Soft skills: A sua importância nos eventos

02-05-2017

Soft skills são as competências pessoais e sociais (inter‑pessoais) que permitem ao indivíduo a ‘facilitação’ das suas interacções com outras pessoas.

Comecemos pela definição com a ajuda da especialista Rita Oliveira Pelica, Co‑organizadora do Curso Soft Skills & Marketing Pessoal – ISEG e Business Unit Manager EGOR Outsourcing. “Soft skills são as competências pessoais e sociais (inter‑pessoais) que permitem ao indivíduo a ‘facilitação’ das suas interacções com outras pessoas. É uma forma de capacitação pessoal com um forte impacto no relacionamento com terceiros, quer seja num contexto de trabalho ou a um nível mais pessoal. Ou seja, estas competências reflectem‑se nas atitudes e comportamentos que temos diariamente e que nos identificam, nos podem diferenciar e que acabam por fazer parte da nossa imagem de marca”. Um exemplo de soft skill pode ser a capacidade de comunicação, de liderança, de trabalhar em grupo. Todas estas, aliás, fundamentais para quem quer trabalhar em eventos, uma actividade de intensa pressão.

No universo empresarial, nas organizações de uma maneira geral, estas competências são cada vez mais importantes. “O próprio termo acaba por estar na moda e ser já uma buzzword na área dos recursos humanos. Por oposição, as hard skills ‑ técnicas ‑ são um ponto de partida que já não é tão diferenciador!”, refere Rita Oliveira Pelica. Será manifestamente insuficiente, hoje em dia, apresentar uma licenciatura ou um mestrado, sem exibir algo mais. “O que se torna cada vez mais distintivo e procurado pelas empresas é a capacidade das pessoas em ‘acrescentar valor’ à organização, mas pela via do seu pensamento crítico, da capacidade de resolução de problemas, da criatividade e da inteligência emocional”, sublinha a especialista. Os profissionais devem, acrescenta, “num processo de auto‑conhecimento, em modo work in progress, de melhoria contínua, reforçar e aprimorar as skills onde já têm algum ‘à vontade’ e devem enfatizar a sua aposta no desenvolvimento das skills onde apresentam uma maior fragilidade”.

E Rita Oliveira Pelica dá uma boa notícia: as soft skills treinam‑se. “Pessoalmente, gosto de as chamar de neuro skills, no sentido em que o nosso cérebro (sendo neuroplástico) tem a capacidade de continuamente aprender.” Para isso, a especialista avisa, “é uma questão de foco e de definição de prioridades ‑ tem de ser uma aposta dos profissionais que entram no mercado de trabalho e daqueles que pretendem evoluir na sua carreira profissional. Há que ser smart e não apenas soft!”

Enquanto observadora, desafiámos Rita Oliveira Pelica a olhar para o sector dos eventos, área em que os portugueses são normalmente vistos como altamente capazes. “Temos a capacidade de organização com visão, ou seja, fazendo a ligação com a parte estratégica e conceptual (pensamento crítico, gestão e inovação) e depois na sua operacionalização (comunicação e promoção). No pré, durante e pós evento!” A especialista realça a profissionalização existente neste sector, que se consubstancia na sofisticação dos eventos realizados e no impacto que têm.

“Destacaria a capacidade de gestão do evento em toda a customer journey. Uma preocupação constante, atenta mas flexível, sempre com o foco na experiência que se está a proporcionar. Arrisco‑me a chamar‑lhe a inteligência emocional portuguesa! A maior soft skill do nosso povo, nestes tempos modernos.”

Três perguntas a Rita Oliveira Pelica

Diria que os Millennials (nascidos depois de 1980) estão, à partida, mais ou menos preparados desse ponto de vista das soft skills?

Eu não colocaria o pendor a nível geracional. Este tema tem de ser tratado do ponto de vista pessoal, do indivíduo. Há baby boomers [nascidos entre 1946 e 1964] que precisam muito de trabalhar as suas soft skills como também há pessoas das gerações X [nascidos em meados dos anos 60 e 1980] e Y [mesmo que Millennials] que têm essa necessidade. As organizações enfrentam, hoje em dia, o grande desafio de serem cross generations, por isso têm é de assegurar que há um alinhamento entre cultura organizacional e o desenvolvimento dos seus colaboradores (o também já conhecido employee engagement). Acima de tudo, diria que o processo de capacitação em soft skills tem de ser feito por cada profissional, seguindo a lógica do lifelong learning. Nenhum profissional se pode demitir dessa responsabilidade!

Acredita que o ensino em Portugal potencia o desenvolvimento dessas competências?

Começam a ser dados passos significativos nestas matérias. Mas ainda é muito limitada a oferta formativa. O melhor exemplo que conheço, nesta área, é o curso executivo do ISEG (Instituto Superior de Economia e Gestão), em formato intensivo, dedicado às Soft Skills e Marketing Pessoal. Tenho o privilégio de estar a organizar este curso ‑ que vai já para a sua 2ª Edição, em Março ‑ e a julgar pelo feedback extremamente positivo dos alunos, podemos notar a "oportunidade" que é dotar estes profissionais destas competências, começando pela criação de self awareness (com os módulos de inteligência emocional e points of you [metodologia]), colocando‑os à frente de uma câmara (no módulo de comunicação e de storytelling fotográfico) e terminando com a prática de networking!

Há soft skills que se podem relacionar com o facto de sermos portugueses?

Esta é uma excelente questão. Intuitivamente, diria que sim. Temos a capacidade de ser problem solvers ou "desenrascados" e de sermos criativos. Realço também a nossa capacidade de comunicação e de socialização, a julgar pelos bons resultados que obtemos em critérios de hospitalidade e de acolhimento atribuídos por pessoas de outras nacionalidades.

Soft skills associadas aos eventos

Fomos procurar informação publicada sobre o assunto e enumeramos algumas das soft skills em que vale a pena investir se trabalhar em eventos.

Ser positivo

Numa actividade que pode ter vários contratempos, manter‑se positivo pode assegurar boa energia, motivação e confiança na equipa.

Capacidade de comunicação

Nos eventos lida‑se com pessoas, clientes, participantes, fornecedores. A capacidade de comunicar com eles e de estabelecer pontes é essencial.

Capacidade de trabalhar com eficácia, sob pressão

Numa área em que manifestamente a pressão é grande, os eventos acontecem naquele dia, àquela hora, e nada pode correr mal, a capacidade de adaptação ao inesperado e de resolução de problemas é muito importante. Claro que muitos dos contratempos podem ser evitados com planeamento, mas ainda assim ninguém está livre de um.

Ser um bom ouvinte

Escutar com atenção todas as pistas dadas pelo cliente é fundamental para que o evento saia como ele o imaginou, ou ainda melhor.

Trabalhar bem em equipa

É uma competência muito importante em eventos. Um gestor de eventos gere pessoas e é vital saber trabalhar com os outros, para o bem comum.

Ser organizado

O sucesso de um evento depende muito da organização, da disciplina, e de ter tudo planeado ao detalhe.

Boa gestão do tempo

Numa altura em que os eventos são planeados com menor antecedência, a capacidade de gerir bem o tempo para que tudo esteja preparado na hora certa é muito relevante.

Flexibilidade

Até à última, provavelmente, o seu cliente vai querer mexer no evento. A capacidade de ser flexível e de se ajustar certamente o ajudará a lidar com estas questões.

Multitasking

A capacidade de efectuar várias tarefas ao mesmo tempo é uma vantagem para quem quer trabalhar em eventos.

Criatividade

Esta é uma actividade que exige pensar fora da caixa, incluindo na resolução de problemas.

Liderança

Um gestor de eventos tem que ter a capacidade de liderar equipas, de articular fornecedores, de dar a cara e resolver todo o tipo de situações com que é confrontado.

Fontes: www.blog.benchmarque.co, www.eventplanning.com, www.bizbash.com, www.eventmanagerblog.com, www.guidebook.com e www.blog.evvnt.com