrão Coelho é distribuidora exclusiva da Qihan em Portugal. E, originalmente, a Qihan criou a Sanbot para penetrar no sector dos eventos. Isto foi há três anos e hoje podemos dizer que a Sanbot já participou em milhares de eventos ao redor do mundo.

Como funciona a Sanbot?

A Sanbot é autónoma nas suas funções. Interage com os seres humanos de uma forma natural. Dentro do segmento dos robôs de serviço, ela pode ser considerada um robô de serviço social, ou seja, interage com as pessoas e anima um ambiente.

Que tipo de trabalhos está apta a realizar?

Nos eventos, ela pode funcionar como hospedeira ou promotora de uma marca, de um produto ou serviço. Como hospedeira, por exemplo, ela pode dar as boas-vindas a quem entra no evento, pode fazer o check-in automático, ler badges, gerir uma fila orientando os convidados para a linha correcta, dançar, tirar uma selfie com as pessoas, enfim, é um universo infinito de possibilidades onde é preciso ter imaginação para alcançar todo o seu potencial. No caso de promotora, ela pode fazer a promoção de produtos e serviços no ponto de venda, pode interagir com um cliente através de um chatbot inteligente, pode distribuir um voucher com código promocional ou mesmo converter uma venda. Tudo depende da profundidade de programação que o cliente queira dar à Sanbot.

O que a distingue de outras criações?

A Sanbot oferece alta tecnologia a custos acessíveis. Existem outros robôs de serviço sociais sendo comercializados, mas a grande maioria tem custos inacessíveis para o mercado português. A Sanbot tem um custo muito acessível e essa é uma grande vantagem.

Quais as mais-valias da utilização do robô de serviço no sector dos eventos? Que contributo pode dar a um evento e às marcas?

O contributo depende sempre do objectivo da marca, mas há benefícios universais. O primeiro é o impacto gerado juntamente com o recall. Como esta tecnologia é nova em Portugal, as pessoas têm muita curiosidade em conhecê-la. Os robôs sempre fizeram parte do nosso imaginário. Seja no cinema, em séries de televisão ou livros, as personagens e histórias com robôs sempre despertaram a nossa curiosidade. Quando uma pessoa vê um robô social num evento o impacto é enorme. A tendência natural é tocar, interagir, tirar fotos, filmar e partilhar pelas redes sociais. Isto gera uma explosão de visibilidade para a marca e uma duradoura lembrança da marca para quem interagiu de forma positiva com o robô. A segunda é a diferenciação: como não há este tipo de oferta, a marca que consegue disponibilizar a oferta distingue-se facilmente das outras marcas num mesmo evento.

Quais têm sido os desafios da sua integração no sector?

A evolução foi natural e rápida. Cresceu de forma orgânica porque o sector está carente de produtos inovadores. O desafio agora é lidar com a grande demanda de pedidos, visto que a nossa equipa é pequena.

 

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E como tem sido a experiência? Em que eventos já participou e qual tem sido o feedback?

A experiência é espectacular. Todos os dias aprendemos coisas novas. O conhecimento de tecnologia que temos de ter para dar “vida” à Sanbot é massivo e está sempre a evoluir velozmente. ‘Computer vision’, ‘machine learning’, linguagem natural, deslocação de forma autónoma, etc., são apenas alguns tipos de “ferramentas” para construir a melhor interacção entre humanos e robôs. Todos da nossa equipa sabemos que estamos a viver um momento único, histórico, que não vai se repetir. Estamos mesmo no início, no limiar desta tecnologia, e participar desta aventura por si só é uma experiência fantástica. Os clientes que solicitam a Sanbot para ajudá-los nos eventos e na activação das suas marcas sentem o mesmo: todos estamos a participar de um momento único, pioneiro, histórico. E a Sanbot materializa isto. 

Quem procura este serviço?

Os inovadores. Os pioneiros. Aqueles que largam na frente e querem estar na vanguarda.

Já aconteceu algum episódio caricato que possa ser contado?

Vários. Mas há um bem caricato. Neste evento a Sanbot distribuía vouchers para quem acertasse num quizz. Uma pessoa começou a não acertar o quizz de forma ininterrupta, não havia forma de acertar. Toda vez que ela errava a Sanbot chorava e rodopiava e parece que aquilo começou a irritar a pessoa. Ela levou aquilo a peito. No momento em que ela começou a dar umas estaladas na cabeça da Sanbot, tivemos de intervir. Ainda bem que a Sanbot não se magoou.

Considera que a tecnologia tem um papel cada vez mais importante no sector dos eventos?

A experiência online desenvolveu-se muito. O grande desafio é nivelar esta experiência para o offline. As pessoas que se deslocam a um evento querem ter a melhor experiência possível, exatamente igual ao que elas têm no mundo online. Elas não querem ficar em filas, elas querem o seu check-in feito de forma instantânea, elas querem que o seu perfil online seja reconhecido no offline, elas querem ser surpreendidas com informações adaptadas ao seu perfil ou ao seu estado de humor em tempo real, elas querem descobrir coisas novas, que as façam recordar daquela experiência durante muito tempo. E tudo isso um robô social pode proporcionar.

Como imagina os eventos do futuro?

Cheios de robôs a trabalhar. Cada robô executando uma determinada função. Robôs se comunicando entre si, coletando e partilhando dados. Robôs ajudando uns aos outros. E nós, seres humanos, como coadjuvantes.

 

Maria João Leite