Os eventos são um luxo ou uma necessidade?

18-06-2019

Portugal é considerado atualmente como um dos destinos preferenciais para a organização de eventos na Europa, o que muito nos orgulha. Mas devemos pensar no futuro.

Que tipo de destino queremos ser? Acredito que temos todas as qualificações e condições para captarmos alguns dos melhores eventos mundiais, pela segurança do país, pela diversidade de tipologia de locais de eventos, pela gastronomia, pela facilidade linguística, pelo profissionalismo dos profissionais de eventos e muito mais. Quando estamos a competir mundialmente, o nível de exigência e profissionalismo aumenta quando pretendemos continuar a ser uma referência. Há medidas urgentes que deveriam ser tomadas, entre as quais: obrigar que os profissionais de eventos tenham uma certificação profissional à semelhança do que acontece em vários países da Europa, e que exista uma concorrência transparente e qualificada nesta área; que exista uma modalidade fiscal adequada a este tipo de atividade, assim como seguros, e que não penalize ainda mais os profissionais que trabalham como freelancers nesta área, por paixão. E quando falamos em eventos falamos em criar momentos especiais e únicos na vida das pessoas. Sejam os participantes nos eventos, sejam os milhares de profissionais envolvidos.

Gostava de falar com dados concretos sobre o impacto económico da área de eventos na economia nacional, mas infelizmente em Portugal ainda não temos uma forma de obter essa informação. Uma análise do sector é crucial para a criação de uma estratégia consolidada nacional e internacionalmente, sendo a obrigatoriedade de registo das empresas de eventos na associação do setor uma hipótese, ou o registo através de um organismo estatal. Ter um processo de registo obrigatório das empresas de eventos é uma garantia de que estão a cumprir todos os processos legais, e os planos de segurança e contingência nos eventos que organizam.

Estamos numa era dourada com uma taxa de ocupação de espaços de eventos excelente, mas corremos riscos incalculáveis ao permitirmos que alguns eventos sejam realizados sem exigência. O aumento de empresas privadas a organizar eventos e que coloca voluntários a trabalhar tem aumentado, como sendo o caso de festivais de verão ou mesmo eventos internacionais de grande dimensão e notoriedade. É um procedimento ilegal, mas que acontece com muita frequência, e o facto de termos pessoas sem formação nesta área pode colocar em risco os participantes num evento, ao não terem formação sobre processos de segurança e contingência, assim como não é justo para com as pessoas que estão a fazer voluntariado e as empresas que prestam esse serviço legalmente.

Mas a conquista está no nosso sangue desde a nossa génese em que fomos uma potência mundial e acredito que o futuro passa por levar o nosso conhecimento e profissionalismo além fronteiras, como já começamos a ver com algumas empresas nacionais de eventos, pois somos determinados, criativos e ainda temos preços bastante competitivos.

Acredito muito na competência das empresas de eventos nacionais e na sua capacidade de brilhar..

Acredito também que a união faz a força e que o maior envolvimento em associações como a APECATE pode contribuir para um alinhamento de estratégia e visibilidade maior do setor, nacional e internacionalmente.

Como diria o Principezinho, “... As pessoas são solitárias porque constroem muros ao invés de pontes” e quando falamos em eventos “É preciso exigir de cada um o que cada um pode dar”, porque “Quando a gente anda sempre em frente, não pode ir muito longe...“.

Porque nos eventos “É preciso que eu suporte duas ou três larvas se quiser conhecer as borboletas”, sendo as larvas muitas vezes a ansiedade e o stress e as borboletas a magia e o sorriso no rosto dos clientes e participantes nos eventos.

Nesta era atual os eventos são sem dúvida uma necessidade para um equilíbrio emocional e económico da sociedade.
 

Sónia Brochado, Presidente da secção de Eventos e Congressos da APECATE