Emídio Sousa: “O nosso grande objectivo é a internacionalização dos eventos”

04-01-2018

O ano de 2017 foi de reconhecimento para os eventos organizados pela autarquia de Santa Maria da Feira, nomeadamente o Imaginarius e a Viagem Medieval.

Além do prémio da Gala dos Eventos, o Município arrecadou o prémio Eventex e ficou entre os finalistas dos Bea World. Estivemos à conversa com o presidente da Câmara de Santa Maria da Feira, Emídio Sousa.

2017 foi um ano de vários prémios para Santa Maria da Feira. É o reconhecimento da vossa estratégia enquanto concelho neste sector dos eventos?

O nosso trabalho tem vindo a ser reconhecido por diferentes instituições. Para nós é muito agradável e motivador. A nossa aposta no sector dos eventos culturais, e outros, mas principalmente os eventos culturais, é muito forte. O entendimento que tenho da cultura é que não é um custo, mas um investimento. Estou apostadíssimo em desenvolver esta cultura de criatividade, de acção, de inovação no território, que pode ser associada à economia. Aquela ideia que quase todos têm que a cultura é algo que dá despesa, que precisa de subsídios, que não acrescenta nada à economia, é errada. Eu tenho uma perspectiva completamente diferente, e inclusive com as mudanças vertiginosas que estamos a assistir no mundo do trabalho, da automação, da robótica, cada vez mais considero pertinente e importantíssimo o investimento na cultura.

Têm dois eventos âncora na estratégia, a Viagem Medieval e o Imaginarius. Estão a pensar em mais algum para os próximos anos?

Temos ainda o Perlim, o Parque Temático do Natal, que já tem também uma série de edições e que tem vindo a crescer exponencialmente. Em 2016 tivemos mais de 120 mil visitantes, muitos do mercado espanhol e francês. Portanto diria que é um outro grande evento que agora está a fazer o seu percurso. A nossa Festa das Fogaceiras, que é em Janeiro, é um evento comemorativo da cidade, também já tem tido algum impacto, principalmente ao nível de eventos culturais que temos vindo a associar, mas eu diria que este terceiro grande evento que é o Perlim. Está a fazer um caminho também muito interessante.

Como responde ao desafio que é conciliar os grandes eventos e a vida normal da cidade?

É uma preocupação, mas nós conseguimos ter já hoje os moradores perfeitamente envolvidos no processo. Temos muito cuidado no tratamento com os moradores, desde a facilitação do acesso, os problemas do ruído, que são às vezes críticos, mas a maioria destes eventos nós procuramos que não se estendam muito para além da meia-noite, para não perturbar muito o descanso das pessoas. As pessoas do Centro Histórico, onde se desenvolvem a maioria das actividades, já estão envolvidas, e isso aconteceu desde o início. Aliás raramente se queixam dos grandes eventos, muitas vezes até se queixam mais de um pequeno evento, de uma pequena acção de um dia, de uma manhã, que às vezes perturba mais, porque já interiorizaram que um grande evento é um momento alto da cidade e querem fazer parte dele.

E em relação a público internacional. Como vê a evolução do turismo internacional em Santa Maria da Feira?

Tem crescido muito. Temos feito uma aposta muito forte na promoção internacional dos nossos eventos. O nosso grande objectivo é a internacionalização dos eventos e dos artistas, e nós hoje já temos muita produção local. Temos feito campanhas muito fortes principalmente em Espanha, e também em mercados que nos parecem promissores como é o Brasil e os Estados Unidos. E temos tido esse retorno. Para ter uma ideia, em 2016, no Perlim, 25% dos visitantes eram espanhóis. A internacionalização é uma aposta permanente, o visitante vem, volta, fica mais do que um dia que é o nosso objectivo. Penso que as coisas estão a correr bem.

Em termos de estrutura de turismo, e para receber esse crescimento internacional, considera que o concelho está bem servido?

Julgo que temos aí alguma lacuna em termos de hotelaria. O nosso concelho como é muito industrial, a oferta hoteleira não é muito grande. Temos, se a memória não me falha, 600 quartos, mas penso que também quem beneficia muito são os municípios ao lado, principalmente Espinho, Vila Nova de Gaia e Porto. Estamos a falar de distâncias muito curtas, 5 km de Espinho, 10 minutos de Vila Nova de Gaia. São 25 km do Porto até à Feira. Na questão do alojamento, principalmente, ainda somos deficitários, mas a procura é facilmente suprida pela oferta que existe nos municípios à volta
 

Cláudia Coutinho de Sousa