Presidente da AHP: Sem o MICE “hotelaria não é rentável”

04-06-2020

Um inquérito levado a cabo pela Associação de Hotelaria de Portugal (AHP) descobriu que quase 10% das unidades estão preocupadas com o não retorno do turismo de negócios.

Sem o segmento de MICE a hotelaria nacional “não é rentável”, garantiu hoje a presidente da AHP, Cristina Siza Vieira, durante um ‘webinar’ em que apresentou os resultados de um inquérito à situação e expectativas do setor, face à pandemia de covid-19.

O trabalho, que auscultou, entre 15 e 29 de maio, uma amostra de cerca de 60% de unidades associadas ou que aderiram ao AHP Tourism Monitors, descobriu ainda que cerca de 10% dos hotéis estão preocupados com o não retorno do turismo de negócios, essencial no combate à sazonalidade.

Questionada sobre que medidas podem ser adotadas para atrair o MICE, Cristina Siza Vieira disse que passam por “apoiar iniciativas de empresas”. “Temos promoção a acontecer junto de várias empresas nacionais para realizar assembleias-gerais, reuniões, encontros, nos nossos hotéis”, indicou.

Para a líder associativa é importante perceber o que vão fazer os “operadores de congressos incentivos e reuniões” neste contexto. “Sem congressos, incentivos, reuniões e eventos a hotelaria não é rentável”, reconheceu.

Entre as principais preocupações dos hotéis estão também as condicionantes ao transporte aéreo, o medo de viajar e a inexistência de apoios financeiros.

De acordo com as projeções da AHP, e tendo por base os resultados do setor em 2019, em conjugação com as expectativas dos empresários, este ano a hotelaria pode perder entre 3,2 mil milhões de euros e 3,6 mil milhões de euros em receitas.

No que diz respeito a dormidas, o decréscimo deverá situar-se entre 34,8 milhões e 46,4 milhões de dormidas perdidas.

Entre outras coisas, o inquérito da AHP concluiu que estão a ganhar peso as reservas através dos ‘sites’ da próprias unidades, ainda que plataformas como o Booking continuem a ter grande preponderância.

A média de ocupação para o resto do ano não ultrapassará os 30%, segundo as respostas do inquiridos.

Cláudia Coutinho de Sousa