Os desafios do setor dos congressos, eventos e animação turística

03-12-2019

O Turismo, e em especial a área dos Congressos, Eventos e Animação Turística, continua a crescer, a sociedade e as necessidades dos turistas estão a modificar‑se, e a nossa organização social e económica permanece a mesma.

Esta incompatibilidade de ritmos e mesmo de objetivos está a provocar cada vez mais conflitos e vai colocar em causa a nossa competitividade no mercado global. É urgente encarar esta questão com objetividade, sem desvios acessórios. Quanto mais tarde se procurar soluções construtivas, mais atrasados vamos ficar no desenvolvimento de um turismo sustentável e competitivo.

Fazendo um resumo da situação atual temos:

‑ As atividades de animação turística e eventos são maioritariamente, senão na totalidade, micro, pequenas e médias empresas e tem de lidar com 10 ministérios e 20 entidades diferentes

‑ Estas entidades não estão sensibilizadas para os problemas do setor, nem têm qualquer motivação e interesse em responder e resolver os mesmos – a palavra de ordem é complicar, proibir, restringir e aplicar coimas.

A questão de fundo é o ordenamento

É importante estruturar um ordenamento que englobe as realidades, locais, regionais e nacionais, criando oportunidades de desenvolvimento social. Temos de lutar para ter um papel ativo nas varias comissões e departamentos que discutem o ordenamento. Tem de existir:

‑ Um bom ordenamento, baseado nos princípios da sustentabilidade (contexto social/ cultural/ ambiental e económico). É urgente iniciar o trabalho da definição de cargas nos espaços naturais, rurais e urbanos;

‑ Consistência. Um dos princípios deveria ser a consulta e envolvimento das associações desde o primeiro momento (antes de se iniciar qualquer construção de lei ou regulamento);

‑ Continuar a simplificação e harmonização administrativa (acabar com autorizações redundantes). Balcão Único;

‑ Apostar na qualificação, discriminando positivamente as empresas que investem na qualificação e sustentabilidade;

‑ Maior rapidez na resposta do Estado, com as instituições a cumprir prazos limite;

‑ Maior fiscalização no terreno, combatendo a concorrência desleal (não apostar em processos administrativos).

Território: Simplex no processo de licenciamento

Balcão Único, nos processos de ocupação de espaço público. Este balcão centralizaria todos os pedidos para as entidades envolvidas, com timings e protocolos de aprovação.

Registo para as empresas de congressos e eventos

O objetivo primordial deverá ser a existência de um registo obrigatório – como existe para a animação turística, para as agências de viagem, alojamento local, hotelaria e empreendimentos turísticos.

Emprego

O nosso setor necessita muito de recursos humanos. Temos construído várias alternativas, mas existem questões como a possibilidade de trabalhar com estudantes que não são favorecidas e poderiam ajudar muito o setor a, ao mesmo tempo, contribuir para uma melhor integração destas pessoas no setor do trabalho. Serve de exemplo o facto de os bolseiros perderem o direito a bolsa em situações de emprego temporário (atos únicos ou contratos de curtíssimo prazo). É um contrassenso, estamos a falar de jovens que teriam toda a vantagem em ir experimentando o mercado de trabalho e ficam restritos a opcão de voluntariado, muitas vezes em situações que não o são.

Na área do Turismo, agilizar a prestação de serviço, sem onerar tanto os intervenientes, fazendo com que estes não queiram trabalhar pelos elevados encargos que isso lhes traz.

IVA

Esta é uma situação sensível, mas as áreas dos Festivais, Eventos, Animação Turística, deverão ter um enquadramento de IVA semelhante as outras areas do Turismo. Existe uma discriminação e confusão sobre os regimes de IVA a aplicar. A nossa exigência é que seja feita uma discussão para harmonização do mesmo.

Criação de Grupos de Trabalho para resolver situações

Criar Grupos de Trabalho onde estejam representadas as instituições intervenientes e as associações do setor, com o objetivo de resolver as situações que aparecem todos os dias.

Seriam três Grupos de Trabalho:

‑ Espaços Urbanos;

‑ Espaços Naturais;

‑ Espaços Maritimos.

Formação

Permitir a formação modular certificada para o nível 5. O RVCC é um imperativo para a qualificação do setor.

 

Continuação de bom trabalho.

António Marques Vidal, Presidente da Direção da APECATE