“As pessoas querem viajar, querem voltar a sonhar!”

Entrevista

09-01-2023

# tags: Agências , Incentivos , Destinos , Viagens

Entrevista a Carlos Medeiros, event producer e travel designer, sobre os destinos mais interessantes para viagens de incentivos depois da pandemia.

O que mudou, quais os atuais desafios e tendências para as viagens de incentivo, bem como quais os destinos mais procurados, são perguntas que se impõem depois de o segmento ter sido fortemente afetado pela pandemia e estar numa altura de recuperação.

“As empresas que oferecem estas viagens estão mais conscientes dos imprevistos e procuram acautelá-los. Vemos uma preocupação crescente com o tipo de cobertura dos seguros”, indica Carlos Medeiros, produtor de eventos e fundador da Event Concept e travel designer da X Journey, agência que cofundou com o travel expert Miguel Procópio.

“Mas o que notamos”, ressalva, “é que as pessoas, depois de dois anos de pandemia, querem muito voltar a viajar. Fazem-no com grande alegria e entusiasmo. Pelo menos assim tem sido nas nossas viagens de incentivos”.

Contudo, e apesar da empolgação do regresso às viagens, há ainda “grandes receios do que pode acontecer depois de uma confirmação de um determinado projeto”. Assim, “temos sempre a mais-valia na utilização de seguros que nos permitem ‘acalmar’ os decision makers. É de notar um grande entusiasmo ao fim desta clausura ‘forçada’. As pessoas querem viajar, querem voltar a sonhar!”

“Já não basta só ter um ‘plano B’”


Carlos Medeiros indica que um dos principais desafios de hoje é, “talvez, a imprevisibilidade das companhias aéreas”. E explica: “Temos assistido a muitos voos cancelados, atrasados, o que não é nada fácil quando estamos em produção com incentivos de 100 ou 150 pessoas.” Por isso, “é exigido um grande planeamento das empresas que organizam este tipo de viagens e a capacidade de resposta imediata aos imprevistos. Já não basta só ter um ‘plano B’”.

Além disso, “temos de ser cada vez mais exclusivos na forma como tratamos o ‘desenho de uma viagem’, pois cada cliente é único para nós. Desenvolvemos momentos ‘bespoke’ à medida de cada cliente. Queremos que a viagem se torne numa experiência única, sendo que iniciamos a experiência logo com a entrega de documentação da viagem, o ‘welcome’ no aeroporto e detalhes não expectáveis durante a viagem. Somos produtores de emoções e de momentos sensoriais”.

E são os produtores, cada um dos travel planners e dos travel designers, que criam as tendências deste segmento. “E também criamos em função do perfil de cada cliente e com os momentos que eles próprios querem criar”, afirma o especialista, acrescentando: “Gostamos de produzir o que não está ao normal alcance dos nossos clientes.”

“Há muita concorrência de destinos”


Na sequência da pandemia, houve necessidade de adaptação dos destinos às necessidades dos seus visitantes. “Há países, tal como Portugal, que se reinventaram e aperfeiçoaram para melhor poder acolher os visitantes. Faz parte da estratégia de muitos governos, pois o turismo é uma fonte importantíssima de receitas.”

De acordo com Carlos Medeiros, “muitos dos hotéis aproveitaram a pandemia e o encerramento forçado para se renovar”, por exemplo. “Todos fomos obrigados a pensar em novas formas de atrair visitantes. No geral, creio que tentámos todos tornar-nos mais apelativos e também flexíveis às necessidades e características dos visitantes.”

É que “há muita concorrência de destinos”, explica o travel designer, adiantando que “os que se evidenciam pela oferta mais diferente ou inovadora são normalmente os escolhidos”.

Atualmente, “estamos a assistir a uma procura crescente pelos países sul-americanos e alguns países africanos menos explorados”, refere. “A maioria dos incentivos envolve viagens de longo curso. As empresas querem dar aos seus parceiros viagens realmente especiais e onde seja menos óbvia a ida dos seus clientes pelos seus próprios meios. Os países da Europa mais ‘conhecidos’ e destinos mais comuns, eles podem visitar, ou até já visitaram, sozinhos”, sustenta.

Segundo Carlos Medeiros, “o Brasil e os países de Língua Portuguesa, como Cabo verde, São Tomé e outros, continuam a ser muito procurados, pelo clima, pela proximidade e pela facilidade da língua”. “Os países tropicais estão sempre na ‘moda’, pois os clientes valorizam sempre uma boa praia e um clima quente e exótico”, conclui.

© Maria João Leite Redação