Welcome to fabulous Las Vegas

09-10-2017

A cidade não se limita a oferecer os prazeres do jogo ou casamentos 'à pressa'. Las Vegas tem um agitado calendário de conferências e eventos.

Quando Betty Willis desenhou a famosa placa “Welcome to Fabulous Las Vegas”, nos anos 50, não sabia que estava a criar uma imagem que iria povoar o imaginário de milhões de pessoas. Na altura, a placa tinha um design avançado, coroado com uma estrela brilhante, numa região que foi palco de vários ensaios nucleares nos anos 50 e 60. O nuclear já não está na moda, mas a placa kitsch de Betty Willis mantém-se na entrada sul da Strip, onde se amontoam os casinos que trouxeram fama e riqueza à cidade do deserto. Ladeada por 6,7 quilómetros de casinos, a Strip (ou Las Vegas Boulevard) salta do Egipto a Paris, com passagens em Roma e Nova Iorque, tudo no passeio de uma tarde.

A Meca dos casinos é também um dos centros da indústria do entretenimento, com peças de teatro, musicais e concertos, num ambiente propo­sitadamente decadente. O estado do Nevada, onde fica a cidade, é o único nos EUA onde se pode beber na rua. A prostituição é tolerada e mesmo anunciada nas ruas. No país do puritanismo, Las Vegas é um “guilty pleasure” para muitos americanos. A cidade retira benefícios óbvios da sua fama, mas nos últimos anos a crise também afectou o jogo e o entretenimento na cidade. O Nevada passa notoriamente por dificuldades, com a má reputação no sector imobiliário de estado que mais casas foi obrigado a entregar ao banco nos primeiros meses de 2012. O emblemático Las Vegas Hotel & Casino registou perdas de 5,3 milhões de dólares (quatro milhões de euros) até final de Maio. O casino, que contava com a insígnia Hilton, quase foi parar às mãos da banca durante a recessão, por ter falhado pagamentos de mais de 250 milhões de dólares. O hotel deixou de contar com a parceria com a Hilton e está em risco de desaparecer. Mas Las Vegas não é o Nevada.

E mais. A cidade não se limita a oferecer os prazeres do jogo ou dos casamentos feitos à pressa por oficiais duvidosos em capelas de neon. A cidade tem um agitado calendário de conferências, congressos e eventos mundiais.

 

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Congressos em grande

Sete da manhã, Mandalay Bay Hotel. O caminho para o Centro de Congressos passa, pouco por acaso, pelo meio do Casino, onde jogadores de todas as nacionalidades estão colados às “slot machines” ou se espalham por diversas mesas de poker e “blackjack”. Do quarto a qualquer evento são no mínimo 15 minutos a pé a subir e descer escadas, sempre com a companhia do que parecem ser milhares de funcionários de colete fluorescente que, como polícias de trânsito, encaminham os perdidos para as salas de conferência.

O Mandalay Bay Events Center tanto é palco de combates de boxe ou concertos como “venue” das maiores empresas do mundo, com capacidade para mais de 12 mil pessoas num anfiteatro. Tem ainda dezenas de salas paralelas, por corredores enormes onde podem decorrer todo o tipo de reuniões. A conhecida fachada dourada do hotel conta com 3.215 quatros e 18 restaurantes, com vários preços.

Já o Las Vegas Convention Center, localizado fora da Strip, é uma opção mais convencional, com um anfiteatro com capacidade para duas mil pessoas. O Cashman Center, mais discreto, na baixa de Las Vegas, é ideal para feiras e conta também com um anfiteatro com capacidade para 1.922 pessoas.

 

Gôndolas e jóias de luxo

O Venetian, à imagem do Paris Casino, traz um pouco da Europa à Strip. Inclui passeios de gôndola, com gondoleiros que se esforçam por imitar ao máximo as canções entoadas pelos seus congéneres (?) italianos. Há praças italianas, fontes, pizzarias e um tecto pintado de céu azul. Lojas de roupa e jóias imitam os preços exorbitantes praticados em Veneza. O complexo Sands Expo & Convention Center, no Venetian, é outro dos centros de convenções mais requisitados da cidade, com um anfiteatro com capacidade para 1.890 pessoas. Mas para quem estiver disposto a abrir os cordões à bolsa, há soluções bem mais espectaculares.

 

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“Ocean´s Eleven”

O sempre chique Bellagio (que o jornal Las Vegas Sun diz ter conquistado um lugar no jogo Monopólio) é que parece continuar em alta. Palco central do filme “Ocean’s Eleven”, dá-se ao luxo de fazer preços acima dos 289 dólares (224 euros). Na altura da crise do “subprime”, o Bellagio chegou a ter preços de 121 dólares (93,8 euros). Com 3.900 quartos, o Ballagio, mundialmente conhecido pelas suas fontes que ocupam a praça em frente ao Casino é outro ex libris de Las Vegas com tema italiano, neste caso da região da Toscânia, onde fica o Lago Como, local da também famosa casa de George Clooney, uma das estrelas de Ocean’s Eleven. O espaço para convenções inclui um anfiteatro com capacidade para 4.785 pessoas. Uma experiência de luxo em plena Strip.

 

Oásis no deserto

Las Vegas recebeu no ano passado 4,8 milhões de visitantes para congressos e convenções, segundo dados da “Las Vegas Convention and Visitors Authority”, em mais de 19 mil congressos. No total, a cidade do jogo recebeu quase 40 milhões de visitantes em 2011. Há mais de 150 mil quartos na cidade para receber os visitantes e por isso não é de estranhar que mega eventos, como a IMEX America, um dos maiores certames da indústria dos eventos a nível mundial se façam aqui. Os proveitos do turismo, jogo e congressos são tão elevados que financiam por si só o “Las Vegas Convention and Visitors Authority”. A cidade espera receber mais 4% de visitantes este ano. Um oásis de jogo no deserto do Nevada.

 

Maria Pereira
Destino publicado na Event Point nº5