“Em Braga é fácil” é o lema para a Meetings Industry

11-10-2017

A cidade assume-se cada vez mais como uma das primeiras entre as chamadas “cidades de segunda linha”, com grandes congressos e espaços bem pensados.

Braga está cada vez mais na rota da meetings industry (MI) e os players da região, e de todo o país, reconhecem o peso crescente da cidade na atracção de congressos e eventos para o Norte do País. Mas será que está preparada para receber grandes eventos e mesmo trabalhar em articulação com o Porto neste negócio? No Pequeno-Almoço Event Point, que se realizou no Hotel Meliá, em Braga, o debate sobre o papel da cidade dos bispos no segmento foi animado e contou com a presença de José Carlos Coutinho, do Novo PEB (Parque de Exposições de Braga), António Barroso, da autarquia, Sandra Lorenz, da Associação de Turismo do Porto, Jorge Ferreira, da Best Events, Delfim Filho, dos Hoti Hotéis, João Paulo Oliveira, da Leading, Cristina Padilha, do INL (Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia), Ana Torres, da AM -The Experience Group, Júlia Costa, da Universidade do Minho, e Andreia Almeida, do Meliá Braga.

Do lado de quem trabalha para captar negócio, já não existem grandes preconceitos face às chamadas “cidades de segunda linha”. E os grandes eventos que estão a ser realizados no INL, bem como o investimento para relançar o PEB, e o dinamismo da Universidade do Minho (UM) são três das âncoras para que Braga se transforme num player importante, com uma influência alargada, que passa pelo Porto e chega mesmo a Santiago de Compostela.

Cada vez mais, quem trabalha na MI procura destinos diferentes. E Braga tem todas as condições para dar uma boa resposta a esta necessidade, com a parte cultural, o lado religioso e por estar a dois passos do Gerês, entre outras coisas. Além disso, a cidade, que chegou a ser confundida com Praga em apresentações internacionais, começa a ganhar nome por si e a ter uma oferta hoteleira crescente para acomodar quem viaja em turismo de negócios. Os principais argumentos de Braga na luta por negócio de MI passam por ter um aeroporto a 30 minutos (no Porto), pela facilidade com que se resolvem problemas burocráticos e por ser um local ideal como base para visitar a região Norte, aproveitando também o impulso que o Porto está a dar a esta zona de Portugal.

Braga está também a dar cartas nas áreas do conhecimento, com a ajuda da Universidade do Minho e do INL, que tem previstos vários eventos em larga escala até ao final do ano. Já a universidade ocupa os seus espaços com eventos próprios, depois de um grande investimento nestas infra-estruturas, ainda que organizar eventos esteja longe de ser o principal negócio da instituição. No caso da UM, as restrições orçamentais são sempre um “complicador” na altura de realizar um congresso, por exemplo, ainda que a recente alteração de estatutos da entidade, para uma fundação pública, ajude a ultrapassar alguma burocracia e a trabalhar mais facilmente com quem é especialista nesta matéria.

Já o INL aposta sem grandes dúvidas na atracção de eventos interessantes para a instituição e que depois possam ser convertidos em reuniões e acordos. Há quem defenda que a cidade precisa de um Convention Bureau, para articular melhor a oferta e promover especificamente a região. Mas Braga conta neste momento com o apoio das estruturas de turismo do Porto, cidade com a qual cada vez mais trabalha em rede para organizar os eventos que vêm para o Norte, uma estratégia que faz cada vez mais sentido, visto que a cidade Invicta está com um crescimento muito acentuado e nem sempre dá resposta a todas as solicitações. E Braga pode acolher estes eventos e muitos mais, ao mesmo tempo que concorre a projectos em articulação com o Porto. Nessa dimensão a recente adesão à Associação de Turismo do Porto tem todo o sentido.

“Trabalhar em Braga é fácil”

Os players do sector que trabalham na cidade, quer sejam locais quer sejam nacionais, querem passar a mensagem de que a máquina burocrática montada em Braga ajuda bastante na hora de ultrapassar obstáculos na realização de qualquer evento, sob o lema “Trabalhar em Braga é fácil”. Uma prova disto é a inauguração, em breve, do novo PEB, um projecto que foi amadurecendo ao longo dos anos e que por isso está pensado para que vá de encontro às necessidades do sector. O espaço pretende afirmar-se pela polivalência, flexibilidade e gestão e levar para o mercado toda a força dos restantes parceiros da cidade, quer seja a autarquia, hotéis, empresas e organismos de ensino e conhecimento. O reconstruído PEB tem como ambição apagar a má imagem do pavilhão anterior, que tinha falta de condições para receber até os eventos mais pequenos.

E cada vez mais se nota que os agentes se sentam à mesa, planeiam e trabalham em conjunto, mesmo no que diz respeito à oferta hoteleira que é por vezes complicada de assegurar rapidamente para um elevado número de pessoas. No entanto, ainda é preciso dar tempo ao tempo e, sobretudo, colocar Braga numa boa posição em termos de preços, com o equilíbrio certo entre a competitividade e qualidade.

A aposta no MI será também uma forma de combater a sazonalidade, com a cidade a ser conhecida sobretudo pela vertente religiosa, que tem o seu expoente máximo na Semana Santa. Braga está também atenta aos efeitos que o turismo em massa está a ter em cidades como Lisboa e Porto. A cidade quer evitar a especulação imobiliária e tomar conta de quem por lá vive, para que colha os benefícios deste negócio e não sofra com os aspectos negativos.

Por outro lado, nem sempre as pessoas conhecem o que há para oferecer na cidade e Braga convida os curiosos a entrar na Sé ou a visitar um arquivo que contém um documento assinado por D. Afonso Henriques. Sem grandes anúncios, a cidade vai recebendo eventos e congressos e está agora apostada em recuperar e gerir a Pousada da Juventude, com o objectivo de captar mais dormidas, para quem queira visitar toda a região Norte. E com uma atenção especial para as famílias, que contam com uma oferta indicada às suas necessidades.

Alexandra Noronha