Pequeno-almoço Event Point: A concorrência e as suas múltiplas vertentes

24-01-2018

O ciclo de Pequenos‑Almoços/Debate Event Point regressou à casa de partida, ao Porto, mais propriamente ao Clube Universitário do Porto, com um assunto na agenda: a concorrência.

Qual o equilíbrio entre concorrência e transparência na relação diária entre clientes, agências e fornecedores do sector dos eventos? Deve este mercado ser capaz de se auto‑regular, criando por exemplo manuais de boas‑práticas? E quem deve liderar esse processo? Estas e outras questões estiveram em cima de uma mesa em que se sentaram: Ana Simão, da Expanding Group, Artur Junqueira, da Ibersol, João Morais, da Bridge, Miguel Carneiro, da ShakeIT, Paulo Lopes, da Portugal Green Walks e em representação da APECATE, Pedro Cardoso, da The House of Events, e Sónia Brochado, da Btrust.

Uma questão de saber estar?

A concorrência saudável é boa para os negócios, ninguém duvida deste facto. Estar nos negócios com ética profissional e pessoal e agir de acordo com as boas práticas facilita as condições para que ele exista. Isso aplica‑se a toda a cadeia de valor. Para os participantes no debate é importante escolher fornecedores e parceiros com o mesmo código de valores. Há mesmo quem tenha deixado cair um negócio por não conseguir estabelecer um relacionamento assente em padrões de ética empresarial e moral. Os relacionamentos assentes em confiança permitem também trabalhar num ambiente mais agradável, com mais produtividade.

Os concursos

Uma das questões que mais produziu debate entre os convidados foi a da transparência nos concursos. O que acontece actualmente é que fornecedores entram no mesmo concurso com diferentes agências, e muitas vezes respondem a concursos directamente. Para os nossos convidados a palavra de ordem é mesmo transparência. É importante o contacto entre as partes para todos saberem com que contam. E às vezes mais vale “saltar fora” para criar relações mais fortes com os parceiros.

Além disso, o que se assiste muitas vezes é que agências não divulgam o nome do cliente final, e para os fornecedores presentes quanto mais informação melhor, sob pena de o orçamento ser mais alto por falta de contexto.

Na mesa levantou‑se ainda a questão do excesso de agências ouvidas nos concursos. E o assunto foi mais longe: não deveriam as propostas ser pagas? Por vezes passam‑se dias e dias a desenvolver conceptualmente um evento, e a pedir cotações para montar um orçamento e isso é uma transferência de conhecimento para o cliente, gratuita no caso de não se ganhar o projecto. “É como ir a um advogado e pagar por um parecer”, comentou‑se.

Regulação

Um assunto complicado e de resposta difícil, uma vez que este sector se constitui por uma multiplicidade de segmentos de negócio. Seja como for, um manual de boas práticas no futuro podia, por exemplo, ser gizado pela APECATE (Associação Portuguesa das Empresas de Congressos, Animação Turística e Eventos). A formação do mercado seria algo que beneficiaria todos.

Espaços com exclusividades

Levantou‑se, ainda, a questão de vários espaços para eventos terem exclusividade de fornecedores. As agências torcem o nariz a esta prática que lhes tolhe (a si e aos clientes) a capacidade de escolha. As pool de fornecedores talvez sejam o compromisso que melhor sirva as partes.

Comissões

Muitas vezes o cliente final tem custos que não sabe de onde vêm e isto tem muito a ver com as comissões. E se estas, numa parte dos casos são legítimas, como as da angariação de negócio, noutros casos não. Há espaços que colocam comissões sobre os serviços que lá são prestados, por exemplo, além do aluguer propriamente dito. No entender da mesa todos os custos devem ser espelhados e o cliente deve saber o que está a pagar. É por isso que o fee de gestão e coordenação do evento deve ser ele mesmo instituído e autonomizado nos orçamentos.

Concessão de crédito

É mais um assunto que subverte a concorrência. O sector viveu períodos dramáticos, com pagamentos a mais de 60 dias. Hoje há que ter mais rigor nos recebimentos e ser mais rápido na distribuição pelos fornecedores. Finalmente, os presentes lamentam que neste sector se fale e partilhe tão pouco, algo muito importante para afinar o mercado por exemplo em questões como a concorrência.