< Previous110 EVENT POINT | ESPAÇO APOREP ESPAÇO APOREP O protocolo nos eventos e a IA Theresa Maria Santos A implementação da ética e da diplomacia na nova era tecnológica Créditos: Nuno Ramos Photography111 ABRIL | MAIO | JUNHO 2025 A nossa vida, quer em termos pessoais, profissionais ou sociais, não escapa à rapidez das enormes e complexas mudanças que a Inteligência Artificial representa. Algumas já ultrapassaram as telas do cinema e, para o bem ou para o mal, estão para ficar. São tempos disruptivos. No entanto, esta quantidade massiva de informação, por vezes, contraditória e de difícil escrutínio, definida por Joseph Schumpeter como “destruição criativa”, pode levar à desconfiança e ao descrédi- to. Tudo o que não queremos, como profissionais ligados à indústria dos eventos. Vivemos num contexto de globalização, de conflitos e diversidade cultural e geracional, tempo escravo dos media, onde “tudo chega, sem ser necessário partir”, onde “o mais” e “o maior” estão em oposição, e o relativismo justifica todas as ações, pelo que é urgente ape- lar à responsabilidade ética. Os investigadores ligados à criação e desenvolvimento da IA e as entidades reguladoras têm, por isso, alertado para a necessidade e importância de conhe- cer e compreender as novas ferramentas de Inteligência Artificial, de forma a adaptar o seu uso ao contexto que ca- racteriza cada atividade profissional, estabelecendo um quadro de referência ética, compreensível, imparcial, mas atento, para que sua utilização promova as boas práticas, e consolide a confian- ça, a justiça e o respeito de todos e não agrave desequilíbrios existentes, poten- ciando oligarquias, capazes de manipu- lar e controlar o seu uso, e cujo objetivo é o poder, sem respeito pela dignidade humana e o bem comum. É incontestável a mais-valia que o uso da IA representa em termos de inovação e criatividade, são um instrumento de mudança, pelo que, a sua compreensão e conhecimento importa a todos. O desconhecimento e o medo, ainda que legítimo, acrescenta instabilidade, des- confiança e crispação a um negócio que se quer capaz de vivenciar e potenciar “o momento”, de forma honesta, susten- tável e ética. 112 EVENT POINT | ESPAÇO APOREP Esta é uma fase crítica do processo que nos obriga a todos a uma constante interação e cooperação, sem isso, ficare- mos à margem deste potencial de inova- ção, criador de ganhos inimagináveis em termos de qualidade, resiliência e sustentabilidade da escolha. Razão deste apelo para a ética na construção destas ferramentas, como garantia e defesa dos princípios e valores que orientam a nossa atividade profissional. De acordo com Neil D. Lawrence – pro- fessor na Universidade de Cambridge, onde lidera a área de IA, e autor do livro Humano, Demasiado Humano –, é na ambiguidade e vulnerabilidade que o homem prevalece sobre a máquina e é aí que exerce o seu controlo. É no ques- tionar, na incerteza e na fragilidade, que somos totalmente insubstituíveis e impossíveis de replicar. Se considerarmos a ética como a inter- pelação constante, o “contentamento descontente” de Camões, ou a procura do mais alto de todos os bens que se podem alcançar pela ação, de Aristóte- les, constatamos que, procurar as me- lhores respostas e os melhores instru- mentos na criação e desenvolvimento do sucesso e bem-estar de todos os intervenientes, num determinado even- to – seja qual for –, são objeto de um processo criativo e inovador (Portocar- rero, 2016) e o segredo que transforma um mero evento, num acontecimento. A ambiguidade e complexidade dos eventos, onde empresas, gestores, mer- cados e trabalhadores independentes, têm de trabalhar conjuntamente, obriga a uma conciliação, diálogo e negociação constantes. Acreditar que alguns podem decidir, autónoma e livremente, de acordo com o seu poder, sem terem em considera- ção os diferentes empreendedores pre- sentes é, no mínimo, irresponsável, na medida em que todos eles podem – e vão! – influenciar a forma como é comu- nicado e experienciado o evento. Já “não há poderes sobre, surgem os poderes em”, como aponta Moura Jacin- to (2004), “dentro da comunidade onde se vão definindo os relacionamentos mútuos”, há uma necessidade crescente de conciliação e negociação, tudo de- pende de tudo, em determinado mo- mento, e, essas dependências podem mudar a qualquer instante. A nova realidade de network distancia- -se da noção de mercado e burocracia, na medida em que se baseia na confian- ça e na diplomacia. A tensão competitiva é substituída pela ação colaborativa (Rhodes, 2007).113 ABRIL | MAIO | JUNHO 2025 Neste contexto o Protocolo é a mais-va- lia dos eventos, depois de definidos e estabelecidos os princípios e objetivos na criação e planeamento do evento, irá analisar, identificar e marcar eventuais riscos que possam impactar na comuni- cação e na reputação de todos os inter- venientes, numa ação atenta ao porme- nor e orientada pela diplomacia, pro- movendo ambientes facilitadores da negociação (Froideville & Vereheul, 2016). O Protocolo é a arte de nego- ciar, de forma ética e transparente, em qualquer contexto e circunstância, através de procedimentos concertados e ajustados a cada evento, de forma Créditos: Nuno Ramos Photography114 EVENT POINT | EMPRESAS estratégica, sem generalizações distan- tes ou moralistas, tendo como único objetivo a reputação e o êxito de todas as partes. Se a IA nos apela à sua compreensão e estudo, a ética responsabiliza-nos pela sua regulamentação, propondo a cons- trução de uma sociedade mais livre, justa, solidária e sustentável, preparada e capaz para continuar a criar, produzir e vivenciar eventos memoráveis. Bibliografia Aristóteles. (1991). Ética a Nicômaco ; Poética / Aristóteles. (N. Cultural, Ed., & L. V. Ross, Trans.) São Paulo. Bouza Serrano, J. (2011). O Livro do Protocolo. Lisboa: A Esfera dos Livros. Bugaric, B. (2004). Openness and Transparency in Public Administration: Challenges for Public Law. Wisconsin International Law Journal, 483. Caldeira, C. (2013). Tese Doutoramento. Liberdade de educação e direito à educação: perspectivas constitucionais e políticas. Lisboa: UAL. Dias,Patrícia, Andrade, J.G., e Ilharco, Fernando – Coordenação.(2025). A Comunicação e Inteligência Artificial Perpectivas multidiscipli- nares. Coleção Povos e Culturas, nº 27. UEC Editora Eisenberg, E. M. (1984, Setembro). Ambiguity as Strategy in Organizational Communication. Communication Monographs, 51. Fernandes, C. (2015). A função do Protocolo na Comunicação Institucional. Retrieved from http://cristinafernandes.com/: http://cristinafer- nandes.com/ Froideville, G., & Vereheul, M. (2016). An Expert’s Guide to International Protocol. Amesterdam: Amesterdam University Press. Gilman, S. C. (2005). Ethics Codes and Codes of Conduct as Tools for Promoting an Ethical and Professional Public Service: Comparative Successes and Lessons. Prepared for the PREM, World Bank, Washington DC. Retrieved 2016, from https://www.oecd.org/mena/governan- ce/35521418.pdf Portocarrero, M. L. (2016). Racionalidade hermenêutica e éticas aplicadas no mundo contemporâneo. In M. d. Coord. Neves, Ética: dos Fundamentos às Práticas (pp. 211-222). Lisboa: Edições 70. Reimão, C. (2016). A Ética no Contexto das Ciências Humanas. In M. d. Coord. Neves, Ética: Dos Fundamentos às Práticas (pp. 245-261). Lisboa: Edições 70. Renaud, M. (2016). A evolução histórica da ètica. In M. d. Coord. Patrão, Ética: dos Funda- mentos às Práticas. Lisboa: Edições 70. Rhodes, R. (2007). Understanding Governance: Ten Years On. (S. Publications, Ed.) Organiza- tionStudies, 1243-1264. doi:10.1177/0170840607076586 Lawrence, N.D. (2025) Humano, demasiado Humano. Coleção Ciência Aberta. GradivaTHEMANAGEMENTAND MARKETINGEVENTINEUROPE PORTO|MATOSINHOSCONSULTÓRIO DE PROTOCOLO Consultório de Cristina Fernandes Susana de Salazar Casanova As especialistas de protocolo e imagem, Cristina Fernandes e Susana de Salazar Casanova, respondem às perguntas dos leitores. Também pode participar, enviando a sua questão para o info@eventpointinternational.com Protocolo Vamos ter um evento com a presença de vários Chefes de Estado e a minha per- gunta é: Como se organizam os lugares à mesa de refeição de trabalho (formato U)? Que critério devemos utilizar? Os Chefes de Estado ordenam-se, entre si, pelo critério de antiguidade no cargo. Estabelecida a precedência entre estas entidades, o lugar ao centro da cabeceira da mesa é ocupado pelo anfitrião, que dará a sua direita à precedência número 1, a sua esquerda à precedência número 2, e assim sucessivamente, sempre em ordem alternada direita/esquerda até ao final da mesa, partindo do princípio que só os lugares exteriores das laterais da mesa são ocupados. Se os lugares do espaço interior da mesa forem também ocupados, man- tém-se o seguinte sistema de alternância: lugar externo da direita/lugar externo da esquerda/lugar interno da direita/lugar interno da esquerda, e assim sucessiva- mente. Se um participante importante se veste de forma inadequada para um evento formal, há alguma maneira diplomática de abordar a questão? E temos legitimidade para o fazer? Na atualidade, as questões relacionadas com vestuário revestem-se de enorme 117 ABRIL | MAIO | JUNHO 2025 sensibilidade, exigindo grande cautela nas abordagens. Do ponto de vista de Protocolo, o anfitrião pode indicar, no convite, qual o “dress code” que deseja que os seus convidados adotem no seu evento. Esta é uma boa prática que, contudo, não garante total cumprimento por parte dos convidados. Quando refere “se veste de forma inade- quada”, não menciona se se refere a in- cumprimento do “dress code” indicado, a questões de estilo ou, até, de decoro. O anfitrião tem (pelo menos em teoria) legitimidade para intervir, sobretudo quan- do a questão do respeito é ultrapassada. Contudo essa atitude poderá ter, natural- mente, consequências, sobretudo se o anfitrião decidir impedir o acesso do con- vidado que incumpre (pois uma simples informação/advertência não resolvem, na medida em que o convidado ou assiste ao evento como se apresenta, ou simples- mente não assiste). Em qualquer caso, a intervenção deve acontecer com enorme discrição, evitando fazer com que o convidado perca a face perante os demais participantes. Tratando-se, sem dúvida, de uma situação muito constrangedora, aconselha-se uma decisão ponderada e sensata que cause “o menor dos males”. É fundamental que a equipa responsável pelo evento esteja preparada para lidar com qualquer situa- ção desta natureza, agindo de forma coor- denada e alinhada com as decisões do anfitrião, sempre e em qualquer caso comunicando com cortesia. Vou ter um orador transgénero no meu evento. Que gafes devemos evitar? Ao organizar um evento com um orador transgénero, é crucial adotar uma aborda- gem respeitosa e cuidadosa, evitando “gaffes” que possam resultar em constran- gimentos ou desrespeito à identidade da pessoa. Idealmente, antes do evento, deve confir- mar-se diretamente com o orador, ou com o seu “staff”, quais os pronomes e o nome profissional que devem ser utilizados, bem como quaisquer outras especificações relativas à forma de tratamento. Assim, em comunicações e na apresentação do orador, deve utilizar-se a forma de tratamento que tenha sido previamente indicada. Como em qualquer evento, toda a lingua- gem deve obedecer a princípios de respei- to e inclusão, não utilizando termos que possam remeter a estereótipos ou sensa- cionalismos. Ao abordar temas relacionados com a identidade de género, se for necessário fazê-lo, evite-se focar exclusivamente na condição “trans” como algo extraordinário. Mantenha-se o foco no conteúdo e na mensagem do orador. Todos os materiais escritos (programas, convites, notas biográficas, etc.) devem cumprir com a forma de tratamento e os pronomes indicados pelo orador. A consis- tência na comunicação é um sinal de profissionalismo, sempre.118 EVENT POINT | DIRETÓRIO DIRETÓRIO Animação ADLIB STRINGS Porto “UMA EXPERIÊNCIA MUSICAL ÚNICA PARA CADA OCASIÃO”. 917 323 913 geral@adlibstrings.com www.adlibstrings.com https://www.facebook.com/ 4adlib/ https://www.instagram.com/adlibstrings https://www.linkedin.com/in/4adlibstringquartet/ Aluguer de Material ALL2RENT Leça da Palmeira “SOMOS ESPECIALIZADOS NA ÁREA DE ORGANIZAÇÃO DE EVENTOS E ALUGUER DE EQUIPAMENTOS DIFERENCIADOS”. 917430132 geral@all2rent.pt www.all2rent.pt www.facebook.co m/all2rentevents www.linked in.com/company/all2rent Audiovisuais EUROPALCO Sintra “A MAIOR EMPRESA NACIONAL FORNECEDO- RA DE SOLUÇÕES PARA EVENTOS E ESPETÁ- CULOS”. 219 605 520 comercial@europalco.pt www.europalco.pt www.instagram.com/europalco.pt www.linkedin.com/company/europalco www.facebook.com/europalco www.youtube.com/EuropalcoPt FRONTAL - EVENT SOLUTIONS Vila do Conde “SOMOS UMA EMPRESA PORTUGUESA FOCADA NA PRODUÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE EVENTOS. COM UMA VASTA EXPERIÊNCIA NO MERCADO, APRESENTAMOS UM PACOTE OE SOLUÇÕES E SERVIÇOS 360º E POSSUÍMOS A MAIS ALTA QUALIDADE DE MEIOS HUMANOS E TECNOLÓ- GICOS”. 915 279 904 geral@frontal360.pt www.fronta1360.pt www.facebook.com/frontal.360 www.pt.linked in.com/compan y/frontal -audiovi- suais www.instagram.com/fronta l.360 119 ABRIL | MAIO | JUNHO 2025 GRUPO RXF Sintra “A RXF É UMA EMPRESA QUE ATUA EM TRÊS ÁREAS DE NEGÓCIO. AUDIOVISUAL, MULTI- MÉDIA E TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO. A PRINCIPAL ÁREA DE NEGÓCIO, O AUDIOVI- SUAL, APRESENTA UM VASTO NÚMERO DE SERVIÇOS PARA EVENTOS. A MULTIMÉDIA ESTÁ FOCADA NO DESENVOLVIMENTO DE SOLUÇÕES TÉCNICAS E CRIATIVAS. 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