Macau: Um Congresso que junta Ocidente e Oriente

23-03-2018

O território está a apostar na Meetings Industry em força e apresenta uma cultura única, que mistura Portugal e China, como argumento forte face à concorrência. Grandes casinos e resorts complementam a oferta.

No Delta do rio das Pérolas, às portas da China, há uma pequena ilha onde se encontraram, há centenas de anos, dois mundos separados por milhares de quilómetros. No coração da Ásia, milhares de turistas por dia visitam praças e igrejas portuguesas, comem pastéis de nata e tiram fotos nas escadas das ruínas de São Paulo. Pelo meio, é obrigatória uma passagem pelos casinos, que dão fama mundial ao território. Estamos em Macau, uma região que já está a avançar a passos largos no sector da Meetings Industry (MI), ainda que tenha pela frente os “pesos pesados” da vizinhança, como Singapura, Taiwan e a própria China. “Macau atrai mais de 30 milhões de visitantes por ano. É um ponto de encontro para trocas comerciais e culturais entre o Ocidente e o Oriente, com a cidade a funcionar como uma plataforma há vários séculos”, adiantou à Event Point fonte do Instituto para a Promoção do Investimento e Comércio de Macau (IPIM).

O território conta com 25 locais classificados pela UNESCO, que contrastam com as cores vibrantes dos casinos, construídos para homenagear Paris, Veneza e outras maravilhas mundiais. Os 16 restaurantes com estrelas Michelin são outro foco de atracção, numa cidade que concentra muitos pontos de interesse mundiais, em apenas 30 quilómetros quadrados onde vivem e 640 mil pessoas. Os “resorts integrados” que existem um pouco por todo o lado permitem a quem viaja para Macau assistir a “espectáculos, concertos, actividades temáticas e gastronomia, bem como ter acesso a designers e comprar os seus produtos”, segundo o IPIM. O Instituto salientou ainda que a marca distintiva da região é uma “mistura única das culturas chinesa e portuguesa, que se reflecte na comida, festivais, arquitectura e estilo de vida”.

Venues de classe mundial

Com estas características, Macau está bem equipado para fazer face aos desafios da atracção de congressos, eventos, reuniões e incentivos. Aliás, a MI é uma das prioridades do território. “O governo e o sector privado continuam a investir para criar uma economia mais sustentável a longo prazo. Macau está equipado com alguns dos maiores e mais recentes venues da Ásia, cobrindo mais de 190 mil metros quadros de espaço para feiras e reuniões e mais de 37 mil quartos de hotel na cidade”, referiu o IPIM. E não vai ficar por aqui. “A expectativa é que o número de quartos suba para 50 mil nos próximos anos, o que irá aumentar substancialmente a capacidade de Macau para o turismo de negócios”, ressalvou o IPIM.

Com estes investimentos, os accionistas e operadores do segmento estão à procura de diversificar o seu negócio e por isso estão de olho no mercado de MI. Esta estratégia é notória na integração, que os empreendimentos recentes têm levado a cabo, de espaço para reuniões e eventos de todos os tamanhos.

O território espera ainda colher frutos das novas acessibilidades, que incluem a ponte Zuhai, uma ligação por terra à vizinha Hong Kong, que será um impulso importante para atrair cada vez mais eventos. Segundo o IPIM, neste momento, 79,% dos grupos que viajam em MI são provenientes da região Ásia‑Pacífico, 9,1% da Europa e um valor igual dos EUA. Mais recentemente, Macau tem recebidos manifestações de interesse por parte do mercado africano. Mas o principal foco está nos vizinhos asiáticos, como se viu pela forte presença do território na IT&CMA de 2017, que se realizou em Setembro em Banguecoque. O stand era um dos maiores e foi construído num local de grande visibilidade.

Mesmo com este foco na Ásia, Macau não irá deixar de prestar atenção ao resto do mundo, nomeadamente no que diz respeito às reuniões internacionais de associações, das quais 60% estão sedeadas na Europa. No entanto, há ainda alguns obstáculos a enfrentar. “Não há muitas associações em Macau activamente envolvidas com os seus congéneres internacionais. Isso reduz as oportunidades de concorrer a congressos internacionais”, explicou o IPIM. O Instituto está, por isso, a apoiar candidaturas e a co‑financiar as quotas para que as associações locais se filiem nas sua congéneres mundiais. Em implementação está também um “programa de embaixadores para identificar e apoiar potenciais anfitriões locais e para desenvolver apoio regional” na zona do rio das Pérolas, segundo a organização.

As condições climatéricas extremas que se verificaram no território recentemente, com o tufão Hato, e que podem voltar a acontecer levaram o IPIM a abrir uma linha de emergência para quem for afectado por estes fenómenos, bem como procedimentos de segurança, que minimizam os riscos. A organização não acredita que estas questão seja um impedimento ao crescimento do sector de MI.

Macau não esquece a sua ligação a Portugal e aos países de expressão portuguesa, com a promoção de plataformas de cooperação nas áreas do turismo e comércio, envolvendo a China, e com especial atenção para o segmento de MI, segundo o IPIM.

© 5oulscape