“Temos uma oportunidade tremenda”

05-08-2019

Mais membros nacionais e uma voz mais ativa de Portugal na ICCA (International Congress and Convention Association) são os objetivos de Jorge Vinha da Silva, CEO da Altice Arena, ao assumir a vice‑presidência do Capítulo Ibérico.

Foi durante mais uma edição da IMEX Frankfurt que estivemos à conversa com Jorge Vinha da Silva, eleito vice‑presidente de uma direção liderada por Cristoph Tessmar, diretor do Convention Bureau de Barcelona. A tomada de posse decorreu na última reunião anual, que teve lugar no Porto. Da lista faz ainda parte a portuguesa Alexandra Ramos, Gestora Sénior de MI do Algarve Tourism Bureau.

Jorge Vinha da Silva encara o desafio com um grande entusiasmo e acredita que Portugal pode e deve aproveitar melhor estes canais institucionais. “Todos nós fazemos o máximo nas nossas organizações para puxar pelo seu negócio e procurar oportunidades, mas há muitas coisas, e principalmente se considerarmos o efeito de alavanca em que acredito muito nos negócios, que tem a ver com o nosso posicionamento enquanto destino, enquanto país. E aí eu sempre notei quando estou presente nestes fóruns que não estamos tão organizados do ponto de vista coletivo, ou seja, a puxar todos para o mesmo lado, ou pelo menos tanto quanto os nossos concorrentes estão. A minha missão é puxar muito pelo global obviamente, mas também por Portugal e por essa militância ativa que eu acho que é benéfica para todos”.

Na direção do Capítulo Ibérico, o CEO da Altice Arena fica responsável, entre outras coisas, pelo pelouro do membership. E aí o principal fito é puxar pela representatividade de Portugal, naquele que é visto como o ‘Super Capítulo’, uma vez que tem três cidades no top 6 mundial: Madrid (3º), Barcelona (4º) e Lisboa (6º). “É preciso fazer o trabalho coletivo de apelo à militância, à participação”, refere Vinha da Silva, e esse é um dos grandes propósitos da nova direção, “ tentar passar melhor a mensagem dos benefícios, também com o objetivo de captar mais membros para este posicionamento coletivo”. E quanto mais forte for a representação de Portugal, mais forte será o Capítulo.

Esses benefícios, assume Jorge Vinha da Silva, têm de ser vistos a médio e longo prazo, e lembra, “vão depender da ação de cada um de nós”. “Se com a relevância que temos hoje em dia no turismo de negócios entendemos coletivamente que não faz sentido termos uma representação forte numa fatia muito importante desse negócio [o segmento associativo], então estará tudo errado, porque é exatamente nas reuniões da ICCA, e no Capítulo Ibérico, que podemos de facto mexer nas diretrizes da organização, perceber como vai ser o futuro, como se pode captar mais negócio, como se pode promover cada um dos destinos”, sublinha. O vice‑presidente acredita que não estarmos presentes nestes fóruns não é uma solução para nada, e que “temos uma oportunidade tremenda, por estarmos num capítulo constituído por apenas dois países, sendo que os dois são países fortíssimos em termos de resultados. Só não temos conseguido traduzir isso em termos de representatividade, de fazer chegar as ideias das nossas associações, dos nossos empresários, e este é o canal certo, não temos outra forma de o conseguir”. Nos últimos meses já aderiram, do lado português, dois novos membros, a DMC Osíris, e o Altice Forum Braga, revela Vinha da Silva.

O objetivo do board eleito é ainda o de aumentar a interação entre membros, e que esta vá além da reunião anual e dos encontros nas feiras do setor. “Visto que tem que se aumentar a representatividade de Portugal, estamos inclusive a pensar, ainda para 2019, numa ação, em que estamos já a trabalhar, dedicada exclusivamente aos atuais membros portugueses, mas também para captar novos membros”, antecipa Jorge Vinha da Silva. Nas reuniões anuais vão continuar a apostar na qualidade dos conteúdos e no networking, mas orientá‑las mais para o negócio, e em como ajudar o associado a evoluir nesse sentido.

Na última reunião, no Porto, ficou decidida uma nova fórmula de rotação das reuniões. A partir do próximo ano acontecerão dois anos em Espanha, um ano em Portugal, e assim sucessivamente. Para o CEO da Altice Arena, isso traduz na prática a “fraca aposta neste caminho institucional e coletivo”. “Espanha é um mercado maior do que Portugal, mas isso ainda é mais agravado pela pouca representatividade ou a pouca aposta que, mesmo as entidades que já são membros, fazem neste caminho associativo. Portanto, se nós queremos algum dia vir a reverter isso, temos de fazer ao contrário, não é por imposição”. Por outro lado, Vinha da Silva lembra que era difícil encontrar destinos de interesse em Portugal. “Se enquanto destino fortalecermos a nossa posição, naturalmente essas medidas a prazo vão reverter‑se”.

Cláudia Coutinho de Sousa