Grémio Literário: Eventos com charme
24-04-2017
Foi D. Maria II que, a 18 de Abril de 1846, criou por carta régia o Grémio Literário. Entre os fundadores encontram‑se figuras como Alexandre Herculano (sócio nº1), Almeida Garrett, Fontes Pereira de Melo e Anselmo Braancamp.
Em 1875, o Grémio instalou‑se no palacete do visconde de Loures, na zona do Chiado, e aí permanece até aos dias de hoje, procurando manter a intensa actividade intelectual que o caracterizou ao longo da sua existência.
Os assuntos mais mundanos também passaram por este espaço, não fosse ele um ponto de encontro da sociedade lisboeta a partir do século XIX. Sabia, por exemplo, que Eça de Queiroz localizou várias cenas de Os Maias neste espaço? E que no prédio ao lado viveria Maria Eduarda, a personagem feminina da obra?
Neste espaço, provavelmente único na cidade, decorrem vários eventos, praticamente o ano inteiro, organizados pelo Grémio e pelos seus sócios, desde jantares, reuniões, apresentações de livros, conferências, exposições, entre outros. Não recebe, no entanto, eventos de índole política ou religiosa, a não ser que sejam assuntos tratados do ponto de vista literário ou científico. Todos os eventos têm, no entanto e sem excepção, de ser intermediados, avalizados, pelos sócios (cerca de mil, individuais e colectivos). Há um secretariado, muito experiente, que presta apoio aos eventos, para que tudo corra na perfeição.
Algumas das salas
A Sala Luís XV é uma das mais interessantes do edifício. Em estilo Neobarroco, é sobretudo utilizada para reuniões sociais e banquetes. A Varanda é outro dos ex‑libris do Grémio Literário, já que alberga o restaurante. Debruçada sobre o jardim, dispõe de uma panorâmica sobre o Tejo. A decoração é em estilo Arte Nova. Na Biblioteca estão reunidos mais de 13 mil livros. Era aqui que Eça de Queiroz costumava consultar os jornais e revistas franceses. Aqui decorrem várias conferências e apresentações de livros. O Jardim do Grémio Literário era considerado por Eça de Queiroz “a minha Quinta com porta para o Chiado”. A versão actual desta zona é da autoria de Gonçalo Ribeiro Telles, sócio do Grémio.