Eventos são comunicação

12-06-2019

O mercado dos eventos está a mudar? Sim… muito!

Quem não se lembra de fazer propostas em que apresentávamos apenas um conjunto de serviços. Um Word horrível sem qualquer enquadramento em que listávamos todas as ações sem qualquer ordem específica com as ideias meio desconcertadas. Bom, talvez uma ordem cronológica! Então, o que tínhamos: I. Enquadramento, II. Espaços, III. Animações, IV. Decoração, V. Audiovisuais, VI. Design, etc etc…

Cada serviço era apresentado com uma memória descritiva básica e as fotografias quase sem qualidade, e quando existiam, serviam apenas para dar mais cor à proposta e mostrar que poderíamos alinhar as nossas ideias por um mood idêntico. E o orçamento??? No próprio Word à frente de cada rubrica! Valores muito certinhos e no final, só às vezes, é que conseguíamos ver um valor global de toda a proposta.

A evolução dos eventos, nesta última década, foi de tal maneira e a aposta das empresas neste mercado foi de tal forma, que fez emergir no mercado dezenas de empresas nesta área. E há mercado para todas elas? Provavelmente sim, e cada uma terá o seu espacinho...

Então como nos podemos manter num mercado em constante mudança, com tanta concorrência e com conteúdos fáceis, onde toda a gente diz que sabe fazer tudo? Aproveitando aquilo que temos de melhor: as pessoas, a criatividade e as ferramentas que estão hoje ao nosso dispor, para fazermos dos eventos um dos melhores meios de comunicação.

Hoje, criamos conceitos. Uma proposta é um verdadeiro storytelling e as marcas querem impactar os seus clientes e o seu público interno, querem ser diferenciadoras face à concorrência e só o conseguem fazer com conteúdos verdadeiramente “fora da caixa” que possam ser divulgados.

Todos os meios que usamos no pré‑evento, durante e no pós‑evento, como o naming, as cores, o formato das peças produzidas, os cenários, os palcos, a forma como os oradores entram em palco, as ativações que fazemos com o público e a forma como eles podem levar uma recordação e uma experiência diferente para casa, são tudo pormenores que temos que levar ao extremo. As sensações que são hoje exigidas têm de ser intensamente trabalhadas.

Eu hoje espero receber convites com realidade aumentada, chegar ao local e ter um check‑in eletrónico, faço download de uma aplicação onde posso fazer perguntas aos oradores convidados… ups, um dos oradores não veio, temos um holograma, UAU! E abertura? Bailarinos suspensos fazem interação com a projeção, écrãs que mexem e emoções, muitas emoções…

Não, esperem… vamos fazer rewind… chego ao evento e tenho um mapeamento de toda a fachada do edifício com um filme espetacular, cheio de movimento, cor e música. Quem é que não faz, de imediato, uma historinha para o Instagram ou Facebook, faz um vídeo e envia para os amigos, tira uma selfie e coloca de imediato online?

Se não tivermos cuidado com a imagem e a história que contamos nos eventos, não estamos a tirar partido do potencial desta divulgação fácil e partilha de informação com o mundo. Estamos a falar de comunicação e de como um evento pode capitalizar todo um conjunto de visualizações e retorno imediato para o cliente e de uma forma gratuita!

Mas nem tudo é fácil. Toda esta adaptação ao mercado é necessária e a reinvenção tem de ser uma constante. Já não podemos pensar no evento como uma simples reunião, convenção, team building que vai funcionar apenas para os convidados que estão ali no momento, a usufruir. Há que pensar como é que “o outro público”, que está lá fora, pode também ser impactado com a história que criámos e sintam necessidade de usufruir e também a partilhá‑la. Temos que pensar nos eventos como uma verdadeira ferramenta de comunicação.

Apesar de todas estas mudanças ao longo dos anos, aquilo que sabemos fazer bem não pode mudar: as ideias, a criatividade, o fazer diferente, a seriedade, o rigor e a qualidade com que se fazem os eventos.

Esta evolução faz‑nos apenas estar mais atentos, faz‑nos exigir mais das nossas equipas e faz‑nos querer superar as expectativas do cliente, mas também as nossas.

Podemos ceder a tendências? Sim, mas com cuidado. Podemos acompanhá‑las e moldá‑las para as tornar uma verdadeira ferramenta de marketing.

E no meio de todas estas mudanças, continua quem tem uma identidade,
quem tem PAIXÃO, pelos eventos
quem faz a DIFERENÇA.
E sim os eventos, hoje, são comunicação.

 

Angelina Castel‑Branco, iPartner iMotion