< PreviousNeste momento, em avaliação, está a possibilidade de o evento ser realizado noutras geografias. “Vamos estudar agora calmamente e a seu tempo daremos nota”, refere Rui Ribeiro, revelando, no entanto, que se trata de um destino fora de Portugal. “Temos três geografias que nos abordaram e nós temos que pensar o que é melhor para a marca”, sublinha. Não está em causa a realização do evento no Porto e Matosinhos, mas “o crescimento da marca e da conferência”. WWW.EVENTPOINTINTERNATIONAL.COM 40 EVENTO SER FREELANCER CRIAVA-ME UMA ENORME ANSIEDADE WWW.EVENTPOINTINTERNATIONAL.COM 42 VIDA DE EVENTOS ANA GONÇALVES “SENTI QUE ENCONTRARA O MEU MUNDINHO” Ana Gonçalves tem mais de 25 anos de experiência na área da Comunicação e Marketing, produziu conteúdos para canais de televisão e publicidade, até que foi “desafiada por pessoas do meio para organizar algumas festas de lançamento e final de programas”. “Planear, idealizar, estruturar, pensar no conceito, procurar as melhores soluções para cada caso, identificar o público‑alvo e escolher os locais que melhor representassem o que queria passar, foram passos que adorei viver. Senti que encontrara o meu mundinho”, conta à Event Point. Desde então, os eventos fazem parte da vida de Ana Gonçalves, que atualmente é Business Manager na Knower Brands, empresa que, “sabendo da paixão pela área”, a convidou a desenvolver a unidade de negócio dos eventos e ativação de marca. “Tive logo a oportunidade de produzir a A1VØLUT1ØN, com uma equipa fantástica, que sonhou, que acreditou e concretizou a maior conferência de inteligência artificial que se realizou este ano em Portugal”, sublinha. Freelancer durante muitos anos, Ana Gonçalves recorda “a incerteza de como seria o mês seguinte”. “Sou uma pessoa controladora, muito organizada e que procura sempre ter tudo muito bem definido, sabendo com o que conto. Ser freelancer criava‑me uma enorme ansiedade e sugava‑me a energia que queria pôr nas ideias, nas propostas, na execução. Não tenho mesmo perfil para isso”, afirma. Feliz por ter deixado esses tempos de instabilidade profissional para trás, Ana Gonçalves confessa que ‘trabalha’ em eventos mesmo quando não está a trabalhar, pela dificuldade que sente em “desligar”. “Posso estar na situação mais mundana, em que observo tudo à minha volta e, sem dar por isso, já estou a montar uma estratégia de ativação de marca ou um evento dentro da minha cabeça e a imaginar o que podia ficar aqui e acolá”, partilha. MOTIVAÇÃO, DIVERSIDADE E NOVAS EXPERIÊNCIAS Hoje em dia, já “não se imagina a fazer outra coisa” sem ser eventos. Tentou um trabalho das “9 às 5” durante uns anos, gostou do projeto, ganhou “amigos para a vida”, mas “em termos profissionais, não enchia as medidas”. “Faltava sempre algo. Todos os dias eram iguais. Isso desmotivava‑me”, acrescenta. A “diversidade” é a resposta fácil que Ana Gonçalves dá quando questionada sobre o que mais gosta no que faz. “Num dia posso estar a desenvolver uma ativação de marca super arrojada para uma marca jovem e, no outro, a produzir o aniversário corporativo de uma empresa internacional, num ambiente formal. E ambas me motivam de igual forma”. Em sentido contrário, a Business Manager na Knower mostra o seu desagrado com “a forma como os clientes, no geral”, se ‘servem’ das agências e de freelancers, “solicitando propostas para concursos, sem concordarem que estas deveriam ser pagas”. “Cada equipa/agência que entrega o seu tempo e know‑how deveria ser compensada, pois está a trabalhar para desenvolver um projeto. Seria justo e respeitoso que houvesse um fee para as que não passam. Para mim, isto é demasiado óbvio”, considera. WWW.EVENTPOINTINTERNATIONAL.COM 44 VIDA DE EVENTOS O primeiro Mega Pic‑Nic Continente que produziu foi, até hoje, o evento mais marcante em que esteve envolvida. “Em 2012, entro na agência que criou o evento, a Born, e fico com a responsabilidade de gerir uma grande parte do projeto, que na altura já era um ‘comboio’ em andamento, a alta velocidade”, explica. “Foi entrar, agarrar e fazer acontecer em oito meses. De repente, estava a fazer uma enorme parada de animais pela Baixa lisboeta, com 30º, e a lidar com mais de 40 culturas, mais de 30 espécies de animais de todo o país, mais de 20 parceiros, e a testemunhar a presença de 550 mil pessoas no Terreiro do Paço”, recorda. DE CAIR A PÉ NUMA RAMPA DE SKATE A VER “PESSOAS A LUTAR POR CEBOLAS” Durante alguns anos, produziu eventos que envolviam skate, BMX e patins em linha. “Um dos projetos era uma tour nacional que ia a escolas comunicar estilos de vida saudáveis (‘Tour Agarra a Vida’). Eu não ando de skate, no entanto, ao descer de uma rampa de skate, a pé, caí. Fiz uma rotura total de ligamentos num joelho”, conta. “Imaginem a humilhação de ir ao hospital ou mesmo contar a alguém que caí numa rampa de skate e nem ando de skate! Fui motivo de galhofa dos colegas e dos atletas durante uns bons tempos”, reforça. Momentos hilariantes não faltam no CV de Ana Gonçalves, como o dia em que viu “pessoas a lutar por cebolas, batatas e até wasabi, no final de um Mega Pic‑Nic, em que todos os produtos estavam assinalados com a nota ‘não consumir/impróprio para consumo’. O mais cómico era estarem a levar produtos de um evento público do Continente e estarem a encher sacos que trouxeram de casa, do Pingo Doce”, afirma. Bem disposta e dinâmica, depois de um grande evento Ana Gonçalves dorme, “restabelece energias” e procura estar com família e amigos, de preferência para “um jantar de vinho e queijos”. No verão, faz questão de ir dar um mergulho no mar. “Limpa tudo”.“HABITUAMO-NOS A SER CORAJOSOS” WWW.EVENTPOINTINTERNATIONAL.COM 46 VIDA DE EVENTOS FILINTO FRANCISCO “NADA É UMA ROTINA” Os eventos são, para Filinto Francisco, uma oportunidade diária para “crescer tanto a nível pessoal como a nível profissional”. Em 2001, depois de concluir uma licenciatura em Marketing, conseguiu uma vaga numa empresa de audiovisuais, a Eurologistix. “Era uma pequena empresa com um grande entendimento do turismo de negócios e de um segmento em grande ascensão, os eventos corporativos”, recorda. Na altura, integrou “uma pequena equipa de vendas” que “tinha muita experiência no segmento MICE” e, com o sócio fundador, Joaquim Inácio, diz ter aprendido “muito do que esta área tem para ensinar”. “Aprendi com grandes profissionais que me ensinaram as nuances dos eventos corporativos e assim comecei a trabalhar nesta área e a traçar o caminho para a criação, uns anos mais tarde, do meu próprio projeto”, explica. “NESTA ÁREA NADA É UMA ROTINA” Mais de duas décadas depois, Filinto Francisco ainda se lembra “de ter de fazer as peças gráficas para muitos eventos, tendo de aprender rapidamente a trabalhar com programas gráficos, modelação em 3D, aprofundar questões técnicas de equipamentos, aperfeiçoar formas de interação com os diferentes clientes”.“Eu diria que tem sido uma grande escola e uma forma de conhecer bons amigos”, resume assim a ligação ao setor dos eventos, sublinhando que “a realidade é que nesta área nada é uma rotina e, por isso, a novidade, o desafio e a superação são as caraterísticas que tornam este tipo de trabalho tão viciante”. Senior Project Consultant e Project Director na Rise, empresa de audiovisuais que criou em 2012, do que Filinto Francisco mais gosta nesta atividade é “do facto de cada projeto ser um desafio diferente”. Os serviços da Rise “incidem bastante sobre os eventos corporativos internacionais” e Filinto Francisco mostra‑se satisfeito sempre que “o trabalho feito por profissionais portugueses é elogiado por estas grandes corporações”. “Habituamo‑nos a ser corajosos e também muitos orgulhosos quando mostramos que no nosso país sabemos fazer bem, com muita qualidade e criatividade”, reforça. Filinto Francisco afirma que, quando começou a trabalhar na área, “o serviço audiovisual era a componente mais importante para o sucesso de uma reunião ou evento. O destino, o local, a comida eram grandezas de importância inquestionável, mas a componente técnica audiovisual era fulcral na transmissão da mensagem”. Hoje, considera que a realidade é bem diferente e que “o investimento na qualidade perdeu‑se um pouco”. “Do que menos gosto é do facto de no nosso setor o conhecimento técnico ‑ o verdadeiro conhecimento técnico ‑ ter vindo a perder importância para o preço dos serviços apresentados”, sustenta. O MILAGRE DA MULTIPLICAÇÃO O primeiro grande evento da Rise foi o que mais o marcou até agora. “Era um evento para 400 delegados onde eu, os meus sócios e mais três ou quatro elementos soubemos superar o facto de sermos bastante pequenos enquanto empresa e parecíamos ter um batalhão de colaboradores”, recorda. WWW.EVENTPOINTINTERNATIONAL.COM 48 VIDA DE EVENTOS “Fizemos zona de exposição, sala plenária, jantar de boas vindas, jantar de gala e salas paralelas sem pararmos um segundo e as pessoas que sabiam da nossa curta existência perguntavam‑nos quantos é que na realidade éramos, espantados que estavam de nos ver em todos os espaços e a conseguirmos concretizar todos os pedidos do nosso cliente”. Os desafios de uma empresa pequena para grandes eventos estão ainda bem presentes na memória. “No início, quando começámos a Rise, tínhamos de parecer que éramos grandes, porque muito do nosso trabalho sempre foi com eventos internacionais e, como tal, os clientes precisavam de ter alguma segurança nos fornecedores que contratavam”. No primeiro ano da empresa e primeiro trabalho em Lisboa, o cliente “estava um pouco inseguro” e Filinto Francisco recorda‑se de ter contornado as adversidades. “Telefonava‑me para falar com o nosso designer e com o nosso responsável de produção para esclarecer algumas dúvidas. E eu tinha de fazer uma voz diferente para o designer e para o colega da produção e deixar assim o cliente descansado depois de todas as perguntas esclarecidas”. “Éramos só quatro pessoas na altura e tínhamos de parecer mais. Sabiamos que conseguíamos assegurar essas necessidades, porque tínhamos o know‑ how e tínhamos o tempo do nosso lado. Após esse primeiro evento, fizemos mais dois para esse mesmo cliente, mas aí já com mais colegas”, conta. Episódios misteriosos de uma planta que se mexia sozinha enquanto um orador discursava num congresso médico ‑ e que afinal se tratou de um técnico cansado que “tocava com o pé no vaso e sem se aperceber fazia um espetáculo de movimento com a planta quase sincronizado com a apresentação” ‑ ou do súbito desaparecimento de um vídeo durante a apresentação de uma marca estão entre os imprevistos já vividos em eventos. ‘Desligar’ depois de um evento “nem sempre é possível e só com um grande suporte familiar é que se consegue seguir em frente”. “Aproveitar sempre que possível o tempo em família é a nossa melhor descompressão”, remata Filinto Francisco.Next >