O chão pode ser inteligente

08-10-2021

# tags: Venues , Tecnologia

Na preparação da nossa conferência anual, tive uma reunião com um dos nossos oradores, Wictor Bourée.

Bourée é o CEO da Technis e foi selecionado, pela Forbes, para o ranking anual 30 com menos de 30 (30 Under 30). A sua empresa transforma o chão dos centros de congressos em plataformas inteligentes. Não só esta foi uma conversa energizante, mas também um ótimo exemplo do tipo de valor que os centros de congressos vão providenciar no futuro: dados.
 
O tema da conferência deste ano é Elevar – é sobre reabrir para eventos e elevá‑los a um nível mais alto. E esse nível mais alto não se consubstancia apenas num serviço de excelência. É também no apoio dado ao consumidor para justificar o investimento que ela/ele está a fazer no evento. Foi uma lição que aprendi há muitos anos, quando organizei o evento de finanças da SIBOS. Durante a reunião anual, as discussões não eram sobre preço, localização, oportunidades de possibilidade, mas nas formas como nós – como organizadores – podíamos ajudar os expositores a assegurar (ou aumentar) o budget anual necessário para participar no evento. Os elementos‑chave eram dados e velocidade. Depois de tentativa e erro, fomos capazes de apresentar um relatório contendo dados sobre o impacto dos seus investimentos.
 
Alguns aspetos eram claros, como o número de visualizações da publicidade ou do perfil das pessoas que assistiram a uma sessão da conferência. Outros eram mais complexos, como fornecer mapas de calor, que mostraram o número de pessoas que visitam o stand. Esses dados foram então combinados com os dados que o expositor já tinha recolhido, como número de reuniões, leads gerados, etc. Mas o que tornou tudo realmente impactante foi o facto de termos entregado os relatórios duas semanas após o evento, o que fez com que quem decide os orçamentos e assistiu à conferência ainda se lembrasse do que aconteceu, o que torna a história do “é por isso que investimos neste evento” ainda mais convincente.
 
Os centros de congressos podem desempenhar um papel fundamental em fazer acontecer histórias como estas, investindo em tecnologia e demonstrando o valor que os dados recolhidos podem trazer para os organizadores e expositores, por exemplo, fornecendo relatórios como os citados acima. A meu ver, este tipo de serviço será ainda mais importante daqui para a frente, uma vez que os executivos ‑ especialmente a nível corporativo ‑ terão de ser convencidos novamente do valor dos eventos organizados.
 
A implementação deste tipo de tecnologia oferece, pelo menos, três oportunidades para centros de congressos. Em primeiro lugar, permite criar novos fluxos de receita ou proteger os existentes. Em segundo lugar, permite obter um melhor entendimento de como funciona o centro de congressos em termos de fluxo, e como o seu design pode ser aproveitado para atender às expectativas dos clientes. E, em terceiro lugar, o facto de ser baseado em dados também significa que pode ser rastreado em relação a indicadores de desempenho, tanto ao nível do venue, quanto do organizador e do expositor.
 
Como em todas as oportunidades, é claro que existem alguns desafios. Primeiro, há a seleção da tecnologia a ser usada num mercado em rápida evolução. Em segundo lugar, há uma governança relacionada à recolha e uso de dados a serem definidos e implementados. E em terceiro lugar ‑ como demonstrado por casos recentes de hackers ‑, a segurança não deve ser subestimada.
 
Conversar com pessoas como Wictor Bourée permite perceber que o mercado de eventos está a passar por uma transformação, que a crise da covid‑19 acelerou. O próximo normal é fascinante, oferecendo grandes oportunidades para aqueles que o abraçam.
 

© Sven Bossu Opinião

CEO da AIPC
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