Eu acho, tu achas, eles acham. E já agora o marketing limita-se a executar!

Opinião

21-12-2021

# tags: Marcas , Marketing

O diretor de marketing, os departamentos e a direção estabeleceram e aprovaram uma estratégia materializada num plano de marketing.

Tudo está definido, com o que a definição de “tudo” pode incluir num processo dinâmico: mudanças, adaptações, reajuste, reações, análises de dados, métricas e novas medidas de atuação. Mas eis que no processo de implementação aparecem Eu Acho, Ele Achou, Nós Achamos e, já agora, vocês Marketing mudam!

O coronavírus acelerou, de facto, muitas tendências que eram previstas para os próximos anos, como o aumento no número de colaboradores em home office e o alto consumo de produtos e serviços de forma totalmente online. Todos nos tornamos mais “digitais”, assistimos a webinares, publicamos mais e, por isso, assumimos um estatuto mais crítico, porque juntamos uma série de informação baseada, por vezes, em poucos estudos e chegamos a uma conclusão: o Marketing e a Comunicação são a mesma coisa! E avançar com este pressuposto? A comunicação é uma das ferramentas do marketing e não marketing por si mesmo. A estratégia de Marketing está assente na análise e não baseada no Achismo! Explicado o conceito, eles conseguem completar com um “já agora”, mencionando que a concorrência está melhor e fez muito mais do que nós.

Acredito que estratégias de marketing devem ser pautadas em dados demográficos e no público‑alvo: no seu comportamento, medos e preferências. As estratégias de marketing podem ainda integrar ações com foco no aumento da sensação de segurança e bem‑estar, promovendo a tranquilidade. Isso pode contribuir para ampliar a confiança do lead das marcas. Leads, interação, conversão e partilha. Efetivamente, o marketing das empresas, as marcas têm tido nestes últimos dois anos uma reação superior a um planeamento, o que não significa que seja uma reação impulsiva que permita integrar um Achismo generalizado. Novos perfis de consumidor

Relembro que os 4P (preço, produto, praça, promoção) do marketing ainda persistem, mesmo que assumam um caráter dinâmico e adaptado a novos perfis de consumidor. Consumidor, utilizador, fã, cliente… Cada vez mais, a compartimentação que outrora estava mais arrumada, aparece, na atualidade, com muitas particularidades e detalhes.

O planeta e as pessoas serão certamente os temas que vieram para ficar, voltando aos temas de toda uma história da humanidade: quem somos, onde estamos e para onde vamos. Os egos em movimento, em perfeita ansiedade, onde o silêncio e o offline têm cada vez mais dificuldade em afirmar.

Está a estudar‑se um comportamento de um consumidor que se transforma rápido e vários estudos têm sido feitos. Naturalmente, quando é matéria intensa de estudo significa que poucas certezas existem.

A WGSN (Worth Global Style Network) desenhou o perfil de três tipos de consumidores:

1. Os “Compressionalistas”

As pessoas exaustas que querem agarrar e resolver tudo, mas que a ansiedade dificulta o processo. Interagir com este público significa ajudar na organização, privilegiar a qualidade ao invés da quantidade. É a aposta na navegação fácil, na utilização da inteligência artificial no processo de compra.

2. Os guardiões da empatia

A empatia e resiliência são as novas skills após adaptações constantes. Este público valoriza as pessoas em prol do lucro. Privilegiam a escolha de empresas que são humildes e transparentes nas suas ações, marketing com propósito e marcas que trabalham os seus valores no posicionamento de mercado.

3. Os criadores de mercado

Pessoas ativas que criam as suas próprias oportunidades. Este público valoriza a cocriação de marcas que trabalham numa relação de proximidade com os seus consumidores, mercados locais e cadeia de valor. Todos estes perfis valorizam o planeta, a reciclagem, a reutilização e a economia circular. Forçosamente, vai existir uma adaptação às mudanças climáticas e à escassez de recursos. Com a paragem do mundo por alguns instantes, voltou a consciencialização do cuidar, do espaço casa, do local que se escolhe para trabalhar e das opções/experiências que se pretendem seguir.

A dessincronização social significa que as pessoas continuam a fazer as mesmas coisas, mas em tempos diferentes. As marcas e empresas só têm que descobrir como encaixar o Eu acho, Tu achas, Eles acham e todos nós conseguimos!


© Ana Bolina Opinião

Diretora de Marketing da Sociedade Comercial C. Santos

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