Nuno Sardinha: “É apaixonante conseguirmos sempre o que nunca foi feito”

Entrevista

19-12-2022

# tags: Eventos , Vida de Eventos , Meetings Industry , Eventos corporativos

Nuno Sardinha é sales manager do Casino Estoril e até aqui chegar teve várias experiências.

“Enquanto aluno do curso de Turismo do Instituto Superior de Novas Profissões, fui comissário de bordo da TAP Air Portugal; uma experiência enriquecedora, onde a palavra ‘monotonia’ não existe.”

Já trabalhava no Casino Estoril, quando obteve a licenciatura em Gestão de Empresas Turísticas na mesma instituição de ensino. “Entrei para os quadros da Estoril Sol em março de 1994. Sempre na área comercial, comecei por desempenhar as funções de promotor de vendas. Mais tarde, viria a ser convidado para o atual cargo de sales manager”, conta.

Nesta função, Nuno Sardinha lida com o universo dos eventos, uma área “desafiante, sempre num ritmo alucinante”, mas onde está “sempre focado no sucesso do evento e, por consequência, na satisfação do cliente”.

E “quando se trabalha numa empresa como o Casino Estoril, este desafio é elevado ao limite!”, por ser “uma referência mundial” e por ter “uma oferta ímpar de soluções”, o que permite a realização de vários tipos de eventos.

Nuno Sardinha explica que o Casino Estoril é um “espaço de jogo que concilia a oferta de restauração, animação e cultura em perfeita harmonia”, onde é possível “jogar” com os diferentes espaços, como o Salão Preto e Prata, o auditório, uma sala intermodal adaptável, a galeria de arte ou os restaurantes. “E isso é apaixonante, conseguirmos sempre o que nunca foi feito.”

E se Nuno Sardinha gosta desse ritmo acelerado e de jogar com as múltiplas ofertas do espaço onde trabalha, do que menos gosta é dos “cancelamentos de grandes eventos de nível internacional, na medida em que não só nós, Casino Estoril, perdemos esse evento, mas porque os destinos Estoril e Portugal também perdem”. E acrescenta: “O que queremos é captar o maior número de eventos possível e, se forem de escala internacional, perfeito, uma vez que envolve a aviação, hotelaria, agências de viagens/DMC, empresas de serviços, restauração. E assim todos ficam a ganhar.”

Para jogar futebol é importante um bom relvado…

O venue é uma peça importante no sucesso de um evento. Sendo um amante de futebol, Nuno Sardinha recorre à modalidade desportiva para explicar a ideia. “Um evento sem um bom venue é como jogar futebol num mau relvado. As facilities de um venue são fundamentais para o sucesso de qualquer evento e nestas facilities incluo não só a oferta de espaços devidamente equipados para as diversas soluções, mas também a permanente formação de todo o staff envolvido.”

E a estes fatores é necessário juntar “todos os procedimentos e normas instituídas, desde a segurança à responsabilidade ambiental e à sustentabilidade nas empresas. Esta responsabilidade não se esgota a nível empresarial, mas também a nível individual. Todos estes fatores tornam o venue num espaço com identidade própria, singular, tornando-se num fator a favor no momento da decisão”, adianta.

Nuno Sardinha conta com 28 anos de percurso no Casino Estoril, sempre na área dos eventos, e lá soma vários eventos marcantes. “Todos eles foram importantes no seu tempo, uns com maior dimensão e projeção mediática, outros de caráter mais privado.” E mesmo sem destacar nenhum evento como o mais marcante, o sales manager do Casino Estoril partilha algumas histórias…

“Um quadro nunca visto”

Nuno Sardinha começa por lembrar o Laureus World Sports Awards, que, “pela sua natureza, deixou marcas”. Afinal, “trata-se da Cerimónia dos Óscares, desta vez não do cinema, mas do desporto. Nele estiveram presentes membros de famílias reais, os mais altos dignatários do nosso país, diversas lendas do desporto, atores de Hollywood, enfim, o mundo estava centrado no Estoril, no casino”, recorda o responsável, acrescentando que o evento “foi transmitido para dezenas de países, com um elevado impacto mediático”.

Além disso, foi um evento “com elevadas medidas de segurança, desde a credenciação de todos os funcionários envolvidos na operação junto do MAI [Ministério da Administração Interna] à montagem de pórticos de segurança para deteção de metais em todos os espaços onde se realizou o evento, ‘clean areas’ feitas por cães, entre outros. Envolveu dezenas de profissionais de diversas áreas, desde segurança, credenciação, F&B, animação, enfim, eram reuniões muito alargadas”. Muito trabalho, mas com resultados positivos. “O esforço compensou todas as limitações e elevou o nome do casino, do Estoril e de Portugal!”

Quando desafiado a contar um momento marcante em que as coisas podiam não ter corrido como planeado, Nuno Sardinha lembra o dia da antestreia de um espetáculo, produção própria, que coincidiu com o dia do ‘Buzinão’ na Ponte 25 de Abril, em Lisboa. “Os camiões que transportavam o guarda-roupa ficaram retidos na outra margem, sem qualquer hipótese de tomar outro acesso.”

O cenário parecia complicado. Contudo, e “depois de informamos o cliente de que não conseguiríamos a apresentação do espetáculo como era nossa intenção”, as coisas mudaram. “A meio da tarde, e fazendo uso da nossa carteira de artistas amigos, conseguimos uma solução que, não sendo a acordada, foi de igual agrado do cliente”, relatou.

Com tantos anos de serviço, “há sempre momentos que vão perdurar na nossa memória”. E Nuno Sardinha diz que nunca se vai esquecer de um jantar, onde estiveram presentes cerca de 500 pessoas de nacionalidade japonesa. “Tratava-se de um jantar de incentivo, onde vinham jantar e assistir ao espetáculo então em cena. As coisas começaram a correr mal logo no momento em que os convidados saíram dos autocarros, empunhando as suas sempre inseparáveis máquinas fotográficas. A Lei de Jogo não permite a recolha de imagens em espaços de jogo, pelo que, então, as fotografias não eram autorizadas…”

E depois de improvisada “uma entrada direta para o Salão Preto e Prata”, o jantar teve início. “Só se viam ‘flashes’ por todo o lado!” Mas ninguém estava preparado para o que iria acontecer mais tarde… “Após o serviço de café, e quando nos preparávamos para começar o espetáculo, atestámos que mais de metade dos convidados estava a dormir! Uns com a cabeça sobre a mesa, outros deixavam cair a cabeça para trás e para a frente, como se estivessem a marcar golos de cabeça, enfim, um quadro nunca visto”, conta.

Ainda assim, “os artistas atuaram como se toda a plateia estivesse ao rubro, mas nem consigo imaginar as vistas do palco...Mais tarde, a agência responsável pelo grupo referiu que os clientes estavam sem dormir há quase 24 horas!”, explica Nuno Sardinha.

© Maria João Leite Redação