BEIC Club em Praga: Quando o mundo dos eventos se reúne para pensar o futuro

Opinião

21-07-2025

# tags: Agências , Eventos , iMotion

Em março passado, tive o privilégio de representar a iMotion, na primeira reunião anual do BEIC Club (Business Event Industry Club), um grupo restrito de agências de eventos de vários pontos do mundo, do qual a iMotion faz parte.

O encontro aconteceu em Praga, uma cidade que combina história e uma energia criativa contagiante, o cenário perfeito para dois dias intensos de partilha e reflexão.

Quinze agências estavam reunidas, representando diferentes geografias, culturas e realidades. Mas rapidamente ficou claro que os desafios que enfrentamos são surpreendentemente semelhantes. A começar pela atual conjuntura política mundial, que está a impactar o setor de forma direta e, por vezes, imprevisível.

O aumento da instabilidade geopolítica, as tensões comerciais e as eleições em diversos países estão a provocar retração nos investimentos e hesitação nas decisões. As marcas estão mais cautelosas, a planear menos a longo prazo e a exigir maior flexibilidade contratual. O resultado? Um primeiro trimestre de 2025 anormalmente calmo para todas as agências representadas e uma sensação de que estamos a operar num terreno particularmente volátil.

Outro tema que dominou a discussão foi a falta de transparência em alguns processos de pitch. É comum vermos concursos com demasiadas agências envolvidas, muitas vezes sem um briefing claro ou sequer garantias de que o projeto avançará. Esta realidade leva-nos a uma reflexão profunda sobre o valor do nosso tempo, da nossa criatividade e do papel que queremos ter neste ecossistema.

Ligado a isso, surgiu um tópico especialmente sensível: a proteção da propriedade intelectual. Quem trabalha neste setor já passou, provavelmente mais do que uma vez, pela experiência de ver uma ideia sua apresentada num pitch ser executada por outra agência, ou até diretamente pelo cliente, sem qualquer tipo de crédito ou compensação. Esta prática, infelizmente recorrente, levanta questões éticas urgentes e exige uma resposta coletiva e firme do setor.

Os desafios internos que enfrentamos nas nossas próprias estruturas foi também um tópico que exigiu reflexão e partilha. Há uma clara necessidade de repensar modelos, equipas e as suas valências.

Estamos a viver uma mudança de paradigma, onde a flexibilidade, a multidisciplinaridade e o equilíbrio entre vida pessoal e profissional ganham novo peso. As agências estão a redesenhar-se, umas mais rápido, outras com mais resistência, mas todas conscientes de que a mudança é inevitável.

No final, estes dois dias em Praga foram muito mais do que uma reunião internacional. Foram uma oportunidade rara de parar, observar e refletir sobre o caminho que estamos a seguir.

Trouxe comigo muitas ideias, algumas inquietações e uma certeza: os problemas do setor são, em grande parte, transversais, independentemente do país ou da dimensão das agências. E é nesta consciência comum que podemos encontrar força para evoluir. As sementes foram lançadas, veremos se a próxima reunião do BEIC, em setembro, nos trará algumas respostas.

Porque mais do que concorrentes, somos parte de uma comunidade criativa que molda experiências, constrói ligações e dá vida às marcas. É na partilha, na escuta ativa e na colaboração que encontramos as respostas para os desafios que enfrentamos, e se o mundo muda, mudamos com ele!

Juntos, temos o poder de transformar incerteza em oportunidade e continuar a criar eventos com propósito, impacto e emoção.

© Filipa Ferreira da Silva Opinião

Head of Team & International na iMotion

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