Tendências 2020 nos eventos científicos/médicos

18-02-2020

# tags: Eventos , Congressos , Associações , Meetings Industry

A chegada de um novo ano significa sempre um período em que se impõe um mix de reflexão e predição dos próximos tempos.

2019 fez‑se sentir um ano pleno de desafios que exigiu das empresas do setor e principalmente dos meeting desigers uma nova velocidade padrão para absorver e gerir de forma correta toda a evolução tecnológica que inunda o mercado diariamente, a par de todas as regras regulamentares, novos códigos europeus de conduta que impõem restrições e a legislação RGPD.

Adivinhamos facilmente um 2020 para o qual talvez a previsão mais segura, para os profissionais desta indústria, seja continuar neste ritmo de velocidade cruzeiro alucinante, para conseguirmos acompanhar todas as mudanças tecnológicas recém‑chegadas e as que com certeza estão para vir.

Mas será assim na área dos congressos e reuniões científicos?

A par deste desfile interminável de avanços tecnológicos, o mundo das reuniões científicas continua a evoluir? Ou está a atravessar uma fase de apertada restrição regulamentar onde não pode e não consegue abarcar todos estes avanços recentes? Os meetings designers terão o desafio de acompanhar ambos os ritmos e apresentarem soluções de acordo.

O formato dos congressos científicos é o mesmo há décadas!

São constituídos por sessões plenárias, sessões paralelas, sessões de pósteres, comunicações orais e discussões, alguns introduziram workshops/cursos de pré/pós congresso práticos. Mas a impressão geral é que nada mudou muito a nível nacional!

Os tempos evoluem, a tecnologia avançou e as expectativas dos participantes, principalmente dos mais novos, aumenta.

Atualmente, os congressistas esperam retorno sobre o tempo que investiram para participar num congresso ou reunião. A geração mais jovem, dos que cresceram com acesso instantâneo à Internet e às redes sociais, vive num mundo de informações digitais e cada vez mais só está disponível a participar em reuniões científicas se essas reuniões responderem às suas necessidades. Esta geração não hesita em fazer sentir a sua posição com os pés: se algo não corresponder às suas expectativas, eles simplesmente vão embora e fazem questão de o partilhar nas redes sociais e influenciar a sua comunidade.

A coexistência desta dualidade conduz‑me a outra reflexão….

Estará a comunidade científica preparada para mudar o formato das reuniões científicas e dos congressos acompanhando as evoluções tecnológicas já identificadas como mais ágeis, mais envolventes e com melhores resultados?

Os presidentes de sociedades científicas, de programas de congressos e membros de comités científicos deverão introduzir novos instrumentos nas reuniões científicas que tenham sido já testados e utilizados com sucesso noutros mercados e em ambientes de outro género de reuniões.

Teremos todos de adicionar o adjetivo ‘ousadia’ nas propostas que apresentamos se quisermos alterar o formato tradicional de uma sessão científica.

Existem imensas ferramentas já disponíveis no mercado, o grande desafio será como introduzi‑las nas sessões científicas, avaliar e decidir ‘o como’ é que estas ferramentas podem ajudar a tornar as sessões mais envolventes e atrativas para os congressistas e de que forma são um veículo positivo de partilha de conhecimento científico, sem que isto signifique ostentação e/ou violação dos códigos regulamentares?

Estará a comunidade científica preparada para abandonar o púlpito e fazer conferências estilo TED talk? Para comunicar ciência sem ler slides de costas para o público? Estas alterações vão necessitar de muita ousadia, de abertura e vontade dos profissionais de saúde para reconhecer a necessidade, de se adaptarem e receberem a formação necessária para começarem a implementar novas dinâmicas. Os early adopters tecnológicos da comunidade científica, e que já têm esta abordagem, já não se conseguem imaginar a comunicar ciência noutro formato. Vai por certo recompensar o esforço!

Para além da comunicação, temas como alimentação responsável, saudável, sustentável, abordagem consciente dos alimentos consumidos e disponibilizados será outra das prioridades onde as reuniões e congressos científicos terão de evoluir, a par da utilização de materiais recicláveis, da utilização de plástico e da pegada ecológica de cada evento.

Votos de um 2020 pleno de Sucesso!

 

Paula Ferreira de Almeida, Directora comercial da Factor Chave

© Paula Ferreira de Almeida Opinião

Diretora comercial da Factor Chave

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