Turismo e marketing juntos para sempre!

06-12-2016

Quando há um evento, há um objectivo de comunicação.

Quando há um evento, há um objectivo de comunicação. Um evento é apenas uma etapa de todo um processo de comunicação complexo e não um acto isolado. Ora vejamos, um incentivo é o culminar de uma campanha interna para impulsionar resultados que no final premeia os melhores, que servem de exemplo para os restantes, e marcam o calendário do ano seguinte.

Uma kick‑off meeting é um evento que tem como objectivo a comunicação efectiva e o alinhamento dos colaboradores com as metas para um determinado período. Uma feira serve de plataforma para fornecedores de uma determinada indústria darem a conhecer os seus produtos e serviços a potenciais clientes. E por aí fora. Ou seja, há sempre um objectivo de comunicação bem presente.

Analisadas assim as coisas, vejo hoje um DMC como uma empresa de serviços na área da comunicação, em que o conhecimento do destino e dos produtos turísticos é importante, e com certeza uma vantagem competitiva, mas não suficiente.

A tradicional fonte de contactos locais tem vindo a ser substituída pela procura online, completada pelos “Tripadvisors” desta vida e retirando lugar ao modelo tradicional.

Um DMC, na sua essência, é um spin off da tradicional agência de viagens para a operação de grupos, actuando na reservas de autocarros, guias, hotéis, venues, tours e afins.

Esta logística continua a ser uma competência importante de um DMC, mas seguramente menos relevante do que no passado. Hoje é preciso ter competências mais alargadas de criatividade, design, conteúdo, tecnologia, ou seja, ter competências globais e actuar localmente. É preciso pensar na experiência e não somente na logística.

Estaremos nós perante uma nova categoria, que engloba competências de Comunicação e de Turismo? Aliando um profundo entendimento sobre o cliente, motivações e objectivos do evento, elementos e estratégia de comunicação ao conhecimento do destino gerando soluções adequadas que se reflictam na geração de retorno positivo para a organização?

“O que funcionava antigamente não funciona necessariamente hoje”, e este comentário leva‑nos às bases, aos estudos e à formação. Usando a palavra japonesa “Kaizen”, que significa melhoria constante, precisamos de repensar o modelo educativo adequado à transformação digital necessária nas organizações, mas também nos indivíduos e, acima de tudo, incutir o espírito da formação constante. “Fiz a Universidade há 15 anos, já estudei, estou preparado!", não resulta mais. A adaptação constante é um bem necessário, e como Darwin nos ensinou: só os que se conseguirem adaptar sobreviverão.

Há uma crescente substituição do homem pela máquina, e numa época em que se estima que 40 a 50% dos trabalhos vão desaparecer nos próximos 15 anos, é preciso transformar as organizações, para não se tornarem obsoletas. Há competências mais difíceis de substituir por máquinas, e certamente as relações interpessoais e a criatividade são duas delas. Há que as usar a nosso favor, assumindo a transformação da indústria e desprendendo‑nos do “antigamente é que era”.

A própria evolução do modelo transaccional remete‑nos para profissões de consultoria em que o brainware é a fonte de rendimento. Soa‑nos familiar, certo?

Se funcionava antigamente o modelo de mark‑up, em que a DMC, além de comissões, acrescentava uma margem a todos os serviços contratados, hoje, este modelo começa a não ser aceite. A transparência é exigida numa indústria que se prevê cada vez mais ávida na demonstração do verdadeiro valor da intermediação, e consequente retorno para o contratante.

As organizações buscam novas tendências de se relacionar e comunicar com os seus públicos, quer com equipas internas, quer com os seus clientes/consumidores. Procuram soluções que relacionem emocionalmente esses públicos com a marca/produto, e aparece aqui cada vez mais o desporto (como plataforma de relacionamento geradora de boas oportunidades de interacção e visibilidade), surgem os vídeos virais, surgem as plataformas online, surgem activações em espaços públicos, entre outras. Um DMC, actualmente, tem que entender estas tendências e apresentar soluções adequadas, tendo em consideração a visão 360º do objectivo de comunicação do cliente. Caso não o faça, estará em risco de perder o seu lugar na liderança e de perder valor acrescentado na indústria. É com esta perspectiva que acredito que cada vez mais o Turismo andará de mãos dadas com o Marketing, num casamento que se espera duradouro (para não dizer eterno).

Entender as reais necessidades e motivações do cliente quando se desloca a Portugal, ou outro destino, é crucial para explorarmos todo o máximo potencial do negócio, satisfazê‑lo com mais profundidade e fidelizá‑lo aos nossos serviços.
 

Por Diogo Assis, director da events by tlc e da Case Imagine