Novas regras, novos cancelamentos

Reportagem

09-12-2021

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Dezembro está a ser um mês complicado para o setor dos eventos. Mais um...

Com as novas medidas introduzidas a 1 de dezembro em Portugal, o setor dos eventos foi impactado, mas ainda antes disso a sombra de medidas fez com que muitos eventos fossem cancelados ou adiados. Foi o que aconteceu com a Smartchoice, empresa de audiovisuais que já sofreu com adiamentos e cancelamentos em dezembro de 2021 e janeiro de 2022. Isto quando, segundo Patrícia Barbosa, vinham a sentir alguma recuperação, embora “muito lenta”. Nuno Seleiro, da Asserbiz, conta à Event Point que “em outubro e até à primeira quinzena de novembro, se assistiu a um grande aumento de pedidos para os eventos presenciais, nos serviços que oferecemos, com foco na acreditação eletrónica”. O sentimento era de “recuperar o tempo perdido”, sendo que esse período foi inclusive mais intenso do que em anos anteriores. Entretanto tudo mudou e em dezembro o presencial “é praticamente inexistente”. Para o responsável da Asserbiz, “o fenómeno foi muito semelhante em termos de tempo de impacto, ao primeiro momento em março de 2020”. Miguel Belo, da Brain, empresa de organização de eventos e agenciamento de artistas, nota a contenção por parte dos clientes. “Apercebemo-nos do receio de alguns clientes em assumir as marcações ou intenções de eventos presenciais, especialmente os corporativos de Natal”, explica.

Em relação à atuação do governo, Miguel Belo considera que “ tem lidado bem e equilibrado os interesses económicos com a necessidade de garantir a saúde pública”. As medidas afetam sempre as empresas, mas “cabe a cada um, empresário ou privado, trabalhar para procurar soluções que possam minimizar o impacto da guerra que todos estamos a travar”. Nuno Seleiro, perante estas medidas, e “no que diz respeito ao segmento dos eventos presenciais, elas sinalizam uma queda fortíssima, com restrições, que não sendo tão fortes como no passado, levam as instituições e empresas a serem cautelosas”. Porque, afirma o responsável, “ninguém quer ficar associado a um surto, e o inverno está a chegar”.

O setor dos eventos foi um dos que mais sofreram com a pandemia e, por isso, Patrícia Barbosa, da Smartchoice, acredita que é essencial “manter o apoio à retoma” porque “as quebras de faturação se mantiveram no decurso de 2021”. “Neste momento já não existem moratórias, as despesas, quer com o pessoal quer com a estrutura, são fixas, e sem um apoio efetivo neste setor é muito complicado; deveriam existir apoios efetivos a fundo perdido para que nos possamos manter nesta luta”, refere a diretora de marketing da Smartchoice. Nuno Seleiro, diretor da Asserbiz, lembra que “ algumas ajudas deveriam ser reativadas para empresas do setor, nomeadamente nos custos fixos que têm de ser suportados para o Estado”. Embora a Asserbiz não tenha usufruído de nenhuma ajuda, uma vez que se adaptou, pela sua natureza tecnológica, aos eventos digitais, “todos precisamos de todos, e temos um profundo respeito por todos aqueles com que nos cruzamos e que estão novamente a ver os próximos meses muito cinzentos e sem perspetivas da tutela ou dos clientes, que estão a cancelar ou adiar serviços”. O responsável lembra que os eventos presenciais tiveram uma atividade de três a cinco meses nos últimos 24 meses, considerando um cenário de inatividade até março de 2022. “Sabemos até pelo que não foi feito no passado recente, que o setor não tem a visibilidade de outros setores, nem o poder da pressão de outros segmentos profissionais e isso vai voltar a colocar na sombra, milhares de profissionais e centenas de empresas que estavam agora a ressurgir”, lamenta.

Miguel Belo pede apenas que o governo mantenha “a possibilidade de termos as salas com ocupação máximo dado que está comprovado que os espetáculos, pela exigência que têm nas medidas de contenção da propagação da doença, não são focos de contágio”.

 


 

© Cláudia Coutinho de Sousa Redação