“Prevemos que este seja um ano bastante positivo para o segmento MICE no Algarve”

Entrevista

04-05-2022

# tags: MICE , Algarve , Eventos , Meetings Industry

Três perguntas a João Fernandes, presidente do Turismo do Algarve, sobre a retoma da atividade na região.

Na edição de outubro do ano passado, a Event Point quis sentir a pulsação da retoma do setor junto dos convention bureaux nacionais. Já nessa altura, as perspetivas de retoma dos eventos presenciais por parte de João Fernandes eram boas e o presidente do Turismo do Algarve mostrou-se globalmente “muito otimista”. E a forma como tem decorrido o calendário de eventos na região tem vindo não só a confirmar as expectativas positivas, como a prolongá-las para o resto do ano.

Como avalia os primeiros quatro meses do ano para o destino em termos de congressos e eventos?

A concretização de vários eventos no Algarve durante os primeiros quatro meses do ano veio confirmar as perspetivas que tínhamos de retoma da procura do destino para eventos presenciais, mais timidamente em janeiro e fevereiro e de forma mais expressiva em março e abril. Alguns exemplos de eventos realizados no Algarve foram os World Trailer Awards, em fevereiro, a ECFS Basic Science Conference, o International Primary Immunodeficiencies Congress (IPIC 5th Edition) ou a 13th European Conference on Industrial Furnaces and Boilers, em abril. No setor corporativo tiveram também lugar muitos outros eventos, mas devido à proteção de dados, infelizmente não é possível a sua comunicação.

Como antevê o resto do ano em termos deste segmento?

Com base no elevado número de pedidos rececionados para este ano e para o 1º semestre de 2023, prevemos que este seja um ano bastante positivo para o segmento MICE no Algarve. A grande diferença que estamos a sentir, comparativamente a 2019 (pré-covid), é um número significativo de pedidos para a realização de eventos entre junho e setembro, o que não era habitual para eventos associativos ou corporativos. Este aumento enfrenta, no entanto, uma limitação que é endógena, mas gerada pela também elevada procura de FIT [viajante independente] e pelo facto da operação turística de lazer limitar a disponibilidade de alojamento para grandes grupos.

Com a retoma, quais são os principais desafios para o destino no que diz respeito ao segmento?

Uma vez que a região apresenta grande capacidade de alojamento e de venues, em quantidade e com a qualidade que os mercados procuram, um dos maiores desafios que enfrentamos é a perceção de que o Algarve só oferece voos regulares durante o verão, o que efetivamente já não se verifica. Não obstante, para além de sermos capazes de ultrapassar este erro de perceção, temos que continuar o esforço que temos vindo a fazer de captar cada vez mais capacidade aérea regular nas épocas média e baixa. A par deste esforço, a promoção de um Algarve para todo o ano e em todo o território tem sido o mote para o desenvolvimento de uma vasta diversidade de produtos turísticos (Natureza, Desporto, Náutica, Gastronomia & Vinhos, …) que promovemos ativamente junto dos diferentes mercados e que nos tem permitido atenuar a sazonalidade e dinamizar o interior. Por fim, um dos desafios mais exigentes que o setor enfrenta, não só na região do Algarve, é a falta de recursos humanos e a qualificação dos mesmos. Neste sentido, temos vindo a trabalhar com várias entidades (Governo, Turismo de Portugal, Associações e Empresários, IEFP, SEF, Organização internacional das Migrações, entre outros) tentando mitigar esta lacuna.


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