“Imersiva, envolvente, marcante”: a experiência audiovisual na Expo 2025 Osaka

Entrevista

14-08-2025

# tags: Agências , Exposição , Eventos , Audiovisuais , Tecnologia , Empresas

A On Projeções é a empresa responsável pela integração audiovisual e pela operação diária do Pavilhão de Portugal na Expo 2025 Osaka.

A empresa brasileira de soluções audiovisuais foi contratada pela Rimond SRL para o projeto, que envolve desde a aquisição de equipamentos até à instalação e operação diária durante os seis meses do evento. E a filial portuguesa da On Projeções é quem lidera este projeto no Pavilhão de Portugal na Expo 2025 Osaka, que aposta numa narrativa imersiva, instalações interativas e projeções de grande escala.

A empresa mantém permanentemente uma equipa no local. “Somos responsáveis pela operação diária e manutenção contínua de todos os sistemas audiovisuais. Essa presença on-site é crucial, uma vez que o pavilhão é totalmente baseado em recursos audiovisuais, exigindo gestão atenta e pronta resposta a qualquer eventualidade”, explica Hugo Rodrigues, CEO da On Projeções, à Event Point.

A equipa faz uma “monitorização constante dos sistemas e manutenção preventiva e corretiva” e lidera a operação da sala multipurpose, um espaço dinâmico, que é reconfigurado conforme as necessidades. “Num dia, pode receber exposições culturais ou artísticas e, no outro, sediar encontros diplomáticos, palestras ou projeções de documentários.” E essa flexibilidade “exige soluções técnicas ágeis e uma adaptação precisa para garantir que o espaço serve cada evento de forma impecável”.

Integrado nos sistemas que a empresa opera está também o terraço do pavilhão, que acolhe programação cultural voltada para a área externa. “Com shows e apresentações frequentes, trazemos ao público uma mistura de artistas portugueses e japoneses, utilizando sistemas de amplificação sonora que conectam o público à atmosfera do pavilhão”, adianta o responsável.

“Os sistemas audiovisuais são o fio condutor da experiência”


Para dar resposta a um projeto dinâmico, interativo e imersivo, a On Projeções “implementou um sistema audiovisual (AVL) abrangente e de ponta”, com soluções como sistemas de projeção (“abrangendo paredes curvas, pisos e superfícies interativas, além de um minidome de pequena escala”, com projeção contínua); e iluminação cénica e arquitetural.

As soluções incluem ainda áudio (“sistemas ambiente e direcionado”, com um sistema multicanal, “garantindo uma experiência sonora espacial e envolvente”); interatividade; e automação e controlo centralizado (“uma das maiores inovações é o sistema de automação central, que permite o controlo integrado de vídeo, luz e áudio de cada sala por meio de tablets”).

De acordo com Hugo Rodrigues, “os sistemas audiovisuais são o fio condutor da experiência no Pavilhão de Portugal, transformando-se num ‘guia invisível’ que orquestra a atmosfera, o ritmo, a interação e a emoção do visitante”.

O CEO da On Projeções considera que o audiovisual é “fundamental” neste projeto, quer na Waiting Area, “onde uma instalação sonora multicanal evoca a atmosfera marítima com sons de ondas e ventos”, quer na Sala Imersiva (Room 2), onde é criada “uma experiência cinematográfica em que ‘o oceano fala’”. “A sincronização precisa de todos os elementos cria uma narrativa fluida e impactante”, acrescenta.

Hugo Rodrigues adianta que, na Sala 1, as projeções de alta definição e iluminação “recriam o fundo do mar, enquanto as ilhas interativas – o minidome explorando a profundidade do oceano, as conexões Portugal-Japão, a Ilha da Língua e as telas touch sobre biodiversidade e inovação – articulam valores como comunidade, troca de saberes e sustentabilidade”. Ou seja, “a tecnologia atua como uma ponte cultural, utilizando conteúdo bilíngue e referências estéticas tradicionais, como os biombos japoneses, para conectar Portugal e Japão de forma respeitosa e envolvente”.

“Em suma, o AVL não é apenas cenário, mas o principal meio pelo qual a narrativa oceânica, histórica e cultural de Portugal é sentida, ouvida, tocada e compreendida por cada visitante, criando uma sense of presence e engagement que transcende a exposição tradicional”, sublinha o responsável.

O ambiente sonoro na fila de espera, a iluminação cénica que realça as ilhas temáticas, as telas interativas com conteúdos, as projeções 360° “são exemplos de como a tecnologia cativa e envolve”. Os audiovisuais são, assim, “protagonistas na criação de experiências sensoriais imersivas e marcantes”, permitindo que “o visitante não seja apenas um espectador passivo, mas um agente ativo da sua própria jornada”.

Desafios exigiram proatividade, flexibilidade e capacidade de adaptação


Esta operação apresenta “desafios multifacetados que exigiram proatividade, flexibilidade e uma capacidade de adaptação ímpar”, refere Hugo Rodrigues. A On Projeções enfrentou “a complexidade da coordenação com múltiplos parceiros e fornecedores, incluindo arquitetos, designers de conteúdo, cenógrafos e empreiteiros, exigindo uma gestão de projeto altamente coesa”.

Além disso, “o ambiente de estaleiro de obras dinâmico” exigiu “flexibilidade e adaptabilidade contínuas”; e “a necessidade de integrar os sistemas audiovisuais a elementos em constante desenvolvimento, por vezes ainda em fase de design ou fabrico, exigiu soluções modulares e versáteis”.

Hugo Rodrigues acrescenta que “a rigorosa integração com o protocolo japonês foi um pilar fundamental” e que isso exigiu uma “comunicação detalhada, documentação e gestão temporal precisa”. Também foram superados “obstáculos logísticos complexos, como a aquisição e transporte de equipamentos de Portugal para o Japão”, que garantissem a “segurança e integridade” dos componentes.

O CEO da On Projeções conta ainda que, ao longo do projeto, surgiram “circunstâncias imprevistas, como a necessidade de adaptações em infraestruturas ou em componentes específicos”. E, nesses momentos, “a nossa equipa demonstrou uma intervenção proativa, indo além do escopo inicialmente previsto para garantir a funcionalidade plena e a excelência da entrega final”, explica.

Consolidar posição em Portugal e novos mercados no radar


O balanço da operação tem sido “extremamente positivo e gratificante”. “Desde a inauguração, o Pavilhão de Portugal foi recebido com grande entusiasmo, com filas de visitantes curiosos para vivenciar a experiência.” E pelo pavilhão português, da autoria do arquiteto japonês Kengo Kuma, passaram até ao início de julho cerca de 900 mil pessoas.

“O retorno do público tem sido imediato e muito favorável, com muitos passando bastante tempo dentro do pavilhão, testando as interatividades e elogiando o cuidado e o impacto sensorial da exposição”, conta Hugo Rodrigues, que adianta que o sucesso se tem traduzido “em convites para apoiar outras ações dentro da Expo e ampliações de contrato”. E o CEO da On Projeções acredita que esta operação abre portas para trabalhos em novos mercados.

“A nossa participação no Pavilhão de Portugal na Expo 2025 Osaka representa um marco significativo que consolida a nossa comprovada capacidade em integração audiovisual para grandes eventos e instalações permanentes.” A visibilidade e o reconhecimento conquistado juntos das entidades responsáveis, parceiros e outras organizações e delegações, “sublinham a excelência da nossa entrega e a confiança depositada na nossa expertise técnica e tecnológica”.

“Este projeto também reforçou o papel estratégico da nossa sede em Portugal, que tem permitido a expansão das nossas operações não apenas no país, mas também em toda a Europa. O sucesso na Expo Osaka fortalece ainda mais a nossa posição no mercado português”, adianta.

Além disso, com a “experiência inestimável” adquirida neste projeto, “estamos estrategicamente preparados para alavancar novas oportunidades em mercados internacionais e nos tornarmos uma referência ainda maior na Europa”. Este evento tem provado “a adaptabilidade e a capacidade” de entrega da empresa, que está comprometida em expandir a sua atuação “para novos mercados que já estão no nosso radar”.

“Retiramos importantes lições técnicas e operacionais”

Num evento desta envergadura, há obrigatoriamente “uma aprendizagem contínua e valiosa”. “Retiramos importantes lições técnicas e operacionais, como a importância de uma escolha criteriosa de equipas multidisciplinares e altamente qualificadas, capazes de se adaptar a diferentes ambientes culturais, normas técnicas rigorosas e rotinas desafiadoras”, refere.

Hugo Rodrigues destaca ainda a importância da colaboração multicultural, a capacidade de inovação e da tomada de decisões em tempo real, “especialmente em situações imprevistas”, a resiliência da equipa e o conhecimento sobre logística internacional.

“Em suma, esta experiência tem ampliado o nosso reportório, consolidando a nossa capacidade de entrega em contextos internacionais e preparando-nos para novos desafios de grande porte, com um foco ainda maior em risk management e contingency planning”, sustenta.

Se a On Projeções tivesse de escolher três palavras para descrever esta experiência audiovisual na Expo 2025, seriam: “imersiva, envolvente, marcante – essas palavras capturam a essência da jornada sensorial e emocional que a nossa tecnologia proporciona aos visitantes”, que são convidados “a mergulhar profundamente nas narrativas do mar e da cultura portuguesa, tornando cada momento uma memória duradoura e inesquecível”, conclui Hugo Rodrigues.

© Maria João Leite Redação